quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

AUTORIDADE ESPIRITUAL (Capítulos do 1 ao 5)



CAPÍTULO 1
A importância da autoridade

Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade, resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação. Porque os magistrados não são para temor quando se faz o bem, e, sim, quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem, e terás louvor dela; visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal. Ê necessário que lhe estejais sujeitos, não somente por causa do temor da punição, mas também por dever de consciência. Por esse motivo também pagais tributos: porque são ministros de Deus, atendendo constantemente a este serviço. Pagai a todos o que lhes é devido; a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra (Rm. 13:1-7).

Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as cousas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade nas alturas (Hb. 1:3).

Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações! Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte; subirei acima das mais altas nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo (Is. 14:12-14).
E não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal (Mt. 6:13).

E, levantando-se o sumo sacerdote, perguntou a Jesus: Nada respondes ao que estes depõem contra ti? Jesus, porém, guardou silêncio. E o sumo sacerdote lhe disse: Eu te conjuro pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus. Respondeu-lhe Jesus: Tu o disseste; entretanto, eu vos declaro que desde agora vereis o Filho do homem assentado à direita do Todo-poderoso, e vindo sobre as nuvens do céu (Mt. 26:62-64).

O trono de Deus estabelecido sobre autoridade

Deus age a partir do seu trono, e o seu trono está estabelecido sobre a sua autoridade. Todas as coisas são criadas pela autoridade de Deus e todas as leis físicas do universo são mantidas através de sua autoridade. Por isso a Bíblia diz que Deus está "sustentando todas as cousas pela palavra do seu poder", o que significa que todas as coisas são mantidas pela palavra do poder de sua autoridade. Pois a autoridade divina representa o próprio Deus enquanto o seu poder se expressa apenas pelos seus atos. O pecado contra o poder é mais facilmente perdoado do que o pecado contra a autoridade, porque este é um pecado contra o próprio Deus. Só Deus é autoridade em todas as coisas; toda a autoridade da terra foi instituída por Deus. A autoridade é uma coisa tremenda no universo — nada a sobrepuja. Portanto é imperativo que nós que desejamos servir a Deus conheçamos a autoridade de Deus.

A origem de Satanás
O arcanjo transformou-se em Satanás quando tentou usurpar a autoridade de Deus, competir com Deus, e assim se tornou um adversário de Deus. Foi a rebeldia que provocou a queda de Satanás. Tanto Isaías 14:12-15 como Ezequiel 28:13-17 falam da ascensão e queda de Satanás. A primeira passagem, entretanto, enfatiza como Satanás violou a autoridade divina enquanto a segunda enfatiza sua transgressão contra a santidade de Deus. Ofender a autoridade de Deus é uma rebeldia bem mais séria do que ofender a santidade de Deus. Considerando que é uma questão de conduta, o pecado é mais facilmente perdoado do que a rebeldia, pois esta última é uma questão de princípio. A intenção de Satanás de estabelecer o seu trono acima do trono de Deus foi o que violou a autoridade de Deus; foi o princípio da auto-exaltação. O ato do pecado não foi o que provocou a queda de Satanás; esse ato não passou do produto de sua rebeldia contra a autoridade. Foi a rebeldia que Deus condenou. Quando servimos a Deus não devemos desobedecer às autoridades, porque isso é um princípio satânico. Como podemos pregar a Cristo de acordo com o princípio de Satanás? Pois é possível em nossa obra permanecermos com Cristo em doutrina e, ao mesmo tempo, permanecermos com Satanás em princípio. Que coisa iníqua presumirmos que estamos executando a obra do Senhor. Por favor, observe que Satanás não tem medo quando pregamos a palavra de Cristo, mas como tem medo quando nos submetemos à autoridade de Cristo! Nós que servimos a Deus jamais deveríamos servi-lo de acordo com o princípio de Satanás. Sempre que o princípio de Cristo está operando, o de Satanás se desvanece. Satanás continua sendo um usurpador; ele será derrotado no fim dos tempos segundo o livro do Apocalipse. Se quisermos verdadeiramente servir a Deus temos de nos purificar completamente do princípio de Satanás. Na oração que nosso Senhor ensinou à sua igreja, a expressão "e não nos deixes cair em tentação" destaca a obra de Satanás, enquanto a expressão "mas livra-nos do mal" refere-se diretamente ao próprio Satanás. Imediatamente após estas palavras o Senhor faz uma declaração muitíssimo significante: "pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém" (Mt. 6:13). Todo reino, autoridade e glória pertencem a Deus e somente a ele. O que nos liberta totalmente de Satanás é a percepção desta preciosíssima verdade — que o reino é de Deus. Considerando que todo o universo está sob o domínio de Deus, temos de nos sujeitar à sua autoridade. Que ninguém usurpe a glória de Deus. Satanás mostrou todos os reinos da terra ao Senhor, mas o Senhor respondeu que o reino dos céus é de Deus. Temos de perceber de quem é a autoridade. Pregamos o evangelho a fim de colocarmos os homens sob a autoridade de Deus, mas como podemos estabelecer a autoridade de Deus na terra se nós mesmos ainda não a conhecemos? Como nos seria possível enfrentar Satanás?

Autoridade, a controvérsia do universo
A controvérsia do universo centraliza-se sobre quem deve ter autoridade, e nosso conflito com Satanás é o resultado direto de atribuirmos autoridade a Deus. Para manter a autoridade de Deus temos de nos submeter a ela com todo o nosso coração. É absolutamente necessário que reconheçamos a autoridade de Deus e que possuamos uma noção básica do que ela significa. Antes de reconhecer a autoridade, Paulo tentou acabar com a igreja; depois de se encontrar com o Senhor na estrada de Damasco entendeu que era difícil recalcitrar (o poder humano) contra os aguilhões (autoridade divina). Imediatamente caiu ao chão e reconheceu Jesus como Senhor.

Depois disso, foi capaz de se submeter à orientação que lhe foi dada por Ananias na cidade de Damasco, pois Paulo tomara conhecimento da autoridade de Deus. No momento em que foi salvo, reconheceu a autoridade de Deus além da salvação de Deus. Como podia Paulo, que era inteligente e capacitado, dar ouvido às palavras de Ananias — um humilde e desconhecido irmão que só foi mencionado uma única vez na Bíblia — se não reconhecesse a autoridade de Deus? Se não tivesse tido um encontro com a autoridade na estrada de Damasco jamais se teria sujeitado a esse obscuro e humilde irmão na cidade. Isto nos faz ver que todo aquele que conhece a autoridade lida puramente com a autoridade e não com o homem. Não consideremos o homem mas unicamente a autoridade investida nele. Não obedeçamos ao homem mas à autoridade de Deus que está nesse homem. De outro modo, como poderíamos ficar sabendo o que é autoridade? Estamos trilhando uma estrada errada se vemos o homem primeiro, antes de obedecer à autoridade. O oposto é o certo. Nesse caso não nos fará diferença quem é o homem. Deus tem o propósito de manifestar sua autoridade ao mundo através da igreja. A autoridade de Deus pode ser percebida na coordenação dos diversos membros do corpo de Cristo. Deus usa seu poder máximo para manter sua autoridade; por isso a coisa mais difícil de enfrentar é a sua autoridade. Nós que somos tão cheios de justiça própria e ainda assim tão cegos, precisamos, uma vez em nossa vida, ter um encontro com a autoridade de Deus para sermos quebrantados até à submissão e assim começar a aprender a obedecer a essa autoridade. Antes que um homem se sujeite à autoridade delegada por Deus, é preciso que reconheça a autoridade inerente a Deus.

Obediência à vontade de Deus — a maior das exigências da Bíblia
A maior das exigências que Deus faz ao homem não é a de carregar a cruz, servir, fazer ofertas, ou negar-se a si mesmo. A maior das exigências é que obedeça. Deus ordenou que Saul atacasse os amalequitas e os destruísse totalmente (1 Sm. 15). Mas, após a vitória, Saul poupou Agague, o rei dos amalequitas, junto com o que havia de melhor entre os bois e as ovelhas, os cordeiros e animais mais gordos e todas as coisas valiosas. Saul não quis destruí-los; argumentou que os poupara para sacrificá-los a Deus. Mas Samuel lhe disse: "Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender melhor do que a gordura de carneiros" (versículo 22). Os sacrifícios mencionados aqui eram ofertas de cheiro suave — não tendo nada a ver com o pecado, pois as ofertas pelo pecado jamais foram chamadas de ofertas de cheiro suave. Eram oferecidas para aceitação e satisfação de Deus. Por que Samuel disse que "obedecer é melhor do que sacrificar"? Porque mesmo no sacrifício pode haver o elemento da vontade própria. Só a obediência honra a Deus de maneira absoluta pois só ela coloca a vontade de Deus no centro. Para que a autoridade se expresse é preciso que haja submissão. Se é preciso que haja submissão, o ego precisa ficar excluído; mas de acordo com o ego, a submissão torna-se impossível. Isto só se torna possível quando alguém vive no Espírito. É a mais alta expressão da vontade de Deus.

