quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

AUTORIDADES ESPIRITUAL (Capítulos do 6 ao 10)


CAPÍTULO 6
Como Deus estabelece o seu Reino

Embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas cousas que sofreu e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem (Hb. 5:8-9). Ora, nós somos testemunhas destes fatos, e bem assim o Espírito Santo, que Deus outorgou aos que lhe obedecem (Atos 5:32). Mas nem todos obedeceram ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem acreditou na nossa pregação?" (Rm. 10:16). Tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus (Ts. 1:8). Tendo purificado as vossas almas, pela vossa obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos de coração uns aos outros ardentemente (1 Pedro 1:22).

O Senhor aprendeu a obediência através do sofrimento
Assim como Deus garantiu o princípio da obediência através da vida de nosso Senhor, Deus também estabeleceu sua autoridade através do Senhor. Vamos ver agora como Deus estabelece hoje em dia o seu reino com base nessa autoridade. O Senhor veio a este mundo de mãos vazias; não trouxe consigo a obediência. Aprendeu a obediência através do que sofreu e, assim, tornou-se a fonte da salvação eterna a todos os que lhe obedecem. Passando por sofrimento após sofrimento aprendeu a obedecer até à morte, e morte de cruz. Quando o Senhor deixou a Divindade para se tornar homem, verdadeiramente tornou-se um homem — fraco e sofredor. Cada sofrimento pelo qual passou amadureceu num fruto de obediência. Nenhum sofrimento foi capaz de incitá-lo à murmuração ou à impaciência. Como diferem disto muitos cristãos que não conseguem aprender a obedecer mesmo depois de muitos anos. Embora seu sofrimento aumente, sua obediência não. Quando surge o sofrimento, geralmente murmuram zangados, indicando novamente que não aprenderam a obedecer. Mas nosso Senhor, ao passar por toda espécie de sofrimentos, continuamente exibiu o espírito da obediência; e assim se tornou a fonte de nossa salvação eterna. Através da obediência de um homem muitos receberam graça. A obediência de nosso Senhor foi por amor do reino de Deus. O alvo da redenção é promover o reino de Deus.
Deus estabelecerá o seu reino
Você já notou até que ponto a queda dos anjos e do homem afetou o universo, que grande problema criou para Deus? Era intenção divina que os seres por ele criados aceitassem sua autoridade, mas ambos os tipos de seres criados rejeita-ram-na; Deus não pôde estabelecer sua autoridade nos seres criados; mesmo assim, não a retirou. Ele poderia retirar sua presença, mas jamais desistirá da autoridade que iniciou. Onde houver sua autoridade, ali é o seu lugar de direito. Por isso, de um lado, Deus afirmará sua autoridade e, de outro, estabelecerá o seu reina Embora Satanás continuamente viole a autoridade de Deus e os homens diariamente se rebelem contra ele, Deus não permitirá que tal rebeldia continue para sempre; ele estabelecerá o seu reino. Por que a Bíblia chama o reino de Deus de o reino dos céus? Porque a rebeldia não se restringiu simplesmente a esta terra, mas, além dela, alcançou os céus onde os anjos se rebelaram, Como, então, o Senhor Jesus estabelece o reino de Deus? Ele o estabelece através de sua obediência. Nunca foi desobediente a Deus; nunca resistiu à autoridade de Deus enquanto esteve na terra.
Obedecendo perfeitamente e permitindo que a autoridade reinasse absolutamente, estabeleceu o reino de Deus dentro do reino de sua própria obediência. Agora, exatamente como fez nosso Senhor, a igreja deveria obedecer hoje em dia a fim de que a autoridade de Deus pudesse prosperar e o reino de Deus se manifestar.

