CAPÍTULO 1
A importância da autoridade
Todo homem esteja sujeito às autoridades
superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades
que existem foram por ele instituídas. De modo que aquele que se opõe à
autoridade, resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si
mesmos condenação.
Porque os magistrados não são para temor quando se faz o bem, e, sim, quando se
faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem, e terás louvor dela;
visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres
o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de
Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal. Ê necessário que lhe
estejais sujeitos, não somente por causa do temor da punição, mas também por
dever de consciência. Por esse motivo também pagais tributos: porque são
ministros de Deus, atendendo constantemente a este serviço. Pagai a todos o que
lhes é devido; a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem
respeito, respeito; a quem honra, honra (Rm. 13:1-7).
Ele, que é o resplendor da glória e a
expressão exata do seu Ser, sustentando todas as cousas pela palavra do seu
poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da
Majestade nas alturas (Hb. 1:3).
Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho
da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações! Tu dizias
no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu
trono, e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte;
subirei acima das mais altas nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo (Is.
14:12-14).
E não nos deixes cair em tentação; mas
livra-nos do mal (Mt. 6:13).
E, levantando-se o sumo sacerdote, perguntou
a Jesus: Nada respondes ao que estes depõem contra ti? Jesus, porém, guardou
silêncio. E o sumo sacerdote lhe disse: Eu te conjuro pelo Deus vivo que nos
digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus. Respondeu-lhe Jesus: Tu o disseste;
entretanto, eu vos declaro que desde agora vereis o Filho do homem assentado à
direita do Todo-poderoso, e vindo sobre as nuvens do céu (Mt. 26:62-64).
O trono de Deus estabelecido sobre autoridade
Deus age a partir do seu trono, e o seu trono está estabelecido
sobre a sua autoridade. Todas as coisas são criadas pela autoridade de Deus e
todas as leis físicas do universo são mantidas através de sua autoridade. Por
isso a Bíblia diz que Deus está "sustentando todas as cousas pela palavra
do seu poder", o que significa que todas as coisas são mantidas pela
palavra do poder de sua autoridade. Pois a autoridade divina representa o
próprio Deus enquanto o seu poder se expressa apenas pelos seus atos. O pecado
contra o poder é mais facilmente perdoado do que o pecado contra a autoridade,
porque este é um pecado contra o próprio Deus. Só Deus é autoridade em todas as
coisas; toda a autoridade da terra foi instituída por Deus. A autoridade é uma
coisa tremenda no universo — nada a sobrepuja. Portanto é imperativo que nós
que desejamos servir a Deus conheçamos a autoridade de Deus.
A origem de Satanás
O arcanjo transformou-se em Satanás quando tentou usurpar a
autoridade de Deus, competir com Deus, e assim se tornou um adversário de Deus.
Foi a rebeldia que provocou a queda de Satanás. Tanto Isaías 14:12-15 como
Ezequiel 28:13-17 falam da ascensão e queda de Satanás. A primeira passagem,
entretanto, enfatiza como Satanás violou a autoridade divina enquanto a segunda
enfatiza sua transgressão contra a santidade de Deus. Ofender a autoridade de
Deus é uma rebeldia bem mais séria do que ofender a santidade de Deus.
Considerando que é uma questão de conduta, o pecado é mais facilmente perdoado
do que a rebeldia, pois esta última é uma questão de princípio. A intenção de
Satanás de estabelecer o seu trono acima do trono de Deus foi o que violou a
autoridade de Deus; foi o princípio da auto-exaltação. O ato do pecado não foi
o que provocou a queda de Satanás; esse ato não passou do produto de sua
rebeldia contra a autoridade. Foi a rebeldia que Deus condenou. Quando servimos
a Deus não devemos desobedecer às autoridades, porque isso é um princípio
satânico. Como podemos pregar a Cristo de acordo com o princípio de Satanás?
Pois é possível em nossa obra permanecermos com Cristo em doutrina e, ao mesmo
tempo, permanecermos com Satanás em princípio. Que coisa iníqua presumirmos que
estamos executando a obra do Senhor. Por favor, observe que Satanás não tem
medo quando pregamos a palavra de Cristo, mas como tem medo quando nos
submetemos à autoridade de Cristo! Nós que servimos a Deus jamais deveríamos
servi-lo de acordo com o princípio de Satanás. Sempre que o princípio de Cristo
está operando, o de Satanás se desvanece. Satanás continua sendo um usurpador;
ele será derrotado no fim dos tempos segundo o livro do Apocalipse. Se
quisermos verdadeiramente servir a Deus temos de nos purificar completamente do
princípio de Satanás. Na oração que nosso Senhor ensinou à sua igreja, a
expressão "e não nos deixes cair em tentação" destaca a obra de
Satanás, enquanto a expressão "mas livra-nos do mal" refere-se
diretamente ao próprio Satanás. Imediatamente após estas palavras o Senhor faz
uma declaração muitíssimo significante: "pois teu é o reino, o poder e a
glória para sempre. Amém" (Mt. 6:13). Todo reino, autoridade e glória
pertencem a Deus e somente a ele. O que nos liberta totalmente de Satanás é a
percepção desta preciosíssima verdade — que o reino é de Deus. Considerando que
todo o universo está sob o domínio de Deus, temos de nos sujeitar à sua
autoridade. Que ninguém usurpe a glória de Deus. Satanás mostrou todos os
reinos da terra ao Senhor, mas o Senhor respondeu que o reino dos céus é de
Deus. Temos de perceber de quem é a autoridade. Pregamos o evangelho a fim de
colocarmos os homens sob a autoridade de Deus, mas como podemos estabelecer a
autoridade de Deus na terra se nós mesmos ainda não a conhecemos? Como nos
seria possível enfrentar Satanás?
Autoridade, a controvérsia do
universo
A controvérsia do universo centraliza-se sobre quem deve ter
autoridade, e nosso conflito com Satanás é o resultado direto de atribuirmos
autoridade a Deus. Para manter a autoridade de Deus temos de nos submeter a ela
com todo o nosso coração. É absolutamente necessário que reconheçamos a
autoridade de Deus e que possuamos uma noção básica do que ela significa. Antes
de reconhecer a autoridade, Paulo tentou acabar com a igreja; depois de se
encontrar com o Senhor na estrada de Damasco entendeu que era difícil
recalcitrar (o poder humano) contra os aguilhões (autoridade divina).
Imediatamente caiu ao chão e reconheceu Jesus como Senhor.
Depois disso, foi capaz de se submeter à orientação que lhe foi
dada por Ananias na cidade de Damasco, pois Paulo tomara conhecimento da
autoridade de Deus. No momento em que foi salvo, reconheceu a autoridade de
Deus além da salvação de Deus. Como podia Paulo, que era inteligente e capacitado,
dar ouvido às palavras de Ananias — um humilde e desconhecido irmão que só foi
mencionado uma única vez na Bíblia — se não reconhecesse a autoridade de Deus?
Se não tivesse tido um encontro com a autoridade na estrada de Damasco jamais
se teria sujeitado a esse obscuro e humilde irmão na cidade. Isto nos faz ver
que todo aquele que conhece a autoridade lida puramente com a autoridade e não
com o homem. Não consideremos o homem mas unicamente a autoridade investida
nele. Não obedeçamos ao homem mas à autoridade de Deus que está nesse homem. De
outro modo, como poderíamos ficar sabendo o que é autoridade? Estamos trilhando
uma estrada errada se vemos o homem primeiro, antes de obedecer à autoridade. O
oposto é o certo. Nesse caso não nos fará diferença quem é o homem. Deus tem o
propósito de manifestar sua autoridade ao mundo através da igreja. A autoridade
de Deus pode ser percebida na coordenação dos diversos membros do corpo de
Cristo. Deus usa seu poder máximo para manter sua autoridade; por isso a coisa
mais difícil de enfrentar é a sua autoridade. Nós que somos tão cheios de
justiça própria e ainda assim tão cegos, precisamos, uma vez em nossa vida, ter
um encontro com a autoridade de Deus para sermos quebrantados até à submissão e
assim começar a aprender a obedecer a essa autoridade. Antes que um homem se
sujeite à autoridade delegada por Deus, é preciso que reconheça a autoridade
inerente a Deus.
Obediência à vontade de Deus — a
maior das exigências da Bíblia
A maior das exigências que Deus faz ao homem não é a de carregar a
cruz, servir, fazer ofertas, ou negar-se a si mesmo. A maior das exigências é
que obedeça. Deus ordenou que Saul atacasse os amalequitas e os destruísse
totalmente (1 Sm. 15). Mas, após a vitória, Saul poupou Agague, o rei dos
amalequitas, junto com o que havia de melhor entre os bois e as ovelhas, os
cordeiros e animais mais gordos e todas as coisas valiosas. Saul não quis
destruí-los; argumentou que os poupara para sacrificá-los a Deus. Mas Samuel
lhe disse: "Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender
melhor do que a gordura de carneiros" (versículo 22). Os sacrifícios
mencionados aqui eram ofertas de cheiro suave — não tendo nada a ver com o
pecado, pois as ofertas pelo pecado jamais foram chamadas de ofertas de cheiro
suave. Eram oferecidas para aceitação e satisfação de Deus. Por que Samuel
disse que "obedecer é melhor do que sacrificar"? Porque mesmo no
sacrifício pode haver o elemento da vontade própria. Só a obediência honra a
Deus de maneira absoluta pois só ela coloca a vontade de Deus no centro. Para
que a autoridade se expresse é preciso que haja submissão. Se é preciso que
haja submissão, o ego precisa ficar excluído; mas de acordo com o ego, a
submissão torna-se impossível. Isto só se torna possível quando alguém vive no
Espírito. É a mais alta expressão da vontade de Deus.