A oração de nosso Senhor no Getsêmani
Há quem pense que a oração de nosso Senhor no Getsêmani, quando o seu suor se transformou em gotas de sangue, foi devido à fraqueza de sua carne, ao temor que tinha de beber o cálice. De modo nenhum, pois a oração no Getsêmani fundamenta-se no mesmo princípio de 1 Samuel 15:22. É a oração suprema na qual nosso Senhor expressa sua obediência à autoridade de Deus. Nosso Senhor considerava o obedecer à autoridade de Deus mais importante do que o sa-crificarse sobre a cruz. Ele ora sinceramente para conhecer a vontade de Deus. Ele não diz: "Eu quero ser crucificado, eu tenho de beber o cálice." Simplesmente insiste em obedecer. Na realidade, diz: "Se houver possibilidade de não subir à cruz", mas ainda aqui não é a sua vontade que se destaca. Imediatamente ele continua, dizendo: "mas seja feita a tua vontade." A vontade de Deus é absoluta; o cálice (isto é, a crucificação) não é absoluto. Se Deus preferisse que o Senhor não fosse crucificado, então ele não teria de subir à cruz. Antes de conhecer a vontade de Deus, o cálice e a vontade de Deus eram duas coisas separadas; contudo, depois que tomou conhecimento que era de Deus, o cálice e a vontade de Deus se mesclaram numa só coisa. A vontade representa autoridade. Portanto, para conhecer a vontade de Deus e obedecê-la é preciso sujeitar-se à autoridade. Mas como alguém pode sujeitar-se à autoridade se não ora ou não tem desejo de conhecer a vontade de Deus? "Não beberei, porventura, o cálice que o Pai me deu?" disse o Senhor (João 18:11). Aqui ele sustenta a supremacia da autoridade de Deus, não de sua cruz. Mais adiante, tendo compreendido que beber o cálice — isto é, ser crucificado para expiação — é a vontade de Deus, imediatamente diz: "Levantai-vos, vamos!" (Mt. 26:46). Indo à cruz ele realiza a vontade de Deus. Consequentemente a morte do Senhor é a mais alta expressão de obediência à autoridade. Mesmo a cruz, o ponto culminante do universo, não pode ser mais importante do que a vontade de Deus. Jesus considera a autoridade de Deus (a vontade de Deus) mais importante que a sua própria cruz (seu sacrifício). No servir a Deus não somos chamados à abnegação ou ao sacrifício, mas a cumprir o propósito de Deus. O princípio básico não é o de escolher a cruz mas de obedecer à vontade de Deus. Se o princípio sobre o qual trabalhamos e servimos inclui rebeldia, então Satanás receberá e desfrutará a glória mesmo através de nossos sacrifícios. Saul poderia oferecer bois e ovelhas, mas Deus jamais os aceitaria como sacrifícios oferecidos a ele porque havia um princípio satânico envolvido. Eis por que as Escrituras declaram que "a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a obstinação é como a idolatria e culto a ídolos do lar" (1 Sm. 15:23). Na qualidade de servos de Deus, a primeira coisa que temos de fazer é travar relações com a autoridade. Entrar em contato com a autoridade é coisa tão prática como entrar em contato com a salvação, mas é uma lição mais profunda. Antes de podermos trabalhar para Deus temos de ser conquistados por sua autoridade. Todo o nosso relacionamento com Deus é regulado pelo fato de termos ou não travado relações com a autoridade. Em caso afirmativo encontraremos a autoridade em todos os lugares, e sendo assim governados por Deus, podemos começar a ser usados por ele.

Como nosso Senhor e Paulo agiram em juízo
Mateus 26 registra o julgamento duplo que nosso Senhor enfrentou após seu aprisionamento. Diante do sumo sacerdote ele recebeu julgamento religioso e diante de Pilatos, julgamento político. Quando foi julgado por Pilatos, o Senhor não respondeu, pois não se encontrava sob a jurisdição terrena. Mas quando o sumo sacerdote o conjurou pelo Deus vivo, então lhe deu resposta. Isto é obediência à autoridade. Conforme registrado em Atos 23, quando Paulo estava sendo julgado imediatamente se submeteu ao descobrir que Ananias era o sumo sacerdote de Deus. Por isso, nós que trabalhamos, temos de enfrentar face a face a autoridade. Caso contrário, nosso trabalho ficará sob o princípio rebelde de Satanás e trabalharemos sem o conhecimento da vontade de Deus. Não estaremos sob o princípio da obediência à autoridade. Mas é somente trabalhando na obediência à autoridade que podemos trabalhar de acordo com a vontade de Deus. Oh! isto realmente exige uma grande revelação! Em Mateus 7:21-23 encontramos nosso Senhor repreendendo aqueles que profetizam e expulsam demônios e fazem muitas coisas grandiosas em seu nome. Por que foram censurados? Porque o seu ponto de partida foi o ego; eles mesmos faziam coisas em nome do Senhor. Esta é a ati-vidade da carne. Por isso nosso Senhor declarou--os malfeitores e não seus obreiros. Ele enfatiza que só a pessoa que faz a vontade do seu Pai entrará no reino de céus. Só isto constitui obediência à vontade de Deus, isto que se origina com Deus. Não temos de procurar trabalho para fazer, mas temos de ser enviados por Deus para trabalhar. Quando entendermos isto, realmente experimentaremos a realidade da autoridade do reino dos céus.

Para perceber a autoridade é preciso uma grande revelação
Há dois importantes aspectos no universo: confiar na salvação de Deus e obedecer à sua autoridade. Confiar e obedecer. A Bíblia define o pecado como transgressão (1 João 3:4). A palavra em Romanos 2:12 "sem" lei é o mesmo que "contra" a lei. A transgressão é desobediência à autoridade de Deus; e isto é pecado. Pecar é uma questão de conduta, mas transgressão e uma questão de atitude do coração. O presente século caracteriza-se pela transgressão. O mundo está cheio do pecado de transgressão, e logo o fruto desse pecado aparecerá. A autoridade no mundo está sendo cada vez mais solapada até que, finalmente, todas as autoridades serão destituídas e a transgressão governará. Saibamos que no universo existem dois princípios: o da autoridade de Deus e o da rebeldia satânica. Não podemos servir a Deus e simultaneamente andar pelo caminho da rebeldia revelando um espírito rebelde. Satanás ri quando uma pessoa rebelde prega a palavra, pois nessa pessoa habita o princípio satânico. O princípio do serviço tem de ser a autoridade. Vamos ou não vamos obedecer à autoridade de Deus? Nós que servimos a Deus temos de perceber este critério básico da autoridade. Alguém que já tenha experimentado um choque elétrico sabe que não pode ser descuidado com eletricidade. Do mesmo modo, uma pessoa que já foi ferida pela autoridade de Deus, a partir daí mantém os olhos abertos para julgar o que é transgressão nela mesma e nos outros. Que Deus nos conceda a graça de nos livrar da rebeldia. Só depois que reconhecemos a autoridade de Deus e aprendemos a obedecer podemos orientar os seus filhos pelo caminho da retidão.

CAPITULO 2
Exemplos de rebeldia no Antigo Testamento 1.
A QUEDA DE ADÃO E EVA
E lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás (Gn. 2:16- 17). Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o Senhor Deus tinha feito, disse à mulher: Ê assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais. Então a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis, conhecedores do bem e do mal. Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu, e deu também ao marido, e ele comeu (Gn. 3:1-6).
Porque, como pela desobediência de um só homem muitos se tornaram pecadores (Rm. 5:19).



A queda do homem devido à desobediência
Vamos recapitular a história de Adão e Eva conforme registrada em Génesis, capítulos 2 e 3. Depois que Deus criou Adão, encarregou-o de algumas coisas; entre estas estava a ordem de não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. O ponto crucial dessa recomendação foi mais do que a proibição de comer certo fruto; antes, significava que Deus estava colocando Adão sob autoridade para que aprendesse a obedecer. De um lado, Deus colocou todas as coisas criadas na terra sob a autoridade de Adão para que ele as dominasse; mas, por outro lado, Deus colocou o próprio Adão debaixo de sua autoridade para que ele pudesse obedecer à autoridade. Só aquele que está debaixo de autoridade pode constituir uma autoridade. De acordo com a ordem da criação divina, Deus criou Adão antes de criar Eva. Colocou Adão em posição de autoridade e Eva sob a autoridade de Adão. Estabeleceu os dois: um como autoridade e o outro em submissão. Tanto na velha como na nova criação, esta ordem de prioridades constitui a base da autoridade. Todo aquele que for criado primeiro é a autoridade; todo aquele que for salvo primeiro será a autoridade. Portanto, onde quer que vamos, nosso primeiro pensamento deve ser o de descobrir quem são aqueles aos quais Deus quer que nos sujeitemos. Podemos encontrar a autoridade em qualquer lugar e aprender a obedecer à autoridade a qualquer hora. A queda do homem deve-se à desobediência à autoridade de Deus. Em lugar de obedecer a Adão, Eva tomou sua própria decisão ao verificar se o fruto era bom e agradável à vista. Ela descobriu a cabeça. Ao comer o fruto não o fez em sujeição, mas de sua própria vontade. Além de transgredir a ordem de Deus também desobedeceu a Adão. Rebelar-se contra a autoridade representativa de Deus é o mesmo que rebelar-se contra Deus. Ao dar ouvidos à Eva e comer do fruto proibido, Adão pecou contra a vontade direta de Deus; portanto ele também desobedeceu à autoridade de Deus. Isto também foi rebeldia.