Deus ordena que a igreja seja a vanguarda do seu reino
Depois da queda de Adão Deus escolheu Noé e sua família. Contudo, eles também falharam — depois do dilúvio. Então Deus chamou Abraão para ser o pai de uma multidão de nações, tendo a intenção de estabelecer o seu reino através de Abraão. Abraão foi substituído pela escolha de Isaque e, então, mais tarde, Jacó. Os descendentes de Jacó multiplicaram-se grandemente sob a opressão egípcia e, por isso, Deus enviou Moisés para livrá-los do Egito a fim de que pudessem estabelecer uma nova nação. Mas como havia desobedientes entre eles, Deus levou os israelitas através do deserto a fim de ensinar-lhes a obediência. Não obstante, persistiram em sua rebeldia contra Deus, resultando que toda a geração morreu pelo caminho.
Conquanto a segunda geração conseguisse entrar em Canaã, não deu ouvidos à palavra de Deus com coração perfeito; por isso não puderam expulsar os cananeus completamente da terra. Saul tornou-se o primeiro rei, mas devido à sua rebeldia o reino não pôde ser estabelecido. Só depois que Davi foi escolhido, Deus encontrou nele o rei que foi segundo o seu próprio coração, pois Davi obedeceu totalmente à autoridade de Deus. Mesmo assim, traços de rebeldia ainda permaneceram dentro da nação. Deus indicou Jerusalém como o lugar onde o seu nome seria estabelecido, mas o povo continuou a sacrificar no grande lugar alto de Gibeom. Falhou em obedecer. Tinha um rei mas faltava-lhe a substância espiritual de um reino. Antes de Davi, havia um reino sem um rei apropriado. No tempo de Davi, ambos, rei e reino, estavam presentes, mas a substância espiritual do último ainda faltava. O reino de Deus tinha de ser verdadeiramente estabelecido.
O Senhor veio a este mundo para estabelece o reino de Deus. Seu evangelho é duplo em natureza: o pessoal e o geral. No que se refere ao pessoal, o evangelho chama homens para receber vida eterna através da fé; quanto ao geral convida homens para entrar no reino de Deus; através do arrependimento.
Os olhos de Deus estão sobre o reino: o "Pai Nosso", por exemplo, começa e termina com o reino. Começa com "Venha o teu reino, faça-se tua vontade, assim na terra como no céu". O reino de Deus é aquele reino dentro do qual a vontade de Deus é executada sem nenhuma interferência. A oração termina com "Pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém". (Mt. 6:13.) O reino e o poder e a glória estão interligados. "Agora veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do seu Cristo", (Apocalipse 12:10). Eis por que o reino é o campo de ação da autoridade. "O reino de Deus está entre vós", diz o Senhor (Lucas 17:21, à margem, na versão usada pelo autor). "Entre vós", não "dentro de vós". O próprio Senhor é finalmente o reino de Deus.

Quando o Senhor Jesus está entre vós o reino, de Deus está no vosso meio. Isto acontece porque a autoridade de Deus passa a ser completamente executada em vossa vida. Pois exatamente como o reino de Deus está no Senhor, deve também ser encontrado na igreja — porque a vida do Senhor é liberada para a igreja e assim o reino de Deus também se estende à igreja. Começando com Noé, Deus conseguiu obter um reino, mas era um reino terreno, não o reino de Deus. O reino de Deus realmente começa com o Senhor Jesus. Como foi pequena a sua esfera de ação no começo! Hoje, entretanto, este grão de trigo já deu muito fruto. Seu campo de ação abrange não só o Senhor mas também muitos santos. Deus tem o propósito de que sejamos o seu reino e a sua igreja, uma vez que a igreja tem ordens de constituir o terreno onde a autoridade de Deus é exercida. Ele deseja ter o seu lugar de direito em mais do que apenas alguns indivíduos; ele deseja que toda a igreja lhe conceda preeminência absoluta a fim de que sua autoridade prevaleça e não haja rebeldia. Assim Deus há de estabelecer sua autoridade no meio dos seres que criou. Quer que sejamos obedientes não apenas à autoridade direta que ele mesmo exerce mas também às autoridades delegadas que ele estabelece. O que ele espera é obediência total, não parcial.

O evangelho não só convoca o povo a crer mas também a obedecer
A Bíblia menciona a obediência além da fé, pois não somos apenas pecadores, mas também filhos da desobediência. O que Romanos 10:16 quer dizer com "acreditou na nossa pregação" de Isaías 53:1 é "obedeceu às boas novas" (Darby). A natureza da crença no evangelho é a obediência. "Tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus" (2 Ts. 1:8). Aqueles que não obedecem são os rebeldes: "Ira e indignação aos facciosos que desobedecem à verdade" (Rm. 2:8). Os desobedientes são os rebeldes. "Tendo purificado as vossas almas, pela vossa obediência à verdade" (1 Pedro 1:22). Isto indica claramente que a purificação é através da obediência à verdade. A fé é obediência.
Os crentes deveriam ser antes chamados de "obedecedores", pois devem ficar sujeitos à autoridade do Senhor além de crer nele. Depois que Paulo foi iluminado, perguntou: "Que farei, Senhor?" (Atos 22:10). Não só creu, mas também se submeteu ao Senhor.
Seu arrependimento foi causado pela compreensão da graça e pela obediência à autoridade. Quando foi movido pelo Espírito Santo para ver a autoridade do evangelho, chamou Jesus de Senhor.
Deus não nos chama só para receber sua vida através da fé, mas também para manter sua autoridade através da obediência. Ele aconselha--nos, aos que estamos na igreja, a obedecer às autoridades que ele estabeleceu — no lar, na escola, na sociedade e na igreja — como também a obedecer à sua autoridade direta. Não é necessário destacar especificamente a que pessoa seria preciso obedecer. Simplesmente significa que sempre quando nos encontramos com a autora dade de Deus, direta ou indiretamente, devemos; aprender a obedecer.
Muitos são capazes de dar ouvidos e obedecer somente a uma determinada pessoa. Isto indica que ainda não descobriram a autoridade. De nada adianta obedecer ao homem; é à autoridade que devemos obedecer. Para aqueles que conhecem a autoridade, até a mais leve desobediência fá-los sentir que foram rebeldes. Mas aqueles que não conhecem a autoridade não têm ideia de como são os rebeldes. Antes de ser iluminado, Paulo recalcitrava contra os aguilhões sem perceber o que estava fazendo. Depois da iluminação, entretanto, a primeira coisa que aconteceu foi que os olhos de Paulo se abriram para ver a autoridade e essa visão continuou a se desenvolver mesmo depois. Embora Paulo se encontrasse apenas com um humilde irmão chamado Ananias, jamais perguntou que espécie de homem era ele — culto ou ignorante — porque não olhava para o homem Paulo reconheceu que Ananias era enviado por Deus, por conseguinte, sujeitou-se àquela autoridade delegada. Como é fácil obedecer quando se reconhece a autoridade.