A oração de nosso Senhor no Getsêmani
Há quem pense que a oração de nosso Senhor no Getsêmani, quando o
seu suor se transformou em gotas de sangue, foi devido à fraqueza de sua carne,
ao temor que tinha de beber o cálice. De modo nenhum, pois a oração no
Getsêmani fundamenta-se no mesmo princípio de 1 Samuel 15:22. É a oração
suprema na qual nosso Senhor expressa sua obediência à autoridade de Deus.
Nosso Senhor considerava o obedecer à autoridade de Deus mais importante do que
o sa-crificarse sobre a cruz. Ele ora sinceramente para conhecer a vontade de
Deus. Ele não diz: "Eu quero ser crucificado, eu tenho de beber o
cálice." Simplesmente insiste em obedecer. Na realidade, diz: "Se
houver possibilidade de não subir à cruz", mas ainda aqui não é a sua
vontade que se destaca. Imediatamente ele continua, dizendo: "mas seja
feita a tua vontade." A vontade de Deus é absoluta; o cálice (isto é, a
crucificação) não é absoluto. Se Deus preferisse que o Senhor não fosse
crucificado, então ele não teria de subir à cruz. Antes de conhecer a vontade
de Deus, o cálice e a vontade de Deus eram duas coisas separadas; contudo,
depois que tomou conhecimento que era de Deus, o cálice e a vontade de Deus se
mesclaram numa só coisa. A vontade representa autoridade. Portanto, para
conhecer a vontade de Deus e obedecê-la é preciso sujeitar-se à autoridade. Mas
como alguém pode sujeitar-se à autoridade se não ora ou não tem desejo de
conhecer a vontade de Deus? "Não beberei, porventura, o cálice que o Pai
me deu?" disse o Senhor (João 18:11). Aqui ele sustenta a supremacia da
autoridade de Deus, não de sua cruz. Mais adiante, tendo compreendido que beber
o cálice — isto é, ser crucificado para expiação — é a vontade de Deus,
imediatamente diz: "Levantai-vos, vamos!" (Mt. 26:46). Indo à cruz
ele realiza a vontade de Deus. Consequentemente a morte do Senhor é a mais alta
expressão de obediência à autoridade. Mesmo a cruz, o ponto culminante do universo,
não pode ser mais importante do que a vontade de Deus. Jesus considera a
autoridade de Deus (a vontade de Deus) mais importante que a sua própria cruz
(seu sacrifício). No servir a Deus não somos chamados à abnegação ou ao
sacrifício, mas a cumprir o propósito de Deus. O princípio básico não é o de
escolher a cruz mas de obedecer à vontade de Deus. Se o princípio sobre o qual
trabalhamos e servimos inclui rebeldia, então Satanás receberá e desfrutará a
glória mesmo através de nossos sacrifícios. Saul poderia oferecer bois e
ovelhas, mas Deus jamais os aceitaria como sacrifícios oferecidos a ele porque
havia um princípio satânico envolvido. Eis por que as Escrituras declaram que
"a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a obstinação é como a
idolatria e culto a ídolos do lar" (1 Sm. 15:23). Na qualidade de servos
de Deus, a primeira coisa que temos de fazer é travar relações com a
autoridade. Entrar em contato com a autoridade é coisa tão prática como entrar
em contato com a salvação, mas é uma lição mais profunda. Antes de podermos
trabalhar para Deus temos de ser conquistados por sua autoridade. Todo o nosso
relacionamento com Deus é regulado pelo fato de termos ou não travado relações
com a autoridade. Em caso afirmativo encontraremos a autoridade em todos os
lugares, e sendo assim governados por Deus, podemos começar a ser usados por
ele.
Como nosso Senhor e Paulo agiram em
juízo
Mateus 26 registra o julgamento duplo que nosso Senhor enfrentou
após seu aprisionamento. Diante do sumo sacerdote ele recebeu julgamento
religioso e diante de Pilatos, julgamento político. Quando foi julgado por
Pilatos, o Senhor não respondeu, pois não se encontrava sob a jurisdição
terrena. Mas quando o sumo sacerdote o conjurou pelo Deus vivo, então lhe deu
resposta. Isto é obediência à autoridade. Conforme registrado em Atos 23,
quando Paulo estava sendo julgado imediatamente se submeteu ao descobrir que
Ananias era o sumo sacerdote de Deus. Por isso, nós que trabalhamos, temos de
enfrentar face a face a autoridade. Caso contrário, nosso trabalho ficará sob o
princípio rebelde de Satanás e trabalharemos sem o conhecimento da vontade de
Deus. Não estaremos sob o princípio da obediência à autoridade. Mas é somente
trabalhando na obediência à autoridade que podemos trabalhar de acordo com a
vontade de Deus. Oh! isto realmente exige uma grande revelação! Em Mateus
7:21-23 encontramos nosso Senhor repreendendo aqueles que profetizam e expulsam
demônios e fazem muitas coisas grandiosas em seu nome. Por que foram
censurados? Porque o seu ponto de partida foi o ego; eles mesmos faziam coisas
em nome do Senhor. Esta é a ati-vidade da carne. Por isso nosso Senhor
declarou--os malfeitores e não seus obreiros. Ele enfatiza que só a pessoa que
faz a vontade do seu Pai entrará no reino de céus. Só isto constitui obediência
à vontade de Deus, isto que se origina com Deus. Não temos de procurar trabalho
para fazer, mas temos de ser enviados por Deus para trabalhar. Quando
entendermos isto, realmente experimentaremos a realidade da autoridade do reino
dos céus.
Para perceber a autoridade é preciso
uma grande revelação
Há dois importantes aspectos no universo: confiar na salvação de
Deus e obedecer à sua autoridade. Confiar e obedecer. A Bíblia define o pecado
como transgressão (1 João 3:4). A palavra em Romanos 2:12 "sem" lei é
o mesmo que "contra" a lei. A transgressão é desobediência à
autoridade de Deus; e isto é pecado. Pecar é uma questão de conduta, mas
transgressão e uma questão de atitude do coração. O presente século caracteriza-se
pela transgressão. O mundo está cheio do pecado de transgressão, e logo o fruto
desse pecado aparecerá. A autoridade no mundo está sendo cada vez mais solapada
até que, finalmente, todas as autoridades serão destituídas e a transgressão
governará. Saibamos que no universo existem dois princípios: o da autoridade de
Deus e o da rebeldia satânica. Não podemos servir a Deus e simultaneamente
andar pelo caminho da rebeldia revelando um espírito rebelde. Satanás ri quando
uma pessoa rebelde prega a palavra, pois nessa pessoa habita o princípio
satânico. O princípio do serviço tem de ser a autoridade. Vamos ou não vamos
obedecer à autoridade de Deus? Nós que servimos a Deus temos de perceber este
critério básico da autoridade. Alguém que já tenha experimentado um choque elétrico
sabe que não pode ser descuidado com eletricidade. Do mesmo modo, uma pessoa
que já foi ferida pela autoridade de Deus, a partir daí mantém os olhos abertos
para julgar o que é transgressão nela mesma e nos outros. Que Deus nos conceda
a graça de nos livrar da rebeldia. Só depois que reconhecemos a autoridade de
Deus e aprendemos a obedecer podemos orientar os seus filhos pelo caminho da
retidão.
CAPITULO
2
Exemplos
de rebeldia no Antigo Testamento 1.
A
QUEDA DE ADÃO E EVA
E lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente,
mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque no dia em que
dela comeres, certamente morrerás (Gn. 2:16- 17). Mas a serpente, mais sagaz
que todos os animais selváticos que o Senhor Deus tinha feito, disse à mulher:
Ê assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? Respondeu-lhe a
mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore
que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para
que não morrais. Então a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis.
Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e,
como Deus, sereis, conhecedores do bem e do mal. Vendo a mulher que a árvore
era boa para se comer, agradável aos olhos, e árvore desejável para dar
entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu, e deu também ao marido, e ele comeu
(Gn. 3:1-6).
Porque, como pela desobediência de um
só homem muitos se tornaram pecadores (Rm. 5:19).
A queda do homem devido à
desobediência
Vamos recapitular a história de Adão e Eva conforme registrada em
Génesis, capítulos 2 e 3. Depois que Deus criou Adão, encarregou-o de algumas
coisas; entre estas estava a ordem de não comer do fruto da árvore do
conhecimento do bem e do mal. O ponto crucial dessa recomendação foi mais do
que a proibição de comer certo fruto; antes, significava que Deus estava
colocando Adão sob autoridade para que aprendesse a obedecer. De um lado, Deus
colocou todas as coisas criadas na terra sob a autoridade de Adão para que ele
as dominasse; mas, por outro lado, Deus colocou o próprio Adão debaixo de sua
autoridade para que ele pudesse obedecer à autoridade. Só aquele que está
debaixo de autoridade pode constituir uma autoridade. De acordo com a ordem da criação
divina, Deus criou Adão antes de criar Eva. Colocou Adão em posição de
autoridade e Eva sob a autoridade de Adão. Estabeleceu os dois: um como
autoridade e o outro em submissão. Tanto na velha como na nova criação, esta
ordem de prioridades constitui a base da autoridade. Todo aquele que for criado
primeiro é a autoridade; todo aquele que for salvo primeiro será a autoridade.
Portanto, onde quer que vamos, nosso primeiro pensamento deve ser o de
descobrir quem são aqueles aos quais Deus quer que nos sujeitemos. Podemos
encontrar a autoridade em qualquer lugar e aprender a obedecer à autoridade a
qualquer hora. A queda do homem deve-se à desobediência à autoridade de Deus.