Todo trabalho deve ser prestado em obediência
Eva não foi colocada só sob a autoridade de Deus, mas também, na ordem divina, sob a autoridade de Adão. Ela tinha de obedecer a uma autoridade dupla. E a nossa posição hoje em dia não difere disso. Eva, vendo que o fruto era bom para se comer, comeu-o sem perguntar a quem estava obedecendo. Mas, desde o princípio Deus ordenara ao homem que obedecesse e que não fizesse a sua própria vontade. A atitude de Eva, entretanto, não foi governada pela obediência; foi iniciativa de sua própria vontade. Ela não se sujeitou à ordem divina, nem obedeceu à autoridade de Deus. Pelo contrário, tomou sua própria decisão. Rebelou-se contra Deus e caiu. Toda atitude que implica desobediência constitui uma queda, e qualquer atitude de desobediência é rebeldia. Conforme a obediência de um homem vai crescendo, suas ações decrescem. Quando começamos a seguir o Senhor ficamos cheios de atividade, mas bastante falhos na obediência. Mas, conforme avançamos em espiritualidade, nossas ações gradualmente diminuem até que ficamos cheios de obediência. Muitos, entretanto, fazem o que gostam e recusam-se a fazer o que não gostam. Jamais meditam sobre se estão agindo em obediência. Por isso muito trabalho passa a ser executado pelo ego e não em obediência a Deus.
Certo ou errado, está na mão de Deus
A ação do homem não deve ser governada pelo conhecimento do bem ou do mal; deve ser motivada pelo senso de obediência. O princípio do bem e do mal é viver de acordo com o que é certo ou errado. Antes de Adão e Eva comerem do fruto proibido, o que era certo e errado para eles estava na mão de Deus. Se não vivessem diante de Deus, não saberiam nada, pois o que era certo e errado para eles se encontrava realmente no próprio Deus.
Consequentemente, depois da queda os homens não precisaram mais descobrir em Deus o senso do certo e do errado, Já o tinham neles mesmos. Este foi o resultado da queda. A obra da redenção é levar-nos de volta ao lugar onde encontramos o que é certo ou errado para nós em Deus.
Os cristãos devem obedecer à autoridade
Não existe nenhuma autoridade que não proceda de Deus; todas as autoridades foram instituídas por ele. Quando procuramos encontrar a fonte de toda autoridade, encontramo-la invariavelmente em Deus. Deus está acima de toda autoridade, e todas as autoridades estão debaixo dele. Quando entramos em contato com a autoridade de Deus, entramos em contato com o próprio Deus. A obra de Deus se efetua basicamente não pelo poder mas pela autoridade. Ele mantém todas as coisas pela poderosa palavra de sua autoridade, exatamente como as criou pela mesma palavra. Sua palavra de ordem é autoridade. Nós não sabemos como a autoridade de Deus opera; não obstante, sabemos que ele realiza tudo através dela. O amado servo de um centurião estava doente. O centurião sabia que se encontrava sob autoridade e em autoridade sobre outros. Por isso pediu ao Senhor que apenas dissesse uma palavra, crendo que a cura se efetuaria — pois toda a autoridade não se encontra na mão do Senhor? Ele creu na autoridade do Senhor. Não nos causa admiração que o Senhor elogiasse a sua grande fé: "Em verdade vos afirmo que nem mesmo em Israel achei fé como esta" (Mt. 8:10). Entrar em contato com a autoridade de Deus é o mesmo que entrar em contato com Deus. Hoje em dia o universo está cheio de autoridades estabelecidas por Deus. Tudo se encontra sob sua autoridade. Sempre que uma pessoa peca contra a autoridade de Deus peca contra Deus. Todos os cristãos devem, portanto, aprender a obedecer à autoridade.

A primeira lição que um obreiro tem de aprender é obediência à autoridade
Estamos sob a autoridade dos homens como também temos homens sob nossa autoridade. Esta é a nossa posição. Até mesmo o Senhor Jesus na terra não só se encontrava sob a autoridade de Deus mas também sob a autoridade de outros. A autoridade se encontra em toda parte. Há autoridade na escola, há autoridade no lar. O guarda na rua, embora talvez tenha menos instrução que você, foi estabelecido por Deus como autoridade sobre você. Sempre que alguns irmãos em Cristo se reúnem, imediatamente estabelece-se uma ordem espiritual. Um obreiro cristão deveria saber quem está acima dele. Alguns não sabem quais são as autoridades que estão acima deles, por isso não obedecem. Não deveríamos nos preocupar com o certo e o errado, com o bem ou o mal; antes, deveríamos saber quem é a autoridade sobre nós. Quando ficamos sabendo a quem devemos estar sujeitos, naturalmente encontramos nosso lugar no corpo. Quantos cristãos hoje em dia não têm a menor ideia do que seja submissão. É por isso que existe tanta confusão e desordem. Por causa disto, a obediência à autoridade é a primeira lição que um obreiro deveria aprender; e também ocupa um grande lugar no trabalho propriamente dito.






A obediência deve ser recuperada
Desde a queda de Adão prevalece a desordem no universo. Cada um pensa que é capaz de distinguir o bem do mal e julgar o que é certo e o que é errado. Pensam saber melhor do que Deus. Isto é a loucura da queda. Temos de ser libertos de tal engano, porque nada mais é que rebeldia. Nosso conceito de obediência é tristemente ina- dequado. Alguns parecem pensar que sua obediência é perfeita e total quando obedecem ao Senhor no batismo. Muitos jovens estudantes consideram injustiça a ordem divina de obedecer aos professores. Muitas esposas consideram uma crueldade total a ordem divina de ficarem sujeitas a maridos difíceis. Inúmeros cristãos estão vivendo hoje em dia em um estado de rebeldia; não aprenderam nem a primeira lição de obediência.
A sujeição que a Bíblia ensina relaciona-se com a sujeição às autoridades estabelecidas por Deus. Como era superficial a antiga apresentação da obediência! A obediência é um princípio fundamental. Se esta questão da autoridade permanecer sem solução, nada pode ser resolvido. Assim como a fé é o princípio pelo qual obtemos vida, a obediência é o princípio pelo qual a vida é vivida. As divisões e desentendimentos frequentes dentro da igreja brotam da rebeldia. A fim de recuperar a autoridade, a obediência tem de ser primeiramente restaurada. Muitos têm cultivado o hábito de assumir o papel de cabeça, mas nem sequer aprenderam a obedecer. Por isso temos de aprender uma lição. Que a obediência seja a nossa primeira reação. Deus não nos tem privado de nada no que se refere à autoridade. Ele já nos demonstrou como ficar sujeitos a ambas, a autoridade direta e indireta. Muitos declaram que sabem como obedecer a Deus, mas na realidade nada sabem sobre a obediência à autoridade delegada. Considerando que todas as autoridades vêm de Deus, temos de aprender a obedecer a todas elas. Os problemas que enfrentamos nos dias de hoje devem-se ao fato de viverem os homens fora da autoridade de Deus.

Nenhuma unidade no corpo sem a autoridade da cabeça
Deus está operando na recuperação da unidade do corpo. Mas para que isto se realize é preciso que primeiro receba a vida da Cabeça, seguida da autoridade da mesma. Sem a vida da Cabeça não pode haver corpo. Sem a autoridade da Cabeça não pode haver unidade do corpo. Para manter a unidade do corpo temos de permitir que a vida da Cabeça governe. Deus quer que obedeçamos às autoridades delegadas por ele assim como a ele. Todos os membros do corpo deveriam se sujeitar uns aos outros. Quando isto acontece, o corpo é unido em si mesmo e com a Cabeça. Quando a autoridade da Cabeça prevalece, a vontade de Deus se realiza. Assim a igreja se torna o reino de Deus.

Algumas lições sobre obediência
Mais cedo ou mais tarde, aqueles que servem a Deus tomam consciência da autoridade no universo, na sociedade, no lar, na igreja. Como alguém pode servir e obedecer a Deus, se jamais entrou em contato com a autoridade de Deus? Isto é mais do que uma q doutrina, pois o ensino pode ser abstraio. Alguns acham que é muito difícil saber como obedecer à autoridade, mas se conhecemos a Deus a dificuldade se evapora. Não existe ninguém que possa obedecer à autoridade divina sem que a misericórdia de Deus esteja sobre ele. Vamos, portanto, aprender algumas lições:
1. Tenha um espírito de obediência.
2. Pratique a obediência. Alguns indivíduos são como os selvagens que simplesmente não conseguem obedecer. Mas aqueles que são educados não se sentem embaraçados onde quer que sejam colocados. Naturalmente vivem a obediência.
3. Aprenda a exercer a autoridade concedida. Aquele que trabalha para Deus não só precisa aprender a obedecer à autoridade mas também deve aprender a exercer a autoridade que lhe foi concedida por Deus na igreja e no lar. Quando você aprende a ficar sob a autoridade de Deus, você não se considera mais nada, mesmo que Deus lhe confie muito. Alguns só aprendem a obedecer e fracassam no que se refere ao exercício da autoridade quando são enviados a algum lugar a fim de trabalhar. É preciso aprender a ficar sob a autoridade e também em posição de autoridade. A igreja sofre porque muitos não sabem obedecer, mas também é igualmente prejudicada através de alguns que não aprenderam a ficar em posição de autoridade.