Através da igreja as nações se tornam o reino de Deus
Se a igreja se recusa a aceitar a autoridade divina, Deus não tem meios de estabelecer o seu reino. A maneira de Deus obter o seu reino é, em primeiro lugar, no Senhor Jesus, depois na igreja, e, finalmente, em todo o mundo. Um dia se fará uma proclamação anunciando que "o reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo" (Ap. 11:15). A igreja ocupa o lugar entre o reino que se encontra na pessoa do Senhor Jesus, e sua mais ampla extensão se verá quando o mundo se transformar no reino do Senhor e do seu Cristo. O reino tem de ser encontrado no Senhor Jesus antes que seja estabelecido na igreja; tem de ser implantado na igreja antes que seja assegurado entre as nações. Não pode haver igreja sem o Senhor Jesus, e não pode haver uma extensão maior do reino de Deus sem a igreja. Quando se encontrava na terra, o Senhor obedeceu em todos os menores detalhes. Por exempio, pagou o imposto devido ao templo. Não tendo dinheiro, arranjou a moeda na boca de um peixe Novamente, quando interrogado em outra ocasião sobre o pagamento dos impostos civis, afirmou: "Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus" (Mt. 22:21). Embora: César fosse uma pessoa rebelde, fora estabelecido por Deus; consequentemente, tinha de ser obedecido) Depois de obedecermos totalmente, nosso Senhor se levantará e tratará daqueles que desobedecem.
Através de nossa obediência o reino será estendido por toda a terra. Hoje, entretanto, muitos têm consciência de pecado, mas não de rebeldia. Os homens precisam de um senso de autoridade, além do senso do pecado. Não ser sensível ao pecado prejudica a vida cristã; falta de sensibilidade diante da autoridade desqualifica a pessoa.

A igreja tem de obedecer à autoridade de Deus
Temos de saber como obedecer na igreja. Não existe autoridade dentro da igreja que não exija obediência. Deus pretende que sua autoridade se manifeste totalmente na igreja e que seu reino se estenda através da igreja. Quando a igreja tiver obedecido totalmente, toda a terra ficará sob a autoridade de Deus. Se a igreja falhar em permitir que a autoridade de Deus prevaleça dentro dela, o reino de Deus será desviado do seu alvo de cobrir toda a terra. A igreja é, portanto, o caminho para o reino; mas pode igualmente frustrar o reino. Como pode o reino de Deus se manifestar se não somos capazes de nos sujeitar a pequenas dificuldades dentro da igreja? Como pode o reino de Deus prevalecer se sempre discutimos e argumentamos entre nós? Temos grandemente atrasado o horário divino. Todos os rebeldes têm de ser expulsos para que o caminho de Deus seja desobstruído. Quando a igreja obedecer verdadeiramente, todas as nações lhe seguirão. A responsabilidade da igreja é imensa. Quando a vontade e a ordem de Deus encontrar livre acesso na igreja; seu reino certamente virá.

CAPÍTULO 7
Os homens devem obedecer à autoridade delegada
Autoridades instituídas por Deus