Em lugar de obedecer a Adão, Eva tomou sua própria decisão ao verificar se o fruto
era bom e agradável à vista. Ela descobriu a cabeça. Ao comer o fruto não o fez
em sujeição, mas de sua própria vontade. Além de transgredir a ordem de Deus
também desobedeceu a Adão. Rebelar-se contra a autoridade representativa de
Deus é o mesmo que rebelar-se contra Deus. Ao dar ouvidos à Eva e comer do
fruto proibido, Adão pecou contra a vontade direta de Deus; portanto ele também
desobedeceu à autoridade de Deus. Isto também foi rebeldia.
Todo trabalho deve ser prestado em
obediência
Eva não foi colocada só sob a autoridade de Deus, mas também, na
ordem divina, sob a autoridade de Adão. Ela tinha de obedecer a uma autoridade
dupla. E a nossa posição hoje em dia não difere disso. Eva, vendo que o fruto
era bom para se comer, comeu-o sem perguntar a quem estava obedecendo. Mas,
desde o princípio Deus ordenara ao homem que obedecesse e que não fizesse a sua
própria vontade. A atitude de Eva, entretanto, não foi governada pela
obediência; foi iniciativa de sua própria vontade. Ela não se sujeitou à ordem
divina, nem obedeceu à autoridade de Deus. Pelo contrário, tomou sua própria
decisão. Rebelou-se contra Deus e caiu. Toda atitude que implica desobediência
constitui uma queda, e qualquer atitude de desobediência é rebeldia. Conforme a
obediência de um homem vai crescendo, suas ações decrescem. Quando começamos a
seguir o Senhor ficamos cheios de atividade, mas bastante falhos na obediência.
Mas, conforme avançamos em espiritualidade, nossas ações gradualmente diminuem
até que ficamos cheios de obediência. Muitos, entretanto, fazem o que gostam e
recusam-se a fazer o que não gostam. Jamais meditam sobre se estão agindo em
obediência. Por isso muito trabalho passa a ser executado pelo ego e não em
obediência a Deus.
Certo ou errado, está na mão de Deus
A ação do homem não deve ser governada pelo conhecimento do bem ou
do mal; deve ser motivada pelo senso de obediência. O princípio do bem e do mal
é viver de acordo com o que é certo ou errado. Antes de Adão e Eva comerem do
fruto proibido, o que era certo e errado para eles estava na mão de Deus. Se
não vivessem diante de Deus, não saberiam nada, pois o que era certo e errado
para eles se encontrava realmente no próprio Deus.
Consequentemente, depois da queda os homens não precisaram mais
descobrir em Deus o senso do certo e do errado, Já o tinham neles mesmos. Este
foi o resultado da queda. A obra da redenção é levar-nos de volta ao lugar onde
encontramos o que é certo ou errado para nós em Deus.
Os cristãos devem obedecer à
autoridade
Não existe nenhuma autoridade que não proceda de Deus; todas as
autoridades foram instituídas por ele. Quando procuramos encontrar a fonte de
toda autoridade, encontramo-la invariavelmente em Deus. Deus está acima de toda
autoridade, e todas as autoridades estão debaixo dele. Quando entramos em
contato com a autoridade de Deus, entramos em contato com o próprio Deus. A
obra de Deus se efetua basicamente não pelo poder mas pela autoridade. Ele
mantém todas as coisas pela poderosa palavra de sua autoridade, exatamente como
as criou pela mesma palavra. Sua palavra de ordem é autoridade. Nós não sabemos
como a autoridade de Deus opera; não obstante, sabemos que ele realiza tudo
através dela. O amado servo de um centurião estava doente. O centurião sabia
que se encontrava sob autoridade e em autoridade sobre outros. Por isso pediu
ao Senhor que apenas dissesse uma palavra, crendo que a cura se efetuaria —
pois toda a autoridade não se encontra na mão do Senhor? Ele creu na autoridade
do Senhor. Não nos causa admiração que o Senhor elogiasse a sua grande fé:
"Em verdade vos afirmo que nem mesmo em Israel achei fé como esta"
(Mt. 8:10). Entrar em contato com a autoridade de Deus é o mesmo que entrar em
contato com Deus. Hoje em dia o universo está cheio de autoridades estabelecidas
por Deus. Tudo se encontra sob sua autoridade. Sempre que uma pessoa peca
contra a autoridade de Deus peca contra Deus. Todos os cristãos devem,
portanto, aprender a obedecer à autoridade.
A primeira lição que um obreiro tem
de aprender é obediência à autoridade
Estamos sob a autoridade dos homens como também temos homens sob
nossa autoridade. Esta é a nossa posição. Até mesmo o Senhor Jesus na terra não
só se encontrava sob a autoridade de Deus mas também sob a autoridade de
outros. A autoridade se encontra em toda parte. Há autoridade na escola, há
autoridade no lar. O guarda na rua, embora talvez tenha menos instrução que
você, foi estabelecido por Deus como autoridade sobre você. Sempre que alguns
irmãos em Cristo se reúnem, imediatamente estabelece-se uma ordem espiritual.
Um obreiro cristão deveria saber quem está acima dele. Alguns não sabem quais
são as autoridades que estão acima deles, por isso não obedecem. Não deveríamos
nos preocupar com o certo e o errado, com o bem ou o mal; antes, deveríamos
saber quem é a autoridade sobre nós. Quando ficamos sabendo a quem devemos
estar sujeitos, naturalmente encontramos nosso lugar no corpo. Quantos cristãos
hoje em dia não têm a menor ideia do que seja submissão. É por isso que existe
tanta confusão e desordem. Por causa disto, a obediência à autoridade é a
primeira lição que um obreiro deveria aprender; e também ocupa um grande lugar
no trabalho propriamente dito.
A obediência deve ser recuperada
Desde a queda de Adão prevalece a desordem no universo. Cada um
pensa que é capaz de distinguir o bem do mal e julgar o que é certo e o que é
errado. Pensam saber melhor do que Deus. Isto é a loucura da queda. Temos de
ser libertos de tal engano, porque nada mais é que rebeldia. Nosso conceito de
obediência é tristemente ina- dequado. Alguns parecem pensar que sua obediência
é perfeita e total quando obedecem ao Senhor no batismo. Muitos jovens
estudantes consideram injustiça a ordem divina de obedecer aos professores.
Muitas esposas consideram uma crueldade total a ordem divina de ficarem
sujeitas a maridos difíceis. Inúmeros cristãos estão vivendo hoje em dia em um
estado de rebeldia; não aprenderam nem a primeira lição de obediência.
A sujeição que a Bíblia ensina relaciona-se com a sujeição às
autoridades estabelecidas por Deus. Como era superficial a antiga apresentação
da obediência! A obediência é um princípio fundamental. Se esta questão da
autoridade permanecer sem solução, nada pode ser resolvido. Assim como a fé é o
princípio pelo qual obtemos vida, a obediência é o princípio pelo qual a vida é
vivida. As divisões e desentendimentos frequentes dentro da igreja brotam da
rebeldia. A fim de recuperar a autoridade, a obediência tem de ser
primeiramente restaurada. Muitos têm cultivado o hábito de assumir o papel de cabeça,
mas nem sequer aprenderam a obedecer. Por isso temos de aprender uma lição. Que
a obediência seja a nossa primeira reação. Deus não nos tem privado de nada no
que se refere à autoridade. Ele já nos demonstrou como ficar sujeitos a ambas,
a autoridade direta e indireta. Muitos declaram que sabem como obedecer a Deus,
mas na realidade nada sabem sobre a obediência à autoridade delegada.
Considerando que todas as autoridades vêm de Deus, temos de aprender a obedecer
a todas elas. Os problemas que enfrentamos nos dias de hoje devem-se ao fato de
viverem os homens fora da autoridade de Deus.
Nenhuma unidade no corpo sem a
autoridade da cabeça
Deus está operando na recuperação da unidade do corpo. Mas para
que isto se realize é preciso que primeiro receba a vida da Cabeça, seguida da
autoridade da mesma. Sem a vida da Cabeça não pode haver corpo. Sem a
autoridade da Cabeça não pode haver unidade do corpo. Para manter a unidade do
corpo temos de permitir que a vida da Cabeça governe. Deus quer que obedeçamos
às autoridades delegadas por ele assim como a ele. Todos os membros do corpo
deveriam se sujeitar uns aos outros. Quando isto acontece, o corpo é unido em
si mesmo e com a Cabeça. Quando a autoridade da Cabeça prevalece, a vontade de
Deus se realiza. Assim a igreja se torna o reino de Deus.
Algumas lições sobre obediência
Mais cedo ou mais tarde, aqueles que servem a Deus tomam
consciência da autoridade no universo, na sociedade, no lar, na igreja. Como
alguém pode servir e obedecer a Deus, se jamais entrou em contato com a
autoridade de Deus? Isto é mais do que uma q doutrina, pois o ensino pode ser
abstraio. Alguns acham que é muito difícil saber como obedecer à autoridade,
mas se conhecemos a Deus a dificuldade se evapora. Não existe ninguém que possa
obedecer à autoridade divina sem que a misericórdia de Deus esteja sobre ele.
Vamos, portanto, aprender algumas lições:
1. Tenha um espírito de obediência.
2. Pratique a obediência. Alguns
indivíduos são como os selvagens que simplesmente não conseguem obedecer. Mas
aqueles que são educados não se sentem embaraçados onde quer que sejam
colocados. Naturalmente vivem a obediência.