CAPÍTULO 3
Exemplos de rebeldia no Antigo Testamento (continuação)
2. A REBELDIA DE CÃO
Sendo Noé lavrador, passou a plantar uma vinha. Bebendo do vinho, embriagou-se, e se pôs nu dentro de sua tenda. Cão, pai de Canaã, vendo a nudez do pai, fê-lo saber, fora, a seus dois irmãos. Então Sem e Jafé tomaram uma capa, puseram-na sobre os próprios ombros de ambos e, andando de costas, rostos desviados, cobriram a nudez do pai, sem que a vissem. Despertando Noé do seu vinho, soube o que lho fizera o filho mais moço, e disse: Maldito seja Canaã; seja servo dos servos a seus irmãos. E ajuntou: Bendito seja o Senhor, Deus de Sem; e Canaã lhe seja servo. Engrandeça Deus a Jafé, e habite ele nas tendas de Sem; e Canaã lhe seja servo (9:20-27).

Fracasso na autoridade concedida é um teste para a obediência
No Jardim do Éden, Adão fracassou. Na vinha, Noé também foi derrotado, mas por causa de sua justiça Deus salvou a família de Noé. No plano de Deus, Noé era o cabeça da família. Deus colocou toda a família sob a autoridade de Noé; ele também colocou Noé como cabeça do mundo daquele tempo. Mas um dia Noé se embebedou em sua vinha e descobriu-se em sua tenda. Cão, seu filho mais jovem, viu a nudez de seu pai e comentou o incidente com seus dois irmãos lá fora. No que se refere à conduta de Noé, é claro que estava errado; ele não deveria ter-se embriagado. Mas Cão fracassou não reconhecendo a dignidade da autoridade. O pai é autoridade constituída por Deus no lar, mas a carne se deleita em ver defeitos na autoridade para poder se desembaraçar de todas as restrições. Quando Cão viu a conduta imprópria de seu pai não teve o menor sentimento de vergonha ou tristeza, nem tentou encobrir a falta de seu pai. Isto revela que tinha um espírito rebelde. Pelo contrário, saiu e contou a seus irmãos, destacando a fealdade de seu pai, acrescentando aos seus erros o pecado da injúria. Observe, entretanto, como Sem e Jafé resolveram a situação. Entraram na tenda, de costas — evitando, assim, ver a nudez de seu pai — e cobriram seu pai com a capa que tinham colocado sobre os ombros. Vê-se então que o fracasso de Noé tornou-se uma prova para Sem, Cão, Jafé e Canaã, o filho de Cão. Revelou quem era obediente e quem era rebelde. A queda de Noé descobriu a rebeldia de Cão. Depois que Noé despertou do vinho profetizou que os descendentes de Cão seriam amaldiçoados e se tornariam escravos dos escravos de seus irmãos. O primeiro escravo na Bíblia foi Cão. Três vezes pronunciou-se a sentença de que Ca-naã seria escravo. Isto é o mesmo que dizer que aquele que não se sujeita à autoridade vem a ser escravo daquele que obedece à autoridade. Sem seria abençoado. O Senhor Jesus veio através de Sem. Jafé foi destinado a pregar Cristo, e assim as nações que propagam o evangelho hoje em dia pertencem aos descendentes de Jafé. O primeiro a ser amaldiçoado depois do dilúvio foi Cão. Não reconhecendo a autoridade, foi colocado sob a autoridade nas gerações futuras. Todo aquele que deseja servir ao Senhor precisa reconhecer a autoridade} Ninguém pode servir em espírito de transgressão.

3. FOGO ESTRANHO OFERECIDO POR NADABE E ABIÚ
Nadabe e Abiú, filhos de Arão, tomaram cada um o seu incensário, e puseram neles fogo, e sobre este, incenso, o trouxeram fogo estranho perante a face do Senhor, o que lhes não ordenara. Estão saiu fogo de diante do Senhor, e os consumiu; e morreram perante o Senhor (Lv. 10:1, 2).

Por que Nadabe e Abiú foram consumidos
Como a história de Nadabe e Abiú é solene! Serviram como sacerdotes, não porque fossem pessoalmente justos mas porque pertenciam à família que Deus tinha escolhido. Deus estabeleceu Arão como sacerdote e ele foi ungido. Em todas as questões relacionadas com o culto Arão era o chefe; seus filhos eram simples ajudantes, servindo no altar em obediência a Arão. Deus jamais teve a intenção de permitir que os filhos de Arão servissem independentemente; ele os colocou sob a autoridade de Arão. Doze vezes Arão e seus filhos foram mencionados em Le-vítico 8. No capítulo seguinte encontramos Arão oferecendo sacrifícios, com seus filhos ao lado. Se Arão nada fizesse, seus filhos também nada deveriam fazer. Tudo começou com Arão, não com seus filhos. Se os filhos se aventurassem a oferecer sacrifícios, estariam oferecendo fogo estranho. Isto, entretanto, foi exatamente o que Na-dabe e Abiú, os filhos de Arão, fizeram. Acharam que podiam oferecer sacrifícios por si mesmos e os ofereceram sem a ordem de Arão.

O significado do fogo estranho é servir sem uma ordem, é servir sem obedecer à autoridade. Tinham visto seu pai oferecendo; era mais do que simples para eles. E assim presumiram que podiam fazer a mesma coisa. Nadabe e Abiú só pensaram em se eram ou não capazes de fazer o mesmo. Fracassaram em perceber quem representava a autoridade de Deus.

O culto é iniciado por Deus
Enfrentamos aqui um problema seríssimo: servir a Deus e oferecer fogo estranho parecem-se muito, mas estão separados por um mundo de coisas. O verdadeiro culto é iniciado por Deus. Quando o homem serve sob a autoridade de Deus, é aceito por causa disso. O fogo estranho origina-se no homem. Não exige conhecimento da vontade de Deus ou obediência à sua autoridade. É totalmente feito através do próprio zelo humano, e termina com a morte. Se acontece que nosso culto ou serviço se torna cada vez mais sem vida, é tempo de pedirmos a Deus que nos ilumine para vermos se estamos servindo no verdadeiro princípio do serviço ou de acordo com o princípio do fogo estranho.

A obra de Deus é a coordenação da autoridade
Nadabe e Abiú trabalharam separados de Arão; por isso trabalharam independentemente de Deus. O trabalho de Deus tem de ser coordenado sob autoridade: Deus queria que Nadabe e Abiú servissem sob a autoridade de Arão. Observe no Novo Testamento como Barnabé e Paulo, Paulo e Timóteo, Pedro e Marcos trabalharam juntos. Alguns eram os responsáveis, enquanto os outros ajudaram. No trabalho de Deus ele coloca alguns em autoridade e outros sob autoridade. Deus nos chamou para sermos sacerdotes segundo a ordem de Melquizedeque; portanto, temos de servir a Deus de acordo com a ordem da autoridade coordenada. Aquele que desordenadamente levanta a sua cabeça e age independentemente está sendo rebelde, o que resulta em morte. Todo aquele que tenta servir sem primeiro entrar em contato com a autoridade está oferecendo fogo estranho. Qualquer um que diz "Se ele pode, eu também posso" está em estado de rebeldia. Além de Deus ter o cuidado de fornecer o fogo, ele também tem o cuidado de observar a natureza do fogo. A rebeldia muda a natureza do fogo. Aquilo que não era ordenado por Jeová nem por Arão era fogo estranho Deus não se preocupa com a questão do sacrifício mas com a manutenção da autoridade. Consequentemente os homens deveriam aprender a seguir, a sempre desempenhar um papel de menor importância. Exatamente como a autoridade delegada segue a Deus, assim aqueles que estão sujeitos à autoridade deveriam seguir a autoridade delegada por Deus. Não há lugar para serviço individual isola-do. No trabalho espiritual todos devem servir em coordenação A coordenação é a regra; o indivíduo não é a unidade. Nadabe e Abiú estavam fora da coordenação com Arão, portanto estavam fora da coordenação com Deus. Não deveriam ter deixado Arão, servindo independentemente. Aqueles que desobedecessem à autoridade deveriam ser consumidos pelo fogo diante de Deus. E embora Arão não tivesse consciência da seriedade deste assunto, Moisés percebeu a seriedade da rebeldia contra a autoridade de Deus. Hoje em dia muitos estão tentando servir a Deus independentemente. Jamais se colocaram sob autoridade; inconscientemente pecam contra a autoridade de Deus.