1. NO MUNDO
Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem \ foram por ele instituídas (Rm 18:1).

Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do Senhor; quer seja ao rei, como soberano; quer às autoridades como enviadas por ele, tanto para castigo dos malfeitores, como para louvor dos que praticam o bem (1 Pedro 2:13-14).
Deus é a fonte de toda a autoridade no universo. Considerando que todas as autoridades governantes foram por ele instituídas, então toda a autoridade é delegada por ele e representa a sua autoridade. O próprio Deus estabeleceu este sistema de autoridade a fim de se manifestar. Onde quer que as pessoas encontrem autoridade encontram Deus. Os homens podem vir a conhecer Deus através de sua presença; mas mesmo sem ela podem vir a conhecê-lo através de sua autoridade.
No jardim do Éden o homem conhecia Deus através de sua presença, ou, durante a sua ausência, lembrando-se de suas ordens. Hoje, entretanto, os homens raramente encontram Deus diretamente neste mundo. Isto, naturalmente, não se aplica àqueles que, na igreja, vivem constantemente em espírito, pois eles geralmente vêem Deus face a face. Hoje em dia o lugar onde ele mais se manifesta é nos seus mandamentos. Somente aqueles que são tolos como os lavradores da parábola de Marcos 12:1-9, precisam da presença pessoal do Proprietário da vinha para obedecer, pois na história não foram os servos e o seu Filho enviados antes dele como seus representantes? Aqueles que são estabelecidos por Deus devem exercer autoridade em lugar dele Considerando que todas as autoridades governantes foram instituídas e ordenadas por Deus, devem ser obedecidas.
Se nós realmente aprendêssemos a obedecer a Deus, não teríamos nenhum problema em reconhecer sobre quem repousa a autoridade de Deus. Mas se nós conhecemos apenas a autoridade direta de Deus, possivelmente violamos mais da metade de sua autoridade. Sobre quantas vidas podemos identificar a autoridade de Deus? Podemos escolher entre a autoridade direta de Deus e sua autoridade delegada? Não, temos de nos submeter à autoridade delegada como também à autoridade direta de Deus, pois "não há autoridade que não proceda de Deus". No que se refere às autoridades terrenas, Paulo não só exorta positivamente para que haja sujeição, mas também adverte negativamente contra a resistência. Aquele que resiste à autoridade resiste à lei do próprio Deus; aquele que rejeita a autoridade delegada por Deus rejeita a autoridade do próprio Deus. A autoridade, de acordo com a Bíblia, caracteriza-se por uma natureza única: não existe autoridade exceto a que vem de Deus. Aquele que resiste à autoridade resiste a Deus e aquele que resiste incorrerá em julgamento. Não há possibilidades de rebeldia sem julgamento. A consequência da resistência à autoridade é morte. O homem não tem escolha na questão da autoridade.

No tempo de Adão Deus deu aos homens domínio sobre toda a terra.
O que eles deveriam - governar era, entretanto, as criaturas viventes Depois do dilúvio, Deus concedeu a Noé o poder de governar os outros homens, declarando que "se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu" (Gn. 9:6). A partir daí, a autoridade de governar o homem foi concedida aos homens. Desde então tem havido governo humano sob o qual os homens são colocados. Depois de tirar o seu povo do Egito levando-o para o deserto, Deus lhe deu os Dez Mandamentos e muitas ordenanças. Entre estas, havia uma que declarava: "Contra Deus não blasfemarás, nem amaldiçoarás o príncipe do teu povo" (Êx. 22:28). Isto prova que Deus os colocou sob governantes. Já no tempo de Moisés, os israelitas que resistiam à autoridade, na verdade resistiam a Deus. Embora os governantes das nações não creiam em Deus e seus países estejam sob o domínio de Satanás, o princípio da autoridade ficou imutável. Exatamente como Israel era o reino de Deus e o Rei Davi foi escolhido por Deus, assim o Imperador Persa foi declarado estabelecido por Deus. Quando nosso Senhor estava na terra, su-jeitava-se às autoridades do governo como também à autoridade do sumo sacerdote. Pagou impostos e ensinou aos homens a dar a César o que é de. César (Mt. 22:21). Durante o interroga-tório, quando o sumo sacerdote o conjurou pelo Deus vivo para que dissesse se era o Cristo, o Filho de Deus, o Senhor imediatamente obedeceu (Mt. 26:63-64), reconhecendo assim em todas essas ocasiões que eles eram autoridades na terra. Nosso Senhor jamais tomou parte em qualquer rebelião.
Paulo mostra-nos em Romanos 13 que todos os que se encontram em posição de autoridade são servos de Deus. Temos de nos sujeitar à autoridade local sob a qual vivemos, como também à autoridade de nosso próprio país e raça. Não deveríamos desobedecer à autoridade local simplesmente porque somos de uma nacionalidade diferente. A lei não constitui terror para a boa conduta, mas para a má. Embora diferentes as leis das nações, todas elas derivam da lei de Deus; o princípio básico de todas as leis de Deus é punir o mal e recompensar o bem. Todos os poderes têm suas próprias leis. Sua função é manter e executar suas leis para que o bem seja aprovado e o mal disciplinado. Eles não empunham a espada em vão. Apesar do fato de alguns poderes exaltarem o mal e sufocarem o bem, têm de recorrer à distorção para chamar o mal de bem e o bem de mal. Não se atrevem a apresentarem-se francamente declarando que uma pessoa má seja exaltada por causa de sua maldade enquanto a boa é castigada por causa de sua bondade. Até o presente momento, todos os poderes ainda seguem pelo menos em princípio — a regra da recompensa do bem e castigo do mal. Este princípio não mudou; portanto a lei de Deus permanece em vigor virá o dia em que o iníquo anticristo subirá ao poder; então ele distorcerá todo o sistema da lei e francamente declarará que o bem é mal e vice-versa. Então os bons serão mortos e os maus exaltados.