3. Aprenda a exercer a autoridade concedida. Aquele que trabalha para Deus não só precisa aprender a obedecer
à autoridade mas também deve aprender a exercer a autoridade que lhe foi
concedida por Deus na igreja e no lar. Quando você aprende a ficar sob a
autoridade de Deus, você não se considera mais nada, mesmo que Deus lhe confie
muito. Alguns só aprendem a obedecer e fracassam no que se refere ao exercício
da autoridade quando são enviados a algum lugar a fim de trabalhar. É preciso
aprender a ficar sob a autoridade e também em posição de autoridade. A igreja
sofre porque muitos não sabem obedecer, mas também é igualmente prejudicada
através de alguns que não aprenderam a ficar em posição de autoridade.
CAPÍTULO
3
Exemplos
de rebeldia no Antigo Testamento (continuação)
2. A REBELDIA DE CÃO
Sendo Noé lavrador, passou a plantar uma vinha. Bebendo do vinho,
embriagou-se, e se pôs nu dentro de sua tenda. Cão, pai de Canaã, vendo a nudez
do pai, fê-lo saber, fora, a seus dois irmãos. Então Sem e Jafé tomaram uma
capa, puseram-na sobre os próprios ombros de ambos e, andando de costas, rostos
desviados, cobriram a nudez do pai, sem que a vissem. Despertando Noé do seu
vinho, soube o que lho fizera o filho mais moço, e disse: Maldito seja Canaã;
seja servo dos servos a seus irmãos. E ajuntou: Bendito seja o Senhor, Deus de
Sem; e Canaã lhe seja servo. Engrandeça Deus a Jafé, e habite ele nas tendas de
Sem; e Canaã lhe seja servo (9:20-27).
Fracasso na autoridade concedida é um
teste para a obediência
No Jardim do Éden, Adão fracassou. Na vinha, Noé também foi
derrotado, mas por causa de sua justiça Deus salvou a família de Noé. No plano
de Deus, Noé era o cabeça da família. Deus colocou toda a família sob a
autoridade de Noé; ele também colocou Noé como cabeça do mundo daquele tempo.
Mas um dia Noé se embebedou em sua vinha e descobriu-se em sua tenda. Cão, seu
filho mais jovem, viu a nudez de seu pai e comentou o incidente com seus dois
irmãos lá fora. No que se refere à conduta de Noé, é claro que estava errado;
ele não deveria ter-se embriagado. Mas Cão fracassou não reconhecendo a
dignidade da autoridade. O pai é autoridade constituída por Deus no lar, mas a
carne se deleita em ver defeitos na autoridade para poder se desembaraçar de
todas as restrições. Quando Cão viu a conduta imprópria de seu pai não teve o
menor sentimento de vergonha ou tristeza, nem tentou encobrir a falta de seu
pai. Isto revela que tinha um espírito rebelde. Pelo contrário, saiu e contou a
seus irmãos, destacando a fealdade de seu pai, acrescentando aos seus erros o
pecado da injúria. Observe, entretanto, como Sem e Jafé resolveram a situação.
Entraram na tenda, de costas — evitando, assim, ver a nudez de seu pai — e
cobriram seu pai com a capa que tinham colocado sobre os ombros. Vê-se então
que o fracasso de Noé tornou-se uma prova para Sem, Cão, Jafé e Canaã, o filho
de Cão. Revelou quem era obediente e quem era rebelde. A queda de Noé descobriu
a rebeldia de Cão. Depois que Noé despertou do vinho profetizou que os
descendentes de Cão seriam amaldiçoados e se tornariam escravos dos escravos de
seus irmãos. O primeiro escravo na Bíblia foi Cão. Três vezes pronunciou-se a
sentença de que Ca-naã seria escravo. Isto é o mesmo que dizer que aquele que
não se sujeita à autoridade vem a ser escravo daquele que obedece à autoridade.
Sem seria abençoado. O Senhor Jesus veio através de Sem. Jafé foi destinado a pregar
Cristo, e assim as nações que propagam o evangelho hoje em dia pertencem aos
descendentes de Jafé. O primeiro a ser amaldiçoado depois do dilúvio foi Cão.
Não reconhecendo a autoridade, foi colocado sob a autoridade nas gerações
futuras. Todo aquele que deseja servir ao Senhor precisa reconhecer a
autoridade} Ninguém pode servir em espírito de transgressão.
3. FOGO ESTRANHO OFERECIDO POR NADABE
E ABIÚ
Nadabe e Abiú, filhos de Arão,
tomaram cada um o seu incensário, e puseram neles fogo, e sobre este, incenso,
o trouxeram fogo estranho perante a face do Senhor, o que lhes não ordenara.
Estão saiu fogo de diante do Senhor, e os consumiu; e morreram perante o Senhor
(Lv. 10:1, 2).
Por que Nadabe e Abiú foram
consumidos
Como a história de Nadabe e Abiú é solene! Serviram como
sacerdotes, não porque fossem pessoalmente justos mas porque pertenciam à
família que Deus tinha escolhido. Deus estabeleceu Arão como sacerdote e ele
foi ungido. Em todas as questões relacionadas com o culto Arão era o chefe;
seus filhos eram simples ajudantes, servindo no altar em obediência a Arão.
Deus jamais teve a intenção de permitir que os filhos de Arão servissem
independentemente; ele os colocou sob a autoridade de Arão. Doze vezes Arão e
seus filhos foram mencionados em Le-vítico 8. No capítulo seguinte encontramos
Arão oferecendo sacrifícios, com seus filhos ao lado. Se Arão nada fizesse,
seus filhos também nada deveriam fazer. Tudo começou com Arão, não com seus
filhos. Se os filhos se aventurassem a oferecer sacrifícios, estariam
oferecendo fogo estranho. Isto, entretanto, foi exatamente o que Na-dabe e
Abiú, os filhos de Arão, fizeram. Acharam que podiam oferecer sacrifícios por
si mesmos e os ofereceram sem a ordem de Arão.
O significado do fogo estranho é servir sem uma ordem, é servir
sem obedecer à autoridade. Tinham visto seu pai oferecendo; era mais do que
simples para eles. E assim presumiram que podiam fazer a mesma coisa. Nadabe e
Abiú só pensaram em se eram ou não capazes de fazer o mesmo. Fracassaram em
perceber quem representava a autoridade de Deus.
O culto é iniciado por Deus
Enfrentamos aqui um problema seríssimo: servir a Deus e oferecer
fogo estranho parecem-se muito, mas estão separados por um mundo de coisas. O
verdadeiro culto é iniciado por Deus. Quando o homem serve sob a autoridade de
Deus, é aceito por causa disso. O fogo estranho origina-se no homem. Não exige
conhecimento da vontade de Deus ou obediência à sua autoridade. É totalmente
feito através do próprio zelo humano, e termina com a morte. Se acontece que
nosso culto ou serviço se torna cada vez mais sem vida, é tempo de pedirmos a
Deus que nos ilumine para vermos se estamos servindo no verdadeiro princípio do
serviço ou de acordo com o princípio do fogo estranho.
A obra de Deus é a coordenação da
autoridade
Nadabe e Abiú trabalharam separados de Arão; por isso trabalharam
independentemente de Deus. O trabalho de Deus tem de ser coordenado sob
autoridade: Deus queria que Nadabe e Abiú servissem sob a autoridade de Arão.
Observe no Novo Testamento como Barnabé e Paulo, Paulo e Timóteo, Pedro e
Marcos trabalharam juntos. Alguns eram os responsáveis, enquanto os outros
ajudaram. No trabalho de Deus ele coloca alguns em autoridade e outros sob
autoridade. Deus nos chamou para sermos sacerdotes segundo a ordem de
Melquizedeque; portanto, temos de servir a Deus de acordo com a ordem da
autoridade coordenada. Aquele que desordenadamente levanta a sua cabeça e age
independentemente está sendo rebelde, o que resulta em morte. Todo aquele que
tenta servir sem primeiro entrar em contato com a autoridade está oferecendo
fogo estranho. Qualquer um que diz "Se ele pode, eu também posso"
está em estado de rebeldia. Além de Deus ter o cuidado de fornecer o fogo, ele
também tem o cuidado de observar a natureza do fogo. A rebeldia muda a natureza
do fogo. Aquilo que não era ordenado por Jeová nem por Arão era fogo estranho
Deus não se preocupa com a questão do sacrifício mas com a manutenção da
autoridade. Consequentemente os homens deveriam aprender a seguir, a sempre
desempenhar um papel de menor importância. Exatamente como a autoridade
delegada segue a Deus, assim aqueles que estão sujeitos à autoridade deveriam
seguir a autoridade delegada por Deus. Não há lugar para serviço individual
isola-do. No trabalho espiritual todos devem servir em coordenação A
coordenação é a regra; o indivíduo não é a unidade. Nadabe e Abiú estavam fora
da coordenação com Arão, portanto estavam fora da coordenação com Deus. Não
deveriam ter deixado Arão, servindo independentemente. Aqueles que
desobedecessem à autoridade deveriam ser consumidos pelo fogo diante de Deus. E
embora Arão não tivesse consciência da seriedade deste assunto, Moisés percebeu
a seriedade da rebeldia contra a autoridade de Deus. Hoje em dia muitos estão
tentando servir a Deus independentemente. Jamais se colocaram sob autoridade;
inconscientemente pecam contra a autoridade de Deus.