4. O ULTRAJE DE ARÃO E MIRIÃ
Falaram Miriã e Arão contra Moisés, por causa da mulher etíope, que tomara; pois tinha tomado a mulher cusita. E disseram: Porventura tem falado o Senhor somente por Moisés? não tem falado também por nós? O Senhor o ouviu. Era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra. Logo o Senhor disse a Moisés, e a Arão, e a Miriã: Vós três saí à tenda da congregação. E saíram eles três. Então o Senhor desceu na coluna da nuvem, e se pôs à porta da tenda; depois chamou a Arão e a Miriã, e eles se apresentaram. Então disse: Ouvi agora as minhas palavras; se entre vós há profeta, eu, o Senhor, em visão a ele me faço conhecer, ou falo com ele em sonhos. Não é assim com o meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo com ele, claramente, e não por enigmas; pois ele vê a forma do Senhor: como, pois, não temestes falar contra o meu servo, contra Moisés? E a ira do Senhor contra eles se acendeu; e retirou-se. A nuvem afastou-se de sobre a tenda; e eis que Miriã achou-se leprosa, branca como a neve; e olhou Arão para Miriã; e eis que estava leprosa. Então disse Arão a Moisés: Ai! senhor meu, não ponhas, te rogo, sobre nós este pecado, pois loucamente procedemos, e pecamos. Ora não seja ela como um aborto, que saindo do ventre de sua mãe, tenha metade de sua carne já consumida. Moisés clamou ao Senhor, dizendo: Ô Deus, rogo-te que a cures. Respondeu o Senhor a Moisés: Se seu pai lhe cuspira no rosto, não seria envergonhada por sete dias? Seja detida sete dias fora do arraial, e depois recolhida. Assim Miriã foi detida fora do arraial por sete dias; e o povo não partiu, enquanto Miriã não foi recolhida (Nm. 12).

Falar contra a autoridade representativa provoca a ira divina
Arão e Miriã eram os irmãos mais velhos de Moisés. Portanto, em casa, Moisés deveria se sujeitar à autoridade deles. Mas na vocação e no trabalho de Deus eles deveriam se sujeitar à autoridade de Moisés. Eles não gostaram da mulher etíope com quem Moisés se casou, por isso murmuraram contra Moisés dizendo: "Porventura tem falado o Senhor somente por Moisés? não tem falado também por nós?" Os etíopes são africanos, descendentes de Cão. Moisés não deveria ter-se casado com esta mulher etíope. Na posição de irmã mais velha, Miriã poderia ter repreendido seu irmão com base em seu relacionamento familiar. Mas quando ela abriu a boca para difamar, tocou na obra de Deus, pondo em dúvida a posição de Moisés. Deus tinha concedido a Moisés sua autoridade delegada para o trabalho. Como erraram Arão e Miriã em atacar a posição de Moisés, com base numa questão familiar! Fora Deus quem escolhera Moisés para dirigir o povo de Israel tirando-o do Egito, mas apesar disso Miriã desprezou Moisés. Por causa disto Deus se aborreceu grandemente com ela. Ela podia avir-se com o irmão mas não injuriar a autoridade de Deus. O problema foi que nem Arão nem Miriã reconheceram a autoridade de Deus. Permanecendo no terreno natural exibiram um coração rebelde. Mas Moisés não revidou. Ele sabia que, tendo sido estabelecido por Deus como autoridade, não precisava defender-se. Todo aquele que o injuriasse encontraria a morte. Enquanto Deus lhe desse autoridade podia permanecer em silêncio, Um leão não precisa de proteção, uma vez que tem em si autoridade total. Moisés podia representar  Deus com autoridade porque antes ele mesmo se sujeitou à autoridade divina, pois ele era muito manso, mais do que todos os homens que habitavam a face da terra. A autoridade que Moisés representava era a própria autoridade de Deus.
E ninguém pode tirar a autoridade concedida por Deus. Palavras rebeldes sobem ao céu e são ouvidas por Deus. Quando Arão e Miriã pecaram contra Moisés, pecaram contra Deus que se encontrava em Moisés. A ira do Senhor foi acesa contra eles, Sempre que o homem entra em contato com autoridade delegada por Deus, entra em contato com o próprio Deus que se encontra nessa pessoa; pecar contra autoridade delegada é pecai contra Deus.

A autoridade é opção divina, não mérito humano
Deus convocou os três na tenda da congregação Arão e Miriã foram sem nenhuma hesitação, porque pensaram que Deus estaria do lado deles e também porque tinham muito a dizer a Deus, uma vez que Moisés causara todos aqueles problemas na família casando-se com uma mulher etíope. Mas Deus proclamou que Moisés era seu servo fiel em toda sua casa. Como se atreviam a falar contra o seu servo? Autoridade espiritual não é algo que se obtém através de esforços. concedida por Deus a quem quer que ele escolha Como o espiritual difere do natural!
O próprio Deus é autoridade. É preciso tomar cuidado para que não se cometa ofensa. Qualquer um que falasse contra Moisés falava contra o escolhido de Deus. Não desprezemos jamais os vasos escolhidos por Deus.

A rebeldia se manifestou na lepra
A ira do Senhor se acendeu contra eles e a nuvem se afastou da tenda. A presença de Deus desapareceu e imediatamente Miriã ficou branca de lepra. Sua lepra não surgiu devido à contaminação; foi claramente um castigo de Deus. Ser leprosa não era de maneira nenhuma coisa melhor do que ser uma mulher etíope. E ela que assim ficou leprosa teve de ficar isolada, perdendo todo privilégio de se comunicar com os outros. Quando Arão viu que Miriã estava leprosa, rogou que Moisés agisse como mediador e orasse pedindo cura. Deus disse: "Se seu pai lhe cuspira no rosto, não seria envergonhada por sete dias? Seja detida sete dias fora do arraial, e depois recolhida." E, em resultado disto, a viagem da tenda ficou atrasada por sete dias. Sempre que há rebeldia e ofensa entre nós, perdemos o con-tato com Deus, e a tenda terrena permanece irremovível. A coluna da nuvem divina não descerá até que aquelas palavras ofensivas tenham sido esclarecidas. Se esta questão da autoridade não for resolvida, tudo mais se torna vazio e inútil.

Além da autoridade direta, seja submisso à autoridade representativa
Muitos se consideram obedientes a Deus quando na realidade nada sabem sobre a sujeição à autoridade delegada por Deus. Aquele que é verdadeiramente obediente descobrirá que a autoridade de Deus se encontra em todas as circunstâncias, no lar, e em outras instituições. Deus perguntou: "Como, pois, não temeste falar contra o meu servo?" É preciso prestar atenção especial sempre que palavras injuriosas forem enunciadas. Palavras tais não devem ser pronunciadas levianamente. A injúria é prova de que há um espírito rebelde dentro da pessoa; é o germe da rebeldia. Temos de temer a Deus e não devemos falar levianamente. Mas existem hoje em dia aqueles que falam dos anciãos da igreja e daqueles que estão acima deles; não percebem a gravidade de tais palavras. Quando a igreja for reavivada na graça de Deus, aqueles que ofenderam serão tratados como leprosos. Que Deus nos conceda a graça de compreender que isto não se refere aos nossos irmãos, mas à autoridade instituída por Deus. Depois de reconhecermos a autoridade, perceberemos como pecamos contra Deus. Nosso conceito de pecado passará por uma transformação drástica. Olharemos para o pecado como Deus olha. Veremos que o pecado que Deus condena é o da rebeldia do homem.

5. A REBELIÃO DE CORE, DATA E ABIRÃO
Rebelião Coletiva Um exemplo de rebelião coletiva encontra-se no capítulo 16 de Números. Coré e seus companheiros pertenciam aos levitas; portanto, representavam os espirituais. Por outro lado, Data e Abirão eram filhos de Ruben, e portanto representavam os líderes. Todos estes, junto com duzentos e cinquenta líderes da congregação, resolveram rebelar-se contra Moisés e Arão. Arbitrariamente atacaram os dois, dizendo: "Basta! pois que toda a congregação é santa, cada um deles é santo, e o Senhor está no meio deles; por que, pois, vos exaltais sobre a congregação do Senhor?" Foram desrespeitosos para com Moisés e Arão. Talvez fossem bastante honestos no que disseram, mas falharam em ver a autoridade do Senhor. Consideraram o assunto como problema pessoal, como se não houvesse autoridade entre o povo de Deus. No seu ataque não mencionaram o relacionamento de Moisés com Deus nem o mandamento de Deus. Não obstante, mesmo debaixo dessas sérias acusações, Moisés não se zangou nem perdeu o controle de si mesmo. Simplesmente caiu sobre o seu rosto diante do Senhor. Considerando que a autoridade pertence ao Senhor, ele não usou de nenhuma autoridade nem fez nada ele mesmo. Disse a Core e ao seu grupo que esperassem até a manhã seguinte quando o Senhor mostraria quem era dele e quem era santo. Assim ele enfrentou o espírito do erro com o espírito de justiça. O que Core e seu partido disseram baseava-se na razão e em conjecturas; Moisés, entretanto, respondeu: "Amanhã pela manhã o Senhor fará saber quem é dele, e quem o santo que ele fará chegar a si: aquele a quem escolher fará chegar a si" (versículo 5). O problema não era de Moisés, mas do Senhor. O povo pensava que estava simplesmente se opondo a Moisés e Arão; não tinha a menor intenção de se rebelar contra Deus, pois ainda desejava servi-lo. Apenas desprezou Moisés e Arão. Mas Deus e sua autoridade delegada são inseparáveis. Não é possível manter uma atitude para com Deus e outra atitude para com Moisés e Arão. Ninguém pode rejeitar a autoridade delegada por Deus com uma mão e receber Deus com a outra. Se eles se submetessem à autoridade de Moisés e Arão estariam sujeitos a Deus.
Moisés, portanto, não se elevou por causa da autoridade que lhe foi concedida por Deus. Pelo contrário, ele se humilhou sob a autoridade de Deus e respondeu ao seu acusador com mansidão, dizendo: "Fazei isto: tomai vós incensários, Core e todo o seu grupo; e, pondo fogo neles amanhã, sobre eles deitai incenso perante o Senhor; e será que o homem a quem o Senhor escolher, este será o santo" (versículos 6-7). Sendo mais amadurecido, previa as consequências; por isso suspirou: "Ouvi agora, filhos de levi... Acaso é para vós outros cousa de somenos que o Deus de Israel vos separou da congregação de Israel, para vos fazer chegar a si, a fim de cumprirdes o serviço do tabernáculo do Senhor e estar perante a congregação para ministrar-lhe ...? Pelo que tu e todo o teu grupo juntos estais contra o Senhor" (versículos 8-11). Datã e Abirão não estavam presentes no momento. Pois quando Moisés mandou chamá-los, recusaram-se a vir e resmungaram: "Porventura é cousa de somenos que nos fizeste subir de uma terra que mana leite e mel (Egito), para fazer-nos morrer neste deserto, senão que também queres fazer-te príncipe sobre nós?" (versículos 13-14.) Sua atitude foi de muita rebeldia. Não criam na promessa de Deus; o que esperavam eram bênçãos terrenas. Esqueceram-se que foi devido às suas próprias faltas que não entraram em Canaã; pelo contrário, falaram asperamente contra Moisés.