Os símbolos da sujeição às autoridades terrenas são quatro: imposto a quem se deve imposto, tributo a quem se deve tributo, respeito a quem se deve respeito, e honra a quem se deve honra. O cristão obedece à lei não só para fugir à ira de Deus mas também por causa de sua consciência. Sua consciência o reprova se for desobediente. Por isso temos de aprender a sujeição às autoridades locais. Os filhos de Deus não deveriam levianamente criticar ou acusar o governo. Até a polícia nas ruas foi instituída por Deus pois foi comissionada para uma tarefa específica. Quando os cobradores de impostos e taxas nos procuram, qual a nossa atitude para com eles? Será que os atendemos como autoridades delegadas por Deus? Somo-lhes sujeitos?
Como é difícil obedecer se não percebemos a autoridade de Deus. Quanto mais tentamos obedecer mais difícil fica. "Especialmente aqueles que, seguindo a carne, andam em imundas paixões e menosprezam qualquer governo. Atrevidos, arrogantes, não temem difamar autoridades superiores" (2 Pedro 2:10). Quantos perdem o seu poder e desperdiçam a sua vida por causa de injúrias. Os homens não deveriam cair em um estado de anarquia. Temos de nos preocupar sobremaneira com o modo pelo qual Deus vai resolver aquilo que é injusto, embora devamos orar para que Deus discipline com base na justiça. Em qualquer circunstância, a insubordinação à autoridade é motim contra Deus. Se somos insubordinados, estaremos ajudando o princípio do anticristo. Vamos nos fazer a pergunta: Quando o mistério da anarquia está operando, somos um impedimento ou uma ajuda?

2. NA FAMÍLIA
As mulheres sejam submissas a seus próprios maridos, como ao Senhor; porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça ... Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas a seus maridos (Ef. 5:22-24).
Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa), para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra (Ef. 6:11-3).
Esposas, sede submissas aos próprios maridos, como convém no Senhor.. . Filhos, em tudo obedecei a vossos pais; pois fazê-lo é grato diante do Senhor... Servos, obedecei em tudo aos vossos senhores segundo a carne, não servindo apenas sob vigilância, visando tão-só agradar homens, mas em singeleza de coração, temendo ao Senhor (Cl. 3:18, 20, 22).

Deus estabelece sua autoridade no lar, mas muitos dos seus filhos não prestam suficiente atenção a este setor da família. Mas as epístolas, tais como Efésios e Colossenses que são consideradas as epístolas mais espirituais, não ignoram este assunto. Especificamente mencionam a sujeição no lar, pois sem ela será difícil servir a Deus. As cartas de l Timóteo e Tito tratam da questão do trabalho, mas também falam do problema familiar como algo que poderia afetar o trabalho, A primeira carta de Pedro focaliza o reino, mas também considera a rebeldia contra a autoridade familiar como rebeldia contra o reino. Quando os membros de uma família entendem a autoridade muitas dificuldades no lar desaparecem.

Deus estabeleceu o marido como autoridade delegada de Cristo, com a esposa no papel de representante da igreja. Seria difícil para a esposa ficar sujeita ao seu marido se não visse a autoridade delegada que lhe foi concedida por Deus. Ela tem de entender que o ponto principal é a autoridade divina, não o seu marido. "A fim de instruírem as jovens recém-casadas a amarem a seus maridos e a seus filhos, a serem sensatas, honestas, boas donas-de-casa, bondosas, sujeitas a seus próprios maridos, para que a palavra de Deus não seja difamada" (Tito 2:4-5). "Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vossos próprios maridos, para que, se alguns deles ainda não obedecem à palavra, sejam ganhos, sem palavra alguma, por meio do procedimento de suas esposas" (1 Pedro 3:1). "Pois foi assim também que a si mesmas se ataviaram outrora as santas mulheres que esperavam em Deus, estando submissas a seus próprios maridos, como fazia Sara, que obedeceu a Abraão, chamando-lhe senhor" (1 Pedro 3:5-6).
"Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor" (Ef. 6:1), porque Deus estabeleceu os pais como autoridade. "Honra a teu pai e a tua mãe ... para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra" (Ef. 6:2-3). Dos Dez Mandamentos este é o primeiro com promessa específica. Alguns morrem cedo por causa de sua falta em prestar honra filial enquanto que outros podem ser curados quando o seu relacionamento com os pais é normalizado. "Filhos, em tudo obedecei a vossos pais; pois fazêlo é grato diante do Senhor" (Cl. 3:20). Estar sujeito aos pais requer percepção da autoridade divina. *
Quanto a vós outros, servos, obedecei a vossos senhores segundo a carne com temor e tremor, na sinceridade do vosso coração, como a Cristo, não servindo à vista, como para agradar a homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus; servindo de boa vontade, como ao Senhor, e não como a homens (Ef. 6:5-7),
Todos os servos que estão debaixo de jugo considerem dignos de toda honra os próprios senhores, para que o nome de Deus e a doutrina não sejam blasfemados (1 Tm. 6:1).
Quanto aos servos, que sejam, em tudo, obedientes aos seus próprios senhores, dando-lhes motivo de satisfação; não sejam respondões, não furtem; pelo contrário, dêem prova de toda a fidelidade, a fim de ornarem, em todas as cousas, a doutrina de Deus, nosso Salvador (Tito 2:9-10) Se honramos a autoridade do Senhor em nossas vidas, os outros respeitarão a autoridade do Senhor em nós.
Quando Pedro e Paulo disseram essas palavras, a escravidão se encontrava no auge no Império Romano. Se a escravidão é coisa certa ou errada não é um problema que vamos considerar agora, mas precisamos entender que Deus ordenou que os servos obedecessem a seus senhores.