4. O ULTRAJE DE ARÃO E MIRIÃ
Falaram Miriã e Arão contra Moisés,
por causa da mulher etíope, que tomara; pois tinha tomado a mulher cusita. E
disseram: Porventura tem falado o Senhor somente por Moisés? não tem falado
também por nós? O Senhor o ouviu. Era o varão Moisés mui manso, mais do que
todos os homens que havia sobre a terra. Logo o Senhor disse a Moisés, e a
Arão, e a Miriã: Vós três saí à tenda da congregação. E saíram eles três. Então
o Senhor desceu na coluna da nuvem, e se pôs à porta da tenda; depois chamou a
Arão e a Miriã, e eles se apresentaram. Então disse: Ouvi agora as minhas
palavras; se entre vós há profeta, eu, o Senhor, em visão a ele me faço
conhecer, ou falo com ele em sonhos. Não é assim com o meu servo Moisés, que é
fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo com ele, claramente, e não por
enigmas; pois ele vê a forma do Senhor: como, pois, não temestes falar contra o
meu servo, contra Moisés? E a ira do Senhor contra eles se acendeu; e
retirou-se. A nuvem afastou-se de sobre a tenda; e eis que Miriã achou-se
leprosa, branca como a neve; e olhou Arão para Miriã; e eis que estava leprosa.
Então disse Arão a Moisés: Ai! senhor meu, não ponhas, te rogo, sobre nós este
pecado, pois loucamente procedemos, e pecamos. Ora não seja ela como um aborto,
que saindo do ventre de sua mãe, tenha metade de sua carne já consumida. Moisés
clamou ao Senhor, dizendo: Ô Deus, rogo-te que a cures. Respondeu o Senhor a
Moisés: Se seu pai lhe cuspira no rosto, não seria envergonhada por sete dias?
Seja detida sete dias fora do arraial, e depois recolhida. Assim Miriã foi
detida fora do arraial por sete dias; e o povo não partiu, enquanto Miriã não
foi recolhida (Nm. 12).
Falar contra a autoridade
representativa provoca a ira divina
Arão e Miriã eram os irmãos mais velhos de Moisés. Portanto, em
casa, Moisés deveria se sujeitar à autoridade deles. Mas na vocação e no
trabalho de Deus eles deveriam se sujeitar à autoridade de Moisés. Eles não
gostaram da mulher etíope com quem Moisés se casou, por isso murmuraram contra
Moisés dizendo: "Porventura tem falado o Senhor somente por Moisés? não
tem falado também por nós?" Os etíopes são africanos, descendentes de Cão.
Moisés não deveria ter-se casado com esta mulher etíope. Na posição de irmã
mais velha, Miriã poderia ter repreendido seu irmão com base em seu
relacionamento familiar. Mas quando ela abriu a boca para difamar, tocou na
obra de Deus, pondo em dúvida a posição de Moisés. Deus tinha concedido a
Moisés sua autoridade delegada para o trabalho. Como erraram Arão e Miriã em
atacar a posição de Moisés, com base numa questão familiar! Fora Deus quem
escolhera Moisés para dirigir o povo de Israel tirando-o do Egito, mas apesar
disso Miriã desprezou Moisés. Por causa disto Deus se aborreceu grandemente com
ela. Ela podia avir-se com o irmão mas não injuriar a autoridade de Deus. O
problema foi que nem Arão nem Miriã reconheceram a autoridade de Deus.
Permanecendo no terreno natural exibiram um coração rebelde. Mas Moisés não
revidou. Ele sabia que, tendo sido estabelecido por Deus como autoridade, não
precisava defender-se. Todo aquele que o injuriasse encontraria a morte.
Enquanto Deus lhe desse autoridade podia permanecer em silêncio, Um leão não
precisa de proteção, uma vez que tem em si autoridade total. Moisés podia
representar Deus com autoridade porque
antes ele mesmo se sujeitou à autoridade divina, pois ele era muito manso, mais
do que todos os homens que habitavam a face da terra. A autoridade que Moisés
representava era a própria autoridade de Deus.
E ninguém pode tirar a autoridade concedida por Deus. Palavras
rebeldes sobem ao céu e são ouvidas por Deus. Quando Arão e Miriã pecaram contra
Moisés, pecaram contra Deus que se encontrava em Moisés. A ira do Senhor foi
acesa contra eles, Sempre que o homem entra em contato com autoridade delegada
por Deus, entra em contato com o próprio Deus que se encontra nessa pessoa;
pecar contra autoridade delegada é pecai contra Deus.
A autoridade é opção divina, não
mérito humano
Deus convocou os três na tenda da congregação Arão e Miriã foram
sem nenhuma hesitação, porque pensaram que Deus estaria do lado deles e também
porque tinham muito a dizer a Deus, uma vez que Moisés causara todos aqueles
problemas na família casando-se com uma mulher etíope. Mas Deus proclamou que
Moisés era seu servo fiel em toda sua casa. Como se atreviam a falar contra o
seu servo? Autoridade espiritual não é algo que se obtém através de esforços.
concedida por Deus a quem quer que ele escolha Como o espiritual difere do
natural!
O próprio Deus é autoridade. É preciso tomar cuidado para que não
se cometa ofensa. Qualquer um que falasse contra Moisés falava contra o escolhido
de Deus. Não desprezemos jamais os vasos escolhidos por Deus.
A rebeldia se manifestou na lepra
A ira do Senhor se acendeu contra eles e a nuvem se afastou da
tenda. A presença de Deus desapareceu e imediatamente Miriã ficou branca de
lepra. Sua lepra não surgiu devido à contaminação; foi claramente um castigo de
Deus. Ser leprosa não era de maneira nenhuma coisa melhor do que ser uma mulher
etíope. E ela que assim ficou leprosa teve de ficar isolada, perdendo todo
privilégio de se comunicar com os outros. Quando Arão viu que Miriã estava
leprosa, rogou que Moisés agisse como mediador e orasse pedindo cura. Deus
disse: "Se seu pai lhe cuspira no rosto, não seria envergonhada por sete
dias? Seja detida sete dias fora do arraial, e depois recolhida." E, em
resultado disto, a viagem da tenda ficou atrasada por sete dias. Sempre que há
rebeldia e ofensa entre nós, perdemos o con-tato com Deus, e a tenda terrena
permanece irremovível. A coluna da nuvem divina não descerá até que aquelas
palavras ofensivas tenham sido esclarecidas. Se esta questão da autoridade não
for resolvida, tudo mais se torna vazio e inútil.
Além da autoridade direta, seja
submisso à autoridade representativa
Muitos se consideram obedientes a Deus quando na realidade nada
sabem sobre a sujeição à autoridade delegada por Deus. Aquele que é
verdadeiramente obediente descobrirá que a autoridade de Deus se encontra em
todas as circunstâncias, no lar, e em outras instituições. Deus perguntou:
"Como, pois, não temeste falar contra o meu servo?" É preciso prestar
atenção especial sempre que palavras injuriosas forem enunciadas. Palavras tais
não devem ser pronunciadas levianamente. A injúria é prova de que há um
espírito rebelde dentro da pessoa; é o germe da rebeldia. Temos de temer a Deus
e não devemos falar levianamente. Mas existem hoje em dia aqueles que falam dos
anciãos da igreja e daqueles que estão acima deles; não percebem a gravidade de
tais palavras. Quando a igreja for reavivada na graça de Deus, aqueles que
ofenderam serão tratados como leprosos. Que Deus nos conceda a graça de
compreender que isto não se refere aos nossos irmãos, mas à autoridade
instituída por Deus. Depois de reconhecermos a autoridade, perceberemos como
pecamos contra Deus. Nosso conceito de pecado passará por uma transformação
drástica. Olharemos para o pecado como Deus olha. Veremos que o pecado que Deus
condena é o da rebeldia do homem.
5. A REBELIÃO DE CORE, DATA E ABIRÃO
Rebelião Coletiva Um exemplo de rebelião coletiva encontra-se no
capítulo 16 de Números. Coré e seus companheiros pertenciam aos levitas;
portanto, representavam os espirituais. Por outro lado, Data e Abirão eram
filhos de Ruben, e portanto representavam os líderes. Todos estes, junto com
duzentos e cinquenta líderes da congregação, resolveram rebelar-se contra
Moisés e Arão. Arbitrariamente atacaram os dois, dizendo: "Basta! pois que
toda a congregação é santa, cada um deles é santo, e o Senhor está no meio
deles; por que, pois, vos exaltais sobre a congregação do Senhor?" Foram
desrespeitosos para com Moisés e Arão. Talvez fossem bastante honestos no que
disseram, mas falharam em ver a autoridade do Senhor. Consideraram o assunto
como problema pessoal, como se não houvesse autoridade entre o povo de Deus. No
seu ataque não mencionaram o relacionamento de Moisés com Deus nem o mandamento
de Deus. Não obstante, mesmo debaixo dessas sérias acusações, Moisés não se
zangou nem perdeu o controle de si mesmo. Simplesmente caiu sobre o seu rosto
diante do Senhor. Considerando que a autoridade pertence ao Senhor, ele não
usou de nenhuma autoridade nem fez nada ele mesmo. Disse a Core e ao seu grupo
que esperassem até a manhã seguinte quando o Senhor mostraria quem era dele e
quem era santo. Assim ele enfrentou o espírito do erro com o espírito de
justiça. O que Core e seu partido disseram baseava-se na razão e em
conjecturas; Moisés, entretanto, respondeu: "Amanhã pela manhã o Senhor
fará saber quem é dele, e quem o santo que ele fará chegar a si: aquele a quem
escolher fará chegar a si" (versículo 5). O problema não era de Moisés,
mas do Senhor. O povo pensava que estava simplesmente se opondo a Moisés e
Arão; não tinha a menor intenção de se rebelar contra Deus, pois ainda desejava
servi-lo. Apenas desprezou Moisés e Arão. Mas Deus e sua autoridade delegada
são inseparáveis. Não é possível manter uma atitude para com Deus e outra
atitude para com Moisés e Arão. Ninguém pode rejeitar a autoridade delegada por
Deus com uma mão e receber Deus com a outra. Se eles se submetessem à
autoridade de Moisés e Arão estariam sujeitos a Deus.