Deus eliminou a rebeldia do seu povo
A esta altura a ira de Moisés despertou. Em lugar de falar com eles, orou a Deus. Quantas vezes a rebeldia do homem força a mão do juízo de Deus. Dez vezes os israelitas tentaram a Deus e cinco vezes deixaram de crer nele, e Deus se controlou e lhes perdoou; mas por causa desta rebeldia Deus resolveu julgar. Deus disse: "E os consumirei num momento" (veja versículo 21); ele extirparia a rebeldia do meio do seu povo. Mas Moisés e Arão caíram com o rosto em terra e oraram: "Acaso por pecar um só homem, in-dignar-te-ás contra toda esta congregação?" (versículo 22). Deus atendeu às orações deles mas julgou Core e o seu grupo. A autoridade estabelecida por Deus era a pessoa a quem Israel tinha de ouvir. Até o próprio Deus testificou diante dos israelitas que ele também aceitaria as palavras de Moisés. A rebeldia é um princípio infernal. Aquela gente se rebelou e as portas do inferno se abriram. A terra abriu a sua boca e engoliu todos os homens que pertenciam a Core, Data e Abirão e todos os seus bens. Portanto eles e tudo quanto lhes pertencia desceram vivos ao abismo (versículos 32- 33). As portas do inferno não prevalecerão contra a igreja, mas um espírito rebelde abre suas portas. Um dos motivos por que a igreja às vezes não prevalece é a presença da rebeldia. A terra não abrirá sua boca se não houver um espírito rebelde. Todos os pecados libertam o poder da morte, mas o pecado da rebeldia é o principal. Só os obedientes podem fechar as portas do inferno e produzir vida. Os obedientes seguem a fé, não a razão Para os israelitas a queixa de que Moisés não os tinha levado para uma terra que mana leite e mel, nem lhes tinha dado uma herança de campos e vinhas, não era sem motivos. Continuavam no deserto e ainda não tinham entrado na terra do leite e mel. Mas, por favor, observe; aquele que anda segundo a razão e a vista segue o caminho da razão; só aquele que obedece à autoridade entra em Canaã pela fé. Ninguém que segue a razão pode andar pelo caminho es- piritual, porque está além e acima do raciocínio humano. Só o fiel pode desfrutar de abundância espiritual, aquele que pela fé aceita a coluna de nuvem e de fogo e a liderança de autoridade delegada por Deus como a representada por Moisés, A terra abre sua boca para apressar a queda dos desobedientes no Sheol, pois estão viajando pelo caminho da morte. Os olhos dos desobedientes são bastante vivos, mas, que pena! tudo o que vêem é a esterilidade do deserto. Embora os que prosseguem pela fé possam parecer cegos, pois não percebem a esterilidade diante deles, os olhos de sua fé vêem a promessa melhor que jaz adiante. E assim entram em Canaã. Portanto, os homens deveriam ficar sob a restrição da autoridade de Deus a aprender a seguir a autoridade delegada por Deus. Aqueles que só se relacionam com os pais, irmãos e irmãs não sabem o que é autoridade e, portanto, não se encontraram ainda com Deus. Resumindo, então, a autoridade não é um assunto de instrução externa mas uma revelação interna. A rebeldia é contagiosa Há dois exemplos de rebeldia em Números 16. Do versículo 1 ao versículo 40 os líderes se rebelaram; do versículo 41 ao versículo 50 toda a congregação se rebelou. O espírito de rebeldia é muito contagioso. O julgamento dos duzentos e cinquenta líderes que ofereceram incenso não deteve toda a congregação. Continuou rebelde, declarando que Moisés matara seus líderes. Mas Moisés e Arão não podiam ordenar à terra que abrisse a sua boca! Fora ordem de Deus. Moisés não podia invocar fogo para consumir o povo! O fogo veio do Senhor Deus. Os olhos humanos só vêem os homens; não sabem que a autoridade vem de Deus. Tais pessoas são tão atrevidas que não temem mesmo quando presenciam o juízo. Como é perigoso ignorar a autoridade. Quando toda a congregação se reuniu contra Moisés e Arão, a glória do Senhor apareceu. Isto foi prova de que a autoridade pertencia a Deus. Deus se apresentou para executar o juízo. Começou uma praga e quatorze mil e setecentas pessoas morreram por causa da praga. No meio disso, a percepção espiritual de Moisés tornou-se mais aguda; imediatamente pediu a Arão que tomasse o seu incensário e o acendesse no altar e que colocasse incenso nele, levando-o rapidamente à congregação para fazer expiação pelo povo. E enquanto Arão se colocou entre os mortos e os vivos, a praga foi interrompida. Deus ignorou suas murmurações no deserto dez vezes, mas não permitiria.que resistissem à sua autoridade. Muitos pecados! Deus pode suportar e ignorar, mas a rebeldia ele não permite, porque a rebeldia é o princípio da morte, o princípio de Satanás. Portanto, o pecado da rebeldia, é mais sério do que qualquer outro pecado.Sempre quando o homem resiste à autoridade, Deus julga imediatamente. Que coisa solene!

CAPÍTULO 4
O conhecimento que Davi tinha da autoridade
Então os homens de Davi lhe disseram: Hoje é o dia, do qual o Senhor te disse: Eis que te entrego nas mãos o teu inimigo e far-lhe-ás o que bem te parecer. Levantou-se Davi, e furtivamente cortou a orla do manto de Saul. Sucedeu, porém, que, depois sentiu Davi bater-lhe o coração, por ter cortado a orla do manto de Saul; e disse aos seus homens: O Senhor me guarde de que eu faça tal cousa ao meu senhor, isto é, que eu estenda a mão contra ele, pois é o ungido do Senhor (1 Sm. U-.U-6). Davi, porém, respondeu a Abisai: Não o mates, pois quem haverá que estenda a mão contra o ungido do Senhor, e fique inocente? ... O Senhor me guarde, de que eu estenda a mão contra o seu ungido (1 Sm. 26:9, 11). Davi lhe disse: Como não temeste estender a mão para matares o ungido do Senhor? (2 Sm. 1:1b). Davi não buscou o trono ao preço da rebeldia.