3. NA IGREJA
Agora vos rogamos, irmãos, que acateis com apreço os que trabalham entre vós, e os que vos presidem no Senhor e vos admoestam; e que os tenhais com amor em máxima consideração, por causa do trabalho que realizam. Vivei em paz uns com os outros. (1 Ts. 5:12-13).

Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino (1 Tm. 5:17).
E, agora, irmãos, eu vos peço o seguinte (sabeis que a casa de Estéfanas é as primícias da Acaia, e que se consagraram ao serviço dos santos): que também vos sujeiteis a esses tais, como também a todo aquele que é cooperador e obreiro (1 Co. 16:15-16).

Deus estabeleceu autoridades na igreja tais como os "presbíteros que presidem bem" e "os que se afadigam na palavra e no ensino". São aqueles a quem todos deveriam obedecer. Os mais jovens também devem aprender a sujeitar-se aos mais velhos. O apóstolo exortou os crentes coríntios a honrar especialmente homens como Estéfanas cuja família foi a primeira que se converteu na Acaia e que desejava servir os santos com grande humildade.
Na igreja as mulheres devem ficar sujeitas aos homens. Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem o cabeça da mulher, e Deus o cabeça de Cristo" (1 Co. 11:3). Deus estabeleceu que os homens representassem Cristo como autoridade, e as mulheres, a igreja em sujeição. Portanto, as mulheres deveriam usar um véu (no grego: autoridade) sobre a cabeça por causa dos anjos (1 Co. 11:10), e deveriam ficar sujeitas a seus próprios maridos.
"Como em todas as igrejas dos santos, conser-vem-se as mulheres caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar, mas estejam submissas como também a lei o determina. Se, porém, querem aprender alguma cousa, interroguem, em casa, a seus próprios maridos" (1 Co. 14:33-35). Algumas irmãs perguntam: — E se nossos maridos não souberem responder? — Bem, Deus manda perguntar; façam-no. Depois de algum tempo seu marido saberá, considerando que sendo repetidas vezes interrogado ver-se-á forçado a procurar entendimento. E assim você ajudará a seu marido e a si mesma também. "A mulher aprenda em silêncio, com toda a submissão. E não permito que a mulher ensine, nem que exerça autoridade sobre o marido; esteja, porém, em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva" (1 Tm. 2:11-13).
"Outrossim, no trato de uns com os outros, cingi-vos todos de humildade" (1 Pedro 5:5). É coisa muito vergonhosa que alguém conscientemente exiba sua posição e autoridade. Deus também instituiu autoridades no mundo espiritual. "Especialmente aqueles que, seguindo a carne, andam em imundas paixões e menosprezam qualquer governo. Atrevidos, arrogantes, não temem difamar autoridades superiores, ao passo que anjos, embora maiores em força e poder, não proferem contra elas juízo infamante na presença do Senhor" (2 Pedro 2:10-11). Somos informados aqui de um fato muitíssimo significativo: que há autoridades e posições gloriosas no mundo espiritual sob as quais os anjos são colocados, Embora algumas tenham fracassado, os anjos não se atrevem a injuriá-las uma vez que são superiores. Depois de sua queda, embora você possa falar sobre o fato da queda, você não pode acrescentar o seu juízo, pois o fato mais o juízo é coisa injuriosa.
"Contudo, o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo, e disputava a respeito do corpo de Moisés, não se atreveu a proferir juízo infamatório contra ele; pelo contrário, disser o Senhor te repreenda" (Judas 9). Por quê? Porque numa certa ocasião Deus estabeleceu Lúcifer como o chefe dos arcanjos; e Miguel, sendo um arcanjo, estivera sob sua autoridade. Mais tarde Miguel, em obediência a Deus, procurou o corpo de Moisés porque um dia Moisés teria de ressuscitar dos mortos (possivelmente no Monte da Transfiguração). Quando Miguel foi impedido por Satanás, ele poderia, com espírito de rebeldia, ter-se havido com esse rebelde, Satanás, abrindo a sua boca e injuriando-o. Mas ele não se atreveu. Tudo o que disse foi: "O Senhor te repreenda." (Com os homens o caso é diferente, uma vez que Deus nunca colocou os homens sob a autoridade de Satanás. Embora tenhamos caído sob o seu governo, jamais fomos colocados sob a sua autoridade.) Dentro do mesmo princípio, Davi durante um determinado período submeteu-se à autoridade delegada a Saul. Consequentemente, ele não se atreveu a contrariar a desvanecente autoridade de Saul. Que coisa dignificante é a autoridade delegada no reino espiritual! Não deve ser desprezada; qualquer injúria contra ela resultará em perda de poder espiritual.
Se você já tomou conhecimento da autoridade em sua vida então você terá capacidade de perceber a autoridade de Deus em toda parte. Aonde quer que você vá, sua primeira pergunta será: A quem devo obedecer, a quem devo atender? Um cristão deve ser sensível em dois pontos: para com o pecado e para com a autoridade. Mesmo quando dois irmãos se consultam mutuamente, embora cada um possa apresentar a sua opinião, só um deles toma a decisão final. Em Atos 15 houve um concílio. Os jovens também, além dos velhos, puderam levantar-se para falar. Cada irmão pôde apresentar a sua opinião. Mas depois que Pedro e Paulo terminaram de falar, Tiago levantou-se para apresentar a decisão. Pedro e Paulo só relataram fatos, mas Tiago fez o julgamento. Mesmo entre os anciãos ou apóstolos havia uma ordem. "Porque eu sou o menor dos apóstolos", disse Paulo (1 Co. 15:9). Alguns apóstolos são maiores, outros menores. Esta ordem não foi estabelecida pelo homem; todavia, cada um precisa saber onde foi colocado. Que maravilhoso testemunho e que lindo quadro! É disso que Satanás tem medo, pois é o que finalmente provocará a queda do seu reino. Pois quando todos nós estivermos no caminho da obediência, Deus virá julgar o mundo.