Moisés, portanto, não se elevou por causa da autoridade que lhe
foi concedida por Deus. Pelo contrário, ele se humilhou sob a autoridade de
Deus e respondeu ao seu acusador com mansidão, dizendo: "Fazei isto: tomai
vós incensários, Core e todo o seu grupo; e, pondo fogo neles amanhã, sobre
eles deitai incenso perante o Senhor; e será que o homem a quem o Senhor
escolher, este será o santo" (versículos 6-7). Sendo mais amadurecido,
previa as consequências; por isso suspirou: "Ouvi agora, filhos de levi...
Acaso é para vós outros cousa de somenos que o Deus de Israel vos separou da
congregação de Israel, para vos fazer chegar a si, a fim de cumprirdes o
serviço do tabernáculo do Senhor e estar perante a congregação para
ministrar-lhe ...? Pelo que tu e todo o teu grupo juntos estais contra o
Senhor" (versículos 8-11). Datã e Abirão não estavam presentes no momento.
Pois quando Moisés mandou chamá-los, recusaram-se a vir e resmungaram:
"Porventura é cousa de somenos que nos fizeste subir de uma terra que mana
leite e mel (Egito), para fazer-nos morrer neste deserto, senão que também
queres fazer-te príncipe sobre nós?" (versículos 13-14.) Sua atitude foi
de muita rebeldia. Não criam na promessa de Deus; o que esperavam eram bênçãos terrenas.
Esqueceram-se que foi devido às suas próprias faltas que não entraram em Canaã;
pelo contrário, falaram asperamente contra Moisés.
Deus eliminou a rebeldia do seu povo
A esta altura a ira de Moisés despertou. Em lugar de falar com
eles, orou a Deus. Quantas vezes a rebeldia do homem força a mão do juízo de
Deus. Dez vezes os israelitas tentaram a Deus e cinco vezes deixaram de crer
nele, e Deus se controlou e lhes perdoou; mas por causa desta rebeldia Deus
resolveu julgar. Deus disse: "E os consumirei num momento" (veja
versículo 21); ele extirparia a rebeldia do meio do seu povo. Mas Moisés e Arão
caíram com o rosto em terra e oraram: "Acaso por pecar um só homem,
in-dignar-te-ás contra toda esta congregação?" (versículo 22). Deus atendeu
às orações deles mas julgou Core e o seu grupo. A autoridade estabelecida por
Deus era a pessoa a quem Israel tinha de ouvir. Até o próprio Deus testificou
diante dos israelitas que ele também aceitaria as palavras de Moisés. A
rebeldia é um princípio infernal. Aquela gente se rebelou e as portas do
inferno se abriram. A terra abriu a sua boca e engoliu todos os homens que
pertenciam a Core, Data e Abirão e todos os seus bens. Portanto eles e tudo
quanto lhes pertencia desceram vivos ao abismo (versículos 32- 33). As portas
do inferno não prevalecerão contra a igreja, mas um espírito rebelde abre suas
portas. Um dos motivos por que a igreja às vezes não prevalece é a presença da
rebeldia. A terra não abrirá sua boca se não houver um espírito rebelde. Todos
os pecados libertam o poder da morte, mas o pecado da rebeldia é o principal.
Só os obedientes podem fechar as portas do inferno e produzir vida. Os
obedientes seguem a fé, não a razão Para os israelitas a queixa de que Moisés
não os tinha levado para uma terra que mana leite e mel, nem lhes tinha dado
uma herança de campos e vinhas, não era sem motivos. Continuavam no deserto e
ainda não tinham entrado na terra do leite e mel. Mas, por favor, observe;
aquele que anda segundo a razão e a vista segue o caminho da razão; só aquele
que obedece à autoridade entra em Canaã pela fé. Ninguém que segue a razão pode
andar pelo caminho es- piritual, porque está além e acima do raciocínio humano.
Só o fiel pode desfrutar de abundância espiritual, aquele que pela fé aceita a
coluna de nuvem e de fogo e a liderança de autoridade delegada por Deus como a
representada por Moisés, A terra abre sua boca para apressar a queda dos
desobedientes no Sheol, pois estão viajando pelo caminho da morte. Os olhos dos
desobedientes são bastante vivos, mas, que pena! tudo o que vêem é a
esterilidade do deserto. Embora os que prosseguem pela fé possam parecer cegos,
pois não percebem a esterilidade diante deles, os olhos de sua fé vêem a
promessa melhor que jaz adiante. E assim entram em Canaã. Portanto, os homens
deveriam ficar sob a restrição da autoridade de Deus a aprender a seguir a
autoridade delegada por Deus. Aqueles que só se relacionam com os pais, irmãos
e irmãs não sabem o que é autoridade e, portanto, não se encontraram ainda com
Deus. Resumindo, então, a autoridade não é um assunto de instrução externa mas
uma revelação interna. A rebeldia é contagiosa Há dois exemplos de rebeldia em
Números 16. Do versículo 1 ao versículo 40 os líderes se rebelaram; do
versículo 41 ao versículo 50 toda a congregação se rebelou. O espírito de
rebeldia é muito contagioso. O julgamento dos duzentos e cinquenta líderes que
ofereceram incenso não deteve toda a congregação. Continuou rebelde, declarando
que Moisés matara seus líderes. Mas Moisés e Arão não podiam ordenar à terra
que abrisse a sua boca! Fora ordem de Deus. Moisés não podia invocar fogo para
consumir o povo! O fogo veio do Senhor Deus. Os olhos humanos só vêem os
homens; não sabem que a autoridade vem de Deus. Tais pessoas são tão atrevidas
que não temem mesmo quando presenciam o juízo. Como é perigoso ignorar a
autoridade. Quando toda a congregação se reuniu contra Moisés e Arão, a glória
do Senhor apareceu. Isto foi prova de que a autoridade pertencia a Deus. Deus
se apresentou para executar o juízo. Começou uma praga e quatorze mil e
setecentas pessoas morreram por causa da praga. No meio disso, a percepção
espiritual de Moisés tornou-se mais aguda; imediatamente pediu a Arão que
tomasse o seu incensário e o acendesse no altar e que colocasse incenso nele,
levando-o rapidamente à congregação para fazer expiação pelo povo. E enquanto
Arão se colocou entre os mortos e os vivos, a praga foi interrompida. Deus
ignorou suas murmurações no deserto dez vezes, mas não permitiria.que
resistissem à sua autoridade. Muitos pecados! Deus pode suportar e ignorar, mas
a rebeldia ele não permite, porque a rebeldia é o princípio da morte, o
princípio de Satanás. Portanto, o pecado da rebeldia, é mais sério do que
qualquer outro pecado.Sempre quando o homem resiste à autoridade, Deus julga
imediatamente. Que coisa solene!
CAPÍTULO
4
O
conhecimento que Davi tinha da autoridade
Então os homens de Davi lhe disseram: Hoje é o dia, do qual o
Senhor te disse: Eis que te entrego nas mãos o teu inimigo e far-lhe-ás o que
bem te parecer. Levantou-se Davi, e furtivamente cortou a orla do manto de
Saul. Sucedeu, porém, que, depois sentiu Davi bater-lhe o coração, por ter
cortado a orla do manto de Saul; e disse aos seus homens: O Senhor me guarde de
que eu faça tal cousa ao meu senhor, isto é, que eu estenda a mão contra ele,
pois é o ungido do Senhor (1 Sm. U-.U-6). Davi, porém, respondeu a Abisai: Não
o mates, pois quem haverá que estenda a mão contra o ungido do Senhor, e fique
inocente? ... O Senhor me guarde, de que eu estenda a mão contra o seu ungido
(1 Sm. 26:9, 11). Davi lhe disse: Como não temeste estender a mão para matares
o ungido do Senhor? (2 Sm. 1:1b). Davi não buscou o trono ao preço da rebeldia.