Davi não buscou o trono ao preço da rebeldia
Quando o reino de Israel foi estabelecido, Deus inaugurou formalmente a sua autoridade sobre a terra. Os israelitas, tendo entrado em Canaã, pediram um rei a Deus. Por causa disso Deus comissionou Samuel para ungir Saul como o primeiro rei. Saul foi escolhido e estabelecido por Deus para constituir sua autoridade delegada. Infelizmente, depois de se tornar rei, desobedeceu à autoridade de Deus até o ponto de tentar destruí-la. Poupou o rei dos amalequitas e o que havia de melhor entre as ovelhas, os bois, os animais cevados, os cordeiros e tudo o que era bom. Uma vez que isto foi feito em desobediência à palavra de Deus, Deus rejeitou Saul e ungiu Davi. Não obstante, Davi continuou um homem sob a autoridade de Saul. Pertencia ao povo de Saul, estava alistado no seu exército e foi, mais tarde, escolhido para ser genro de Saul, Portanto os dois eram ungidos. Mas Saul procurou, muitas vezes, matar Davi. Israel tinha dois reis! O rejeitado permanecia no trono; o escolhido ainda não subira. Davi se encontrava em posição dificílima. Saul saiu à procura de Davi no deserto de En-Gedi. No trajeto entrou numa caverna em cujo interior se encontravam assentados Davi e os seus homens. Os homens de Davi sugeriram que Davi poderia matar Saul, mas Davi resistiu à tentação pois não se atrevia a levantar sua mão contra a autoridade. No que dizia respeito ao trono, não era Davi o ungido de Deus? E considerando que se encontrava diretamente no plano e vontade de Deus, poderia alguém proibi-lo de ser o rei? Por que, então, Davi não fez nenhum movimento nesse sentido? Não seria uma coisa boa ajudar a Deus a realizar a sua vontade? Mas Davi sentiu que não deveria matar Saul. Fazê-lo seria rebelar-se contra a autoridade de Deus, uma vez que a unção do Senhor permanecia sobre Saul. Embora Saul fosse rejeitado, ainda era o ungido de Deus — alguém estabelecido por Deus. Se Saul fosse morto naquele momento, Davi subiria imediatamente ao trono e a vontade de Deus não teria sido atrasada em tantos anos. Mas Davi era um homem que sabia como negar-se a si mesmo. Ele preferia atrasar a sua subida ao trono a ser uma pessoa rebelde. Eis por que finalmente veio a ser a autoridade delegada por Deus. Tendo Deus empossado Saul como rei e colocado Davi sob a autoridade de Saul, Davi teria de pagar o preço da rebeldia para obter o trono, matando Saul. Teria de se tornar um rebelde. Ele não se atrevia a tanto. O princípio envolvido é semelhante à reserva de Miguel em pronunciar um juízo injurioso contra Satanás (Judas 9). A autoridade, vemos assim, é uma questão de implicações extremadamente profundas.

A obediência é mais importante que o trabalho
Para que se sirva a Deus, a sujeição à autoridade é uma necessidade absoluta. A obediência transcende nosso trabalho. Se Davi reinasse mas fracassasse em sujeitar-se à autoridade de Deus, teria sido tão inútil quanto Saul. O mesmo princípio de rebeldia opera no Saul do Antigo Testamento e no Judas do Novo Testamento: o primeiro poupou o melhor que havia entre os bois e as ovelhas, ao passo que o segundo cobiçou as trinta moedas de prata. Consagração não esconde o pecado da rebeldia. Davi não se atreveu a matar Saul com suas próprias mãos a fim de executar o plano e a vontade de Deus. Ele aguardou que Deus operasse; seu coração permaneceu silenciosamente obediente. Mesmo naquela ocasião em que cortou um pedaço da capa de Saul, seu coração o acusou. A percepão espiritual de Davi era tão aguda quanto a dos crentes do Novo Testamento. Hoje não deveríamos simplesmente condenar o homicídio; inclusive uma ação menor como a de cortar um pedaço da capa de outrem com uma faquinha deveria ser condenada, pois também é rebeldia. Falar mal, comportar-se mal ou resistir internamente não podem se classificar como homicídios, mas certamente constituem o mesmo que cortar um pedaço da capa de alguém. Tudo se origina de um espírito rebelde. Davi conhecia a autoridade divina em seu coração. Embora repetidas vezes fosse caçado por Saul, submeteu-se à autoridade de Deus. Até mesmo chamava Saul de "meu senhor'" ou "o ungido do Senhor". Isto revela um fato importante: sujeição à autoridade não se limita a estar sujeito a uma pessoa, mas é estar sujeito à unção que vem a ela quando Deus lhe ordena que seja uma autoridade. Davi reconhecia a unção que havia sobre Saul e sabia que ele era o ungido do Senhor Por isso preferia fugir para salvar a vida a estender a mão para matar Saul. É verdade que Saul desobedeceu à ordem divina e foi rejeitado por Deus; isto, entretanto, era coisa entre Saul e Deus. A responsabilidade de Davi diante de Deus era a de sujeitar-se ao ungido do Senhor.
Davi sustentou a autoridade de Deus Davi defendia de maneira absoluta a autoridade de Deus. É exatamente esta qualidade que Deus deseja restaurar. Uma vez no deserto de Zife, surgiu uma ocasião parecida. A tentação de matar Saul veio pela segunda vez: Saul dormia e Davi conseguiu entrar no acampamento. Abisai queria matar Saul, mas Davi lho proibiu, respondendo com um juramento: "Quem haverá que estenda a mão contra o ungido do Senhor, e fique inocente?" (1 Sm. 26:9). Pela segunda vez Davi poupou Saul. Simplesmente retirou a lança e o jarro de água que estavam junto à cabeça de Saul. Foi um progresso em relação ao primeiro exemplo, porque desta vez ele apenas tocou em coisas fora do corpo de Saul, não em algo sobre o corpo de Saul. Davi preferia obedecer a Deus e manter a autoridade divina a salvar a sua própria vida. Em 1 Samuel 31 e 2 Samuel 1, lemos que Saul cometeu suicídio com a ajuda de um jovem amalequita. O jovem veio correndo a Davi em busca de uma recompensa, dizendo que tinha matado Saul. Mas a atitude de Davi continuou sendo a de completa negação do ego e submissão à autoridade de Deus. Disse ao jovem: "Como não temeste estender a mão para matares o ungido do Senhor?" E imediatamente ordenou que o jovem tagarela fosse morto. Deus chamou Davi de homem segundo o seu próprio coração, porque Davi sustentou a autoridade divina. O reino de Davi continua até o dia de hoje. O Senhor Jesus é um descendente de Davi. Só aqueles que se sujeitam à autoridade podem exercer autoridade. Este assunto é terrivelmente sério. Temos de arrancar todas as raízes da rebeldia em nós. É absolutamente essencial que sejamos sujeitos à autoridade antes de exercermos autoridade. A igreja existe por causa da obediência. Ela não teme os fracos, mas teme os rebeldes. Temos de nos sujeitar à autoridade de Deus em nosso coração para que a igreja possa ser abençoada. O futuro da igreja depende de nós. Estamos atravessando dias solenes.





CAPITULO 5
A obediência do Filho
Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tor-nando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai (Fp. 2:5-11). Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte, e tendo sido ouvido por causa da sua piedade, embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas cousas que sofreu e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem (Hb. 5:7-9). O Senhor inicia a obediência A Bíblia nos diz que o Senhor Jesus e o Pai são um. No começo era o Verbo, e o Verbo era Deus. Os céus e a terra foram criados pela Palavra. A glória que Deus tinha no princípio, até mesmo a glória inigualável de Deus, também era a glória do Filho. O Pai e o Filho existem igualmente e são iguais em poder e propriedade, Só em Pessoa há uma diferença entre o Pai e o Filho. Não é uma diferença essencial; é apenas um arranjo dentro da Divindade. Portanto, as Escrituras dizem que o Senhor "não julgou como usurpação o ser igual a Deus" — isto é, não era uma coisa a ser tomada. Sua igualdade com Deus não é uma coisa tomada nem adquirida, pois inerentemente ele é a imagem de Deus. Filipenses 2:5-7 é uma seção e os versículos 8-11, outra. Nestas duas seções, nosso Senhor foi apresentado humilhando-se duas vezes: primeiro esvaziou-se de sua divindade e, então, humilhou-, -se em sua humanidade Quando veio a este mundo, o Senhor tinha se esvaziado de tal maneira da glória, do poder, do "status" e da forma de sua divindade que ninguém naquele tempo, a não ser por revelação, reconheceu-o como Deus) Trata-ram-no como homem, uma pessoa comum neste mundo. Como Filho, de boa vontade submeteu-se à autoridade do Pai e declarou "o Pai é maior do que eu" (João 14:28). Portanto há perfeita harmonia na Divindade. Alegremente o Pai assume o lugar de Cabeça, e o Filho reage com obediência. Deus torna-se o emblema da autoridade, enquanto Cristo assume a posição de símbolo da obediência. Para nós, os homens, obedecer deveria ser simples, porque tudo de que precisamos é um pouco de humildade. Para Cristo, entretanto, ser obediente não foi uma questão simples. Foi muito mais difícil para ele ser obediente do que criar os céus e a terra. Por quê? Porque teve de esvaziar-se de toda a glória e poder de sua divindade e assumir a forma de escravo para poder obedecer. Portanto a obediência foi iniciada pelo Filho de Deus. O Filho originalmente partilhou a mesma glória e autoridade com o Pai. Mas quando veio ao mundo, de um lado, abandonou a autoridade e, de outro, assumiu a obediência. De boa vontade assumiu o lugar de escravo, aceitando as limitações humanas de tempo e espaço. Ele se humilhou ainda mais e foi obediente até à morte. Obediência dentro da Divindade é a coisa mais admirável em todo o universo. Sendo Cristo obediente até à morte — sofrendo uma morte muitíssimo dolorosa e vergonhosa na cruz — Deus o exaltou sobremaneira Deus exalta todo aquele que se humilha. Este é um princípio divino.