Seja destemidamente sujeito à autoridade delegada
Que risco foi para Deus instituir autoridades! Que perda Deus sofre quando as autoridades delegadas que instituiu não o representam devidamente! Contudo, indômito, Deus estabeleceu tais autoridades. É muito mais fácil para nós destemidamente obedecer às autoridades do que para Deus instituí-las. Não poderíamos, portanto, obedecê-las sem temor, uma vez que o próprio Deus não teve receio de confiar autoridade aos homens? Assim como Deus ousadamente estabeleceu autoridades, vamos corajosamente obedecê-las. Se algo ficar faltando, a falta não estará conosco mas com as autoridades, pois o Senhor declara: "Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores" (Rm. 13:1).
"Quem receber esta criança em meu nome, a mim me recebe" (Lucas 9:48). Para o Senhor representar o Pai não há problema. O Pai tem confiança nele e nos pede que confiemos nele como confiaríamos no Pai. Mas aos olhos do Senhor estas crianças também o representam. Ele tem fé nestas crianças e nos exorta a que as recebamos como o recebemos. Quando enviou seus discípulos, o Senhor lhes disse que "quem vos der ouvidos, ouve-me a mim, e, quem vos rejeitar, a mim me rejeita" (Lucas10:16). O que quer que aqueles discípulos dissessem ou decidissem seria reconhecido como representando o Senhor. Como o Senhor foi destemido quando lhes delegou sua autoridade!
Ele reconheceu cada palavra que enunciaram em seu nome. Portanto aqueles que os rejeitaram, rejeitaram o Senhor.    Ele não preveniu os discípulos a não falar levianamente. Não ficou nem um pouco apreensivo de que errassem. Teve a fé e a ousadia de lhes confiar a sua autoridade. Os judeus, entretanto, eram diferentes. Duvidaram e perguntaram: "Como isto pode acontecer? Como podemos ter certeza de que será assim? Precisamos de tempo para pensar." Não tiveram coragem para crer e tiveram muito medo. Imaginemos que você é o diretor de uma instituição. Enviando um representante, você lhe diz que reconhecerá tudo o que fizer de acordo com o que achar melhor e que as pessoas que o ouvirem estarão ouvindo a você mesmo. Naturalmente você exigirá dele que lhe preste um relatório diário para que não cometa nenhum erro. Mas o Senhor nos fez representantes plenipotenciários. Que confiança teve em nós! Será que podemos confiar menos quando o Senhor demonstrou tal confiança na autoridade que delegou?
Talvez as pessoas argumentem: "E se a autoridade estiver errada?" A resposta é: Se Deus teve coragem de confiar sua autoridade aos homens, então precisamos de coragem para obedecer. Se a pessoa com autoridade está certa ou errada não nos diz respeito, uma vez que é diretamente responsável para com Deus. Os obedientes só precisam obedecer; o Senhor não nos considerará responsáveis por qualquer erro devido à obediência, mas, antes, considerará responsável a autoridade delegada pelo erro cometido. A insubordinação, entretanto, é rebeldia, e, por esta, aquele que se encontra debaixo da autoridade terá de responder a Deus. Fica portanto explícito que nenhum elemento humano está envolvido nesta questão da autoridade. Se a nossa sujeição for simplesmente dirigida a um homem todo o significado da autoridade fica perdido. Quando Deus institui sua autoridade delegada ele fica obrigado por sua honra a manter essa autoridade. Cada um de nós é responsável diante de Deus nessa questão. Vamos tomar o cuidado de não cometer erros.