Davi não buscou o trono ao preço da
rebeldia
Quando o reino de Israel foi estabelecido, Deus inaugurou
formalmente a sua autoridade sobre a terra. Os israelitas, tendo entrado em
Canaã, pediram um rei a Deus. Por causa disso Deus comissionou Samuel para
ungir Saul como o primeiro rei. Saul foi escolhido e estabelecido por Deus para
constituir sua autoridade delegada. Infelizmente, depois de se tornar rei,
desobedeceu à autoridade de Deus até o ponto de tentar destruí-la. Poupou o rei
dos amalequitas e o que havia de melhor entre as ovelhas, os bois, os animais
cevados, os cordeiros e tudo o que era bom. Uma vez que isto foi feito em
desobediência à palavra de Deus, Deus rejeitou Saul e ungiu Davi. Não obstante,
Davi continuou um homem sob a autoridade de Saul. Pertencia ao povo de Saul,
estava alistado no seu exército e foi, mais tarde, escolhido para ser genro de
Saul, Portanto os dois eram ungidos. Mas Saul procurou, muitas vezes, matar
Davi. Israel tinha dois reis! O rejeitado permanecia no trono; o escolhido
ainda não subira. Davi se encontrava em posição dificílima. Saul saiu à procura
de Davi no deserto de En-Gedi. No trajeto entrou numa caverna em cujo interior
se encontravam assentados Davi e os seus homens. Os homens de Davi sugeriram
que Davi poderia matar Saul, mas Davi resistiu à tentação pois não se atrevia a
levantar sua mão contra a autoridade. No que dizia respeito ao trono, não era
Davi o ungido de Deus? E considerando que se encontrava diretamente no plano e
vontade de Deus, poderia alguém proibi-lo de ser o rei? Por que, então, Davi
não fez nenhum movimento nesse sentido? Não seria uma coisa boa ajudar a Deus a
realizar a sua vontade? Mas Davi sentiu que não deveria matar Saul. Fazê-lo
seria rebelar-se contra a autoridade de Deus, uma vez que a unção do Senhor
permanecia sobre Saul. Embora Saul fosse rejeitado, ainda era o ungido de Deus
— alguém estabelecido por Deus. Se Saul fosse morto naquele momento, Davi
subiria imediatamente ao trono e a vontade de Deus não teria sido atrasada em
tantos anos. Mas Davi era um homem que sabia como negar-se a si mesmo. Ele preferia
atrasar a sua subida ao trono a ser uma pessoa rebelde. Eis por que finalmente
veio a ser a autoridade delegada por Deus. Tendo Deus empossado Saul como rei e
colocado Davi sob a autoridade de Saul, Davi teria de pagar o preço da rebeldia
para obter o trono, matando Saul. Teria de se tornar um rebelde. Ele não se
atrevia a tanto. O princípio envolvido é semelhante à reserva de Miguel em
pronunciar um juízo injurioso contra Satanás (Judas 9). A autoridade, vemos
assim, é uma questão de implicações extremadamente profundas.
A obediência é mais importante que o
trabalho
Para que se sirva a Deus, a sujeição à autoridade é uma
necessidade absoluta. A obediência transcende nosso trabalho. Se Davi reinasse
mas fracassasse em sujeitar-se à autoridade de Deus, teria sido tão inútil
quanto Saul. O mesmo princípio de rebeldia opera no Saul do Antigo Testamento e
no Judas do Novo Testamento: o primeiro poupou o melhor que havia entre os bois
e as ovelhas, ao passo que o segundo cobiçou as trinta moedas de prata. Consagração
não esconde o pecado da rebeldia. Davi não se atreveu a matar Saul com suas
próprias mãos a fim de executar o plano e a vontade de Deus. Ele aguardou que
Deus operasse; seu coração permaneceu silenciosamente obediente. Mesmo naquela
ocasião em que cortou um pedaço da capa de Saul, seu coração o acusou. A
percepão espiritual de Davi era tão aguda quanto a dos crentes do Novo
Testamento. Hoje não deveríamos simplesmente condenar o homicídio; inclusive
uma ação menor como a de cortar um pedaço da capa de outrem com uma faquinha
deveria ser condenada, pois também é rebeldia. Falar mal, comportar-se mal ou
resistir internamente não podem se classificar como homicídios, mas certamente
constituem o mesmo que cortar um pedaço da capa de alguém. Tudo se origina de
um espírito rebelde. Davi conhecia a autoridade divina em seu coração. Embora
repetidas vezes fosse caçado por Saul, submeteu-se à autoridade de Deus. Até
mesmo chamava Saul de "meu senhor'" ou "o ungido do
Senhor". Isto revela um fato importante: sujeição à autoridade não se
limita a estar sujeito a uma pessoa, mas é estar sujeito à unção que vem a ela
quando Deus lhe ordena que seja uma autoridade. Davi reconhecia a unção que
havia sobre Saul e sabia que ele era o ungido do Senhor Por isso preferia fugir
para salvar a vida a estender a mão para matar Saul. É verdade que Saul
desobedeceu à ordem divina e foi rejeitado por Deus; isto, entretanto, era
coisa entre Saul e Deus. A responsabilidade de Davi diante de Deus era a de
sujeitar-se ao ungido do Senhor.
Davi sustentou a autoridade de Deus Davi defendia de maneira
absoluta a autoridade de Deus. É exatamente esta qualidade que Deus deseja
restaurar. Uma vez no deserto de Zife, surgiu uma ocasião parecida. A tentação
de matar Saul veio pela segunda vez: Saul dormia e Davi conseguiu entrar no
acampamento. Abisai queria matar Saul, mas Davi lho proibiu, respondendo com um
juramento: "Quem haverá que estenda a mão contra o ungido do Senhor, e
fique inocente?" (1 Sm. 26:9). Pela segunda vez Davi poupou Saul.
Simplesmente retirou a lança e o jarro de água que estavam junto à cabeça de
Saul. Foi um progresso em relação ao primeiro exemplo, porque desta vez ele
apenas tocou em coisas fora do corpo de Saul, não em algo sobre o corpo de
Saul. Davi preferia obedecer a Deus e manter a autoridade divina a salvar a sua
própria vida. Em 1 Samuel 31 e 2 Samuel 1, lemos que Saul cometeu suicídio com
a ajuda de um jovem amalequita. O jovem veio correndo a Davi em busca de uma
recompensa, dizendo que tinha matado Saul. Mas a atitude de Davi continuou
sendo a de completa negação do ego e submissão à autoridade de Deus. Disse ao
jovem: "Como não temeste estender a mão para matares o ungido do
Senhor?" E imediatamente ordenou que o jovem tagarela fosse morto. Deus
chamou Davi de homem segundo o seu próprio coração, porque Davi sustentou a
autoridade divina. O reino de Davi continua até o dia de hoje. O Senhor Jesus é
um descendente de Davi. Só aqueles que se sujeitam à autoridade podem exercer
autoridade. Este assunto é terrivelmente sério. Temos de arrancar todas as
raízes da rebeldia em nós. É absolutamente essencial que sejamos sujeitos à
autoridade antes de exercermos autoridade. A igreja existe por causa da
obediência. Ela não teme os fracos, mas teme os rebeldes. Temos de nos sujeitar
à autoridade de Deus em nosso coração para que a igreja possa ser abençoada. O
futuro da igreja depende de nós. Estamos atravessando dias solenes.
CAPITULO
5
A
obediência do Filho
Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,
pois ele, subsistindo em forma de Deus não julgou como usurpação o ser igual a
Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tor-nando-se em
semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou,
tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz. Pelo que também Deus o
exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao
nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e
toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai (Fp.
2:5-11). Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e
lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte, e tendo sido
ouvido por causa da sua piedade, embora sendo Filho, aprendeu a obediência
pelas cousas que sofreu e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da
salvação eterna para todos os que lhe obedecem (Hb. 5:7-9). O Senhor inicia a
obediência A Bíblia nos diz que o Senhor Jesus e o Pai são um. No começo era o
Verbo, e o Verbo era Deus. Os céus e a terra foram criados pela Palavra. A
glória que Deus tinha no princípio, até mesmo a glória inigualável de Deus,
também era a glória do Filho. O Pai e o Filho existem igualmente e são iguais
em poder e propriedade, Só em Pessoa há uma diferença entre o Pai e o Filho.
Não é uma diferença essencial; é apenas um arranjo dentro da Divindade.
Portanto, as Escrituras dizem que o Senhor "não julgou como usurpação o
ser igual a Deus" — isto é, não era uma coisa a ser tomada. Sua igualdade
com Deus não é uma coisa tomada nem adquirida, pois inerentemente ele é a
imagem de Deus. Filipenses 2:5-7 é uma seção e os versículos 8-11, outra.
Nestas duas seções, nosso Senhor foi apresentado humilhando-se duas vezes:
primeiro esvaziou-se de sua divindade e, então, humilhou-, -se em sua
humanidade Quando veio a este mundo, o Senhor tinha se esvaziado de tal maneira
da glória, do poder, do "status" e da forma de sua divindade que
ninguém naquele tempo, a não ser por revelação, reconheceu-o como Deus) Trata-ram-no
como homem, uma pessoa comum neste mundo. Como Filho, de boa vontade
submeteu-se à autoridade do Pai e declarou "o Pai é maior do que eu"
(João 14:28). Portanto há perfeita harmonia na Divindade. Alegremente o Pai
assume o lugar de Cabeça, e o Filho reage com obediência. Deus torna-se o
emblema da autoridade, enquanto Cristo assume a posição de símbolo da
obediência. Para nós, os homens, obedecer deveria ser simples, porque tudo de
que precisamos é um pouco de humildade. Para Cristo, entretanto, ser obediente
não foi uma questão simples. Foi muito mais difícil para ele ser obediente do
que criar os céus e a terra. Por quê? Porque teve de esvaziar-se de toda a
glória e poder de sua divindade e assumir a forma de escravo para poder
obedecer. Portanto a obediência foi iniciada pelo Filho de Deus. O Filho
originalmente partilhou a mesma glória e autoridade com o Pai. Mas quando veio
ao mundo, de um lado, abandonou a autoridade e, de outro, assumiu a obediência.
De boa vontade assumiu o lugar de escravo, aceitando as limitações humanas de
tempo e espaço. Ele se humilhou ainda mais e foi obediente até à morte.
Obediência dentro da Divindade é a coisa mais admirável em todo o universo.
Sendo Cristo obediente até à morte — sofrendo uma morte muitíssimo dolorosa e
vergonhosa na cruz — Deus o exaltou sobremaneira Deus exalta todo aquele que se
humilha. Este é um princípio divino.