Estar cheio de Cristo é estar cheio de obediência
Uma vez que o Senhor deu início à obediência, o Pai tornou-se o Cabeça de Cristo. Portanto, uma vez que a autoridade e a obediência foram instituídas por Deus, é natural que aqueles que conhecem Deus e Cristo obedeçam. Mas aqueles que não conhecem Deus nem Cristo, não conhecem também a autoridade e a obediência. Cristo é o princípio da obediência. Portanto, uma pessoa que está cheia de Cristo deve ser uma pessoa que também está cheia de obediência. Hoje em dia, as pessoas costumam perguntar: "Por que eu tenho de obedecer? Considerando que ambos somos irmãos por que eu tenho de obedecer a você?" Mas os homens não têm qualificações para fazer tais perguntas. Só o Senhor tem esta qualificação; contudo ele jamais enunciou tais palavras nem um tal pensamento jamais penetrou em sua mente. Cristo representa obediência, que é tão perfeita quanto a autoridade de Deus. Que Deus seja misericordioso com aqueles que proclamam conhecer a autoridade quando a obediência falta em suas vidas.

O Caminho do Senhor
No que se refere à Divindade, o Filho e o Pai são co-iguais; mas sendo ele o Senhor, foi recompensado por Deus. O Senhor Jesus Cristo foi feito Senhor só depois que se esvaziou Sua divindade deriva do que ele é, por ser Deus em sua natureza inerente Ser Senhor, entretanto, é um resultado do que fez. Foi exaltado e recompensado por Deus para ser Senhor só depois que abandonou sua glória e manteve-se no papel perfeito da obediência. No que se refere a ele, é Deus; no que se refere à recompensa, é o Senhor. Seu Senhorio não existia originalmente na Divindade. A passagem de Filipenses 2 é dificílima de explicar, pois é muitíssimo controvertida além de ser muitíssimo santa. Vamos descalçar nossos pés e pisar terreno santo recapitulando esta passagem bíblica. Parece que no princípio houve um conselho da Divindade.
Deus idealizou um plano para a criação do universo. Nesse plano, a Divindade concordou que a autoridade fosse representada pelo Pai. Mas a autoridade não pode ser estabelecida no universo sem a obediência, pois não pode existir sozinha. Portanto, Deus tem de encontrar a obediência no universo. Seriam criados dois tipos de seres vivos: os anjos (espíritos) e os homens (almas viventes). De acordo com sua onisciência, Deus previu a rebelião dos anjos e a queda dos homens; por isso não lhe foi possível estabelecer sua autoridade nos anjos ou na raça adâmica. Consequentemente, dentro do acordo perfeito da Divindade, essa autoridade seria atendida pela obediência no Filho. A partir daí começaram as operações distintas de Deus Pai e Deus Filho. Um dia Deus Filho se esvaziou e, tendo nascido em semelhança de homem, tornou--se o símbolo da obediência. Considerando que a rebeldia surgiu nos seres criados, a obediência teria agora de ser estabelecida num ser criado. O homem pecou e se rebelou; por isso a autoridade de Deus tem de ser estabelecida na obediência do homem. Isto explica por que o Senhor veio ao mundo e foi feito igual ao homem criado. O nascimento de nosso Senhor é na realidade o aparecimento de Deus. Em lugar de permanecer como Deus com autoridade, colocou-se ao lado do homem, aceitando todas as limitações do homem e assumindo a forma de escravo. Ele enfrentou o possível perigo de não ser capaz de retornar com glória. Se desobedecesse na terra como homem, ainda poderia reclamar o seu lugar na Divindade usando de sua autoridade original; mas, nesse caso, teria para sempre que-brado o princípio de obediência. Havia duas formas de o Senhor retornar: uma era obedecendo absolutamente e sem reservas como homem, estabelecendo a autoridade de Deus em todas as coisas, em todas as ocasiões, sem o menor toque de rebeldia; assim, passo a passo, através da obediência a Deus, tornar-se-ia o Senhor de tudo. A outra seria forçando o seu caminho de volta, reclamando e usando a autoridade, o poder e a glória de sua divindade, se considerasse a obediência impossível através da fraqueza e limitações da carne humana. Mas o Senhor ignorou o segundo caminho e trilhou humildemente o caminho da obediência — até a morte. Tendo-se esvaziado, recusou voltar atrás. Ele jamais tomaria um caminho assim ambíguo. Se o Senhor falhasse no caminho da obediência, depois de renunciar sua glória e autoridade divinas, assumindo a forma de escravo, jamais teria novamente retornado com glória. Só através da obediência como homem é que ele retornou. Assim ele retornou com base na obediência perfeita e singular. Embora sacrifício fosse acrescentado a sacrifício, ele demonstrou obediência absoluta, sem o menor toque de resistência ou rebeldia. Consequentemente, Deus o exaltou grandemente e o fez Senhor quando retornou à glória. Não foi Jesus que se encheu com aquilo de que uma vez se esvaziara; antes, foi Deus Pai. Foi o Pai que trouxe este Homem de volta à glória. E, assim, Deus Filho também é agora Jesus Homem em seu retorno à glória. Por causa disto, o nome de Jesus é preciosíssimo; não há ninguém no universo igual a ele. Quando na cruz exclamou "Tudo está consumado!", proclamou não somente a consumação da salvação mas também o cumprimento de tudo o que seu nome significa. Portanto, ele obteve um nome que está acima de todo nome, e diante do seu nome todo joelho deverá se dobrar e toda língua deverá confessar que Jesus é Senhor. Doravante, ele é Senhor bem como Deus. Ser Senhor fala do seu relacionamento com Deus, de como foi recompensado por Deus. Ser Cristo revela o seu relacionamento com a igreja. Resumindo, então: quando o Filho deixou a glória não pretendia retornar com base nos seus atributos divinos; pelo contrário, desejou ser exaltado como homem. Desta maneira, Deus confirmou seu princípio de obediência. Como é imprescindível que sejamos totalmente obedientes sem o mais leve traço de rebeldia! O Filho retornou ao céu como homem; foi exaltado por Deus depois que obedeceu na semelhança de homem. Vamos encarar este grande mistério da Bíblia. Quando se despediu da glória e se revestiu da carne humana, o Senhor determinou não regressar por virtude de seus atributos divinos. E tendo jamais dado o menor sinal de desobediência, foi exaltado por Deus com base em sua humanidade. O Senhor abandonou a sua glória quando veio; mas quando retornou, não só recebeu de volta essa mesma glória, mas recebeu ainda glória muito maior. Que nós também tenhamos esta mente que havia em Cristo Jesus. Vamos todos trilhar o caminho do Senhor e nos apegar à obediência tornando muito nosso este princípio da obediência. Sujeitemo-nos uns aos outros. Tendo uma vez entendido este princípio não teremos dificuldade em discernir que nenhum pecado é mais sério do que a rebeldia e nada é mais importante do que a obediência. Só no princípio da obediência podemos servir a Deus; só obedecendo como Cristo obedeceu podemos reafirmar o princípio divino da autoridade, pois a rebeldia é a operação do princípio de Satanás.

Aprendendo a obediência através do sofrimento
Em Hebreus 5:8 somos informados que Cristo "aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu". O sofrimento exigiu obediência do Senhor. Por favor, observe que ele não trouxe obediência a esta terra; ele a aprendeu — e o fez através do sofrimento. Quando encontramos o sofrimento, aprendemos a obediência. Tal obediência é verdadeira. Nossa utilidade não fica determinada através do nosso sofrimento, mas pelo tanto de obediência que aprendemos por meio desse sofrimento. Só os obedientes são úteis para Deus. Enquanto o nosso coração não for amolecido, o sofrimento não nos abandonará. Nosso caminho passa por muitos sofrimentos; os que amam os prazeres e as coisas fáceis são inúteis para Deus? Vamos, portanto, aprender a obedecer no sofrimento.
A salvação torna as pessoas obedientes e também alegres. Se nós só buscamos a alegria, nossas propriedades espirituais não serão abundantes; mas aqueles que são obedientes experimentarão a abundância da salvação. Não vamos transformar a natureza da salvação. Vamos obedecer — pois nosso Senhor Jesus, tendo sido aperfeiçoado pela obediência, tornou-se a fonte de nossa salvação eterna. Deus nos salva para que possamos obedecer à sua vontade. Se travamos conhecimento com a autoridade de Deus, descobrimos que a obediência é fácil e que a vontade de Deus é simples, porque o próprio Senhor sempre foi obediente e nos transmitiu esta vida de obediência.

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 Autor: Watchman Nee
Traduzido por Yolanda M. Krievin
Digitalizado por Luiz Carlos

ISBN 85-7367-136-X Categoria: Crescimento Cristão Este livro foi publicado em inglês com o título Spiritual Authority, por Christian Fellowship Publishers, Inc. © 1972 por Christian Fellowship Publishers, Inc. © 1979 por Editora Vida /" impressão, 1976 IIa impressão, 1993 2 a impressão, 1981 12a impressão, 1996 3 a impressão, 1986 13a impressão, 1997 4 a impressão, 1988 14a impressão, 1998 5 a impressão, 1990 15a impressão, 1999 6 a impressão, 1991 16a impressão, 2000 7" impressão, 1991 17a impressão, 2001 8" impressão, 1991 18a impressão, 2001 9 a impressão, 1992 19a impressão, 2003 10a impressão, 1992 20a impressão, 2004 Todos os direitos reservados na língua portuguesa por Editora Vida, rua Júlio de Castilhos, 280 03059-000 São Paulo, SP— Telefax: (11) 6618-7000 Capa: Valdir Guerra Filiado a: abec SÓCIO Impresso no Brasil, na Imprensa da Fé

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