Rejeitar a autoridade delegada é uma afronta a Deus
Toda a parábola registrada em Lucas 20:9-16 focaliza a questão da autoridade delegada. Deus não veio pessoalmente para receber o que lhe era devido depois que arrendou a vinha aos lavradores. Três vezes enviou seus servos e na quarta vez enviou o seu próprio Filho. Todos foram seus delegados. Queria ver se os lavradores se sujeitariam às autoridades por ele delegadas, Ele poderia ter vindo pessoalmente, mas enviou representantes. Aos olhos de Deus aqueles que rejeitam seus servos rejeitam-no pessoalmente. É impossível que ouçamos a palavra de Deus e não as palavras dos seus delegados. Se estamos sujeitos à autoridade de Deus, então também devemos ficar sujeitos à sua autoridade delegada. Noutras passagens, além de Atos 9:4-15 que exemplifica a autoridade direta do Senhor, o restante da Bíblia demonstra a autoridade que ele delegou aos homens. Pode-se dizer que ele concedeu quase toda a sua autoridade aos homens. Os homens podem frequentemente pensar que são simplesmente sujeitos a outros homens, mas aqueles que conhecem a autoridade percebem que estes outros homens são autoridades delegadas por Deus. Não é preciso humildade para ser obediente à autoridade direta de Deus, mas é preciso modéstia e quebrantamento para ficar sujeito à autoridade delegada. Se uma pessoa não se despojar completamente da carne não será capaz de aceitar e atender à autoridade delegada. Vamos tomar consciência de que, em vez de vir pessoalmente, ele enviou seus delegados para recolher aquilo que lhe é devido. Qual, então, deveria ser a nossa atitude para com Deus? Deveríamos esperar que Deus viesse pessoalmente? Lembre-se de que quando ele aparecer virá para julgar, não para recolher!
O SENHOR mostrou a Paulo como ele tinha recalcitrado contra os aguilhões quando resistiu ao SENHOR. Quando Paulo viu a luz e a autoridade, entretanto, perguntou: "Que queres que eu faça, Senhor?" Com esta atitude colocou-se sob a autoridade direta do Senhor. Não obstante, o Senhor imediatamente desviou Paulo para sua autoridade delegada. "Levanta-te, e entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer" (Atos 9:6).
Dali em diante Paulo reconheceu a autoridade. Não se considerou tão excepcional que só ouviria se o próprio Senhor lhe dissesse o que fazer. Durante seu primeiro encontro o Senhor colocou Paulo sob sua autoridade delegada. E nós? Considerando que cremos no Senhor, até que ponto estivemos sujeitos à autoridade delegada? A quantas autoridades delegadas temo-nos sujeitado? No passado Deus ignorou nossas transgressões porque éramos ignorantes, mas agora temos de pensar seriamente nas autoridades delegadas por Deus. O que Deus enfatiza não é a sua própria autoridade mas as autoridades indiretas que ele estabeleceu, todos aqueles que são insubordinados às autoridades indiretas de Deus não estão sujeitos à autoridade direta de Deus. Para conveniência da explanação, fazemos distinção entre autoridade direta e autoridade delegada; para Deus, entretanto, só existe uma única autoridade. Não desprezemos as autoridades no lar e na igreja; não negligenciemos todas aquelas autoridades delegadas. Embora Paulo ficasse tomado pela cegueira, esperou por Ananias com seus olhos interiores bem abertos. Ver Ananias foi como ver o Senhor; ouvi-lo foi como ouvir o Senhor.
A autoridade delegada é tão séria que se alguém a ofende fica em desacordo com Deus. Ninguém pode esperar obter luz diretamente do Senhor se recusar-se a receber luz da autoridade delegada. Paulo não raciocinou: "Uma vez que Cornélio pediu para falar com Pedro, eu vou procurar Pedro ou Tiago; eu não vou aceitar que este humilde irmão Ananias exerça autoridade sobre mim." É absolutamente impossível rejeitar a autoridade delegada e continuar sujeito diretamente a Deus; rejeitar o primeiro é o mesmo que rejeitar o segundo. Só um louco tem prazer em falhar diante da autoridade delegada. Aquele que não gosta dos delegados divinos não gosta do próprio Deus. É a natureza rebelde do homem que fá-lo desejar obedecer à autoridade direta de Deus sem ficar sujeito às autoridades delegadas que Deus estabeleceu.

Deus respeita sua autoridade