Estar cheio de Cristo é estar cheio
de obediência
Uma vez que o Senhor deu início à obediência, o Pai tornou-se o
Cabeça de Cristo. Portanto, uma vez que a autoridade e a obediência foram
instituídas por Deus, é natural que aqueles que conhecem Deus e Cristo
obedeçam. Mas aqueles que não conhecem Deus nem Cristo, não conhecem também a
autoridade e a obediência. Cristo é o princípio da obediência. Portanto, uma
pessoa que está cheia de Cristo deve ser uma pessoa que também está cheia de
obediência. Hoje em dia, as pessoas costumam perguntar: "Por que eu tenho
de obedecer? Considerando que ambos somos irmãos por que eu tenho de obedecer a
você?" Mas os homens não têm qualificações para fazer tais perguntas. Só o
Senhor tem esta qualificação; contudo ele jamais enunciou tais palavras nem um
tal pensamento jamais penetrou em sua mente. Cristo representa obediência, que
é tão perfeita quanto a autoridade de Deus. Que Deus seja misericordioso com
aqueles que proclamam conhecer a autoridade quando a obediência falta em suas
vidas.
O Caminho do Senhor
No que se refere à Divindade, o Filho e o Pai são co-iguais; mas
sendo ele o Senhor, foi recompensado por Deus. O Senhor Jesus Cristo foi feito
Senhor só depois que se esvaziou Sua divindade deriva do que ele é, por ser
Deus em sua natureza inerente Ser Senhor, entretanto, é um resultado do que
fez. Foi exaltado e recompensado por Deus para ser Senhor só depois que
abandonou sua glória e manteve-se no papel perfeito da obediência. No que se
refere a ele, é Deus; no que se refere à recompensa, é o Senhor. Seu Senhorio
não existia originalmente na Divindade. A passagem de Filipenses 2 é dificílima
de explicar, pois é muitíssimo controvertida além de ser muitíssimo santa.
Vamos descalçar nossos pés e pisar terreno santo recapitulando esta passagem
bíblica. Parece que no princípio houve um conselho da Divindade.
Deus idealizou um plano para a criação do universo. Nesse plano, a
Divindade concordou que a autoridade fosse representada pelo Pai. Mas a
autoridade não pode ser estabelecida no universo sem a obediência, pois não
pode existir sozinha. Portanto, Deus tem de encontrar a obediência no universo.
Seriam criados dois tipos de seres vivos: os anjos (espíritos) e os homens
(almas viventes). De acordo com sua onisciência, Deus previu a rebelião dos
anjos e a queda dos homens; por isso não lhe foi possível estabelecer sua
autoridade nos anjos ou na raça adâmica. Consequentemente, dentro do acordo
perfeito da Divindade, essa autoridade seria atendida pela obediência no Filho.
A partir daí começaram as operações distintas de Deus Pai e Deus Filho. Um dia
Deus Filho se esvaziou e, tendo nascido em semelhança de homem, tornou--se o
símbolo da obediência. Considerando que a rebeldia surgiu nos seres criados, a
obediência teria agora de ser estabelecida num ser criado. O homem pecou e se
rebelou; por isso a autoridade de Deus tem de ser estabelecida na obediência do
homem. Isto explica por que o Senhor veio ao mundo e foi feito igual ao homem
criado. O nascimento de nosso Senhor é na realidade o aparecimento de Deus. Em
lugar de permanecer como Deus com autoridade, colocou-se ao lado do homem,
aceitando todas as limitações do homem e assumindo a forma de escravo. Ele
enfrentou o possível perigo de não ser capaz de retornar com glória. Se
desobedecesse na terra como homem, ainda poderia reclamar o seu lugar na
Divindade usando de sua autoridade original; mas, nesse caso, teria para sempre
que-brado o princípio de obediência. Havia duas formas de o Senhor retornar:
uma era obedecendo absolutamente e sem reservas como homem, estabelecendo a
autoridade de Deus em todas as coisas, em todas as ocasiões, sem o menor toque
de rebeldia; assim, passo a passo, através da obediência a Deus, tornar-se-ia o
Senhor de tudo. A outra seria forçando o seu caminho de volta, reclamando e
usando a autoridade, o poder e a glória de sua divindade, se considerasse a
obediência impossível através da fraqueza e limitações da carne humana. Mas o
Senhor ignorou o segundo caminho e trilhou humildemente o caminho da obediência
— até a morte. Tendo-se esvaziado, recusou voltar atrás. Ele jamais tomaria um
caminho assim ambíguo. Se o Senhor falhasse no caminho da obediência, depois de
renunciar sua glória e autoridade divinas, assumindo a forma de escravo, jamais
teria novamente retornado com glória. Só através da obediência como homem é que
ele retornou. Assim ele retornou com base na obediência perfeita e singular.
Embora sacrifício fosse acrescentado a sacrifício, ele demonstrou obediência
absoluta, sem o menor toque de resistência ou rebeldia. Consequentemente, Deus
o exaltou grandemente e o fez Senhor quando retornou à glória. Não foi Jesus que
se encheu com aquilo de que uma vez se esvaziara; antes, foi Deus Pai. Foi o
Pai que trouxe este Homem de volta à glória. E, assim, Deus Filho também é
agora Jesus Homem em seu retorno à glória. Por causa disto, o nome de Jesus é
preciosíssimo; não há ninguém no universo igual a ele. Quando na cruz exclamou
"Tudo está consumado!", proclamou não somente a consumação da
salvação mas também o cumprimento de tudo o que seu nome significa. Portanto,
ele obteve um nome que está acima de todo nome, e diante do seu nome todo
joelho deverá se dobrar e toda língua deverá confessar que Jesus é Senhor.
Doravante, ele é Senhor bem como Deus. Ser Senhor fala do seu relacionamento
com Deus, de como foi recompensado por Deus. Ser Cristo revela o seu
relacionamento com a igreja. Resumindo, então: quando o Filho deixou a glória
não pretendia retornar com base nos seus atributos divinos; pelo contrário,
desejou ser exaltado como homem. Desta maneira, Deus confirmou seu princípio de
obediência. Como é imprescindível que sejamos totalmente obedientes sem o mais
leve traço de rebeldia! O Filho retornou ao céu como homem; foi exaltado por
Deus depois que obedeceu na semelhança de homem. Vamos encarar este grande
mistério da Bíblia. Quando se despediu da glória e se revestiu da carne humana,
o Senhor determinou não regressar por virtude de seus atributos divinos. E
tendo jamais dado o menor sinal de desobediência, foi exaltado por Deus com
base em sua humanidade. O Senhor abandonou a sua glória quando veio; mas quando
retornou, não só recebeu de volta essa mesma glória, mas recebeu ainda glória
muito maior. Que nós também tenhamos esta mente que havia em Cristo Jesus.
Vamos todos trilhar o caminho do Senhor e nos apegar à obediência tornando
muito nosso este princípio da obediência. Sujeitemo-nos uns aos outros. Tendo
uma vez entendido este princípio não teremos dificuldade em discernir que
nenhum pecado é mais sério do que a rebeldia e nada é mais importante do que a
obediência. Só no princípio da obediência podemos servir a Deus; só obedecendo
como Cristo obedeceu podemos reafirmar o princípio divino da autoridade, pois a
rebeldia é a operação do princípio de Satanás.
Aprendendo a obediência através do
sofrimento
Em Hebreus 5:8 somos informados que Cristo "aprendeu a
obediência pelas coisas que sofreu". O sofrimento exigiu obediência do
Senhor. Por favor, observe que ele não trouxe obediência a esta terra; ele a
aprendeu — e o fez através do sofrimento. Quando encontramos o sofrimento,
aprendemos a obediência. Tal obediência é verdadeira. Nossa utilidade não fica
determinada através do nosso sofrimento, mas pelo tanto de obediência que
aprendemos por meio desse sofrimento. Só os obedientes são úteis para Deus.
Enquanto o nosso coração não for amolecido, o sofrimento não nos abandonará.
Nosso caminho passa por muitos sofrimentos; os que amam os prazeres e as coisas
fáceis são inúteis para Deus? Vamos, portanto, aprender a obedecer no
sofrimento.
A salvação torna as pessoas obedientes e também alegres. Se nós só
buscamos a alegria, nossas propriedades espirituais não serão abundantes; mas
aqueles que são obedientes experimentarão a abundância da salvação. Não vamos
transformar a natureza da salvação. Vamos obedecer — pois nosso Senhor Jesus,
tendo sido aperfeiçoado pela obediência, tornou-se a fonte de nossa salvação
eterna. Deus nos salva para que possamos obedecer à sua vontade. Se travamos
conhecimento com a autoridade de Deus, descobrimos que a obediência é fácil e
que a vontade de Deus é simples, porque o próprio Senhor sempre foi obediente e
nos transmitiu esta vida de obediência.
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Autor: Watchman Nee
Traduzido por Yolanda M. Krievin
Digitalizado por Luiz Carlos
ISBN 85-7367-136-X Categoria: Crescimento Cristão Este livro foi publicado em inglês com o título Spiritual Authority, por Christian Fellowship Publishers, Inc. © 1972 por Christian Fellowship Publishers, Inc. © 1979 por Editora Vida /" impressão, 1976 IIa impressão, 1993 2 a impressão, 1981 12a impressão, 1996 3 a impressão, 1986 13a impressão, 1997 4 a impressão, 1988 14a impressão, 1998 5 a impressão, 1990 15a impressão, 1999 6 a impressão, 1991 16a impressão, 2000 7" impressão, 1991 17a impressão, 2001 8" impressão, 1991 18a impressão, 2001 9 a impressão, 1992 19a impressão, 2003 10a impressão, 1992 20a impressão, 2004 Todos os direitos reservados na língua portuguesa por Editora Vida, rua Júlio de Castilhos, 280 03059-000 São Paulo, SP— Telefax: (11) 6618-7000 Capa: Valdir Guerra Filiado a: abec SÓCIO Impresso no Brasil, na Imprensa da Fé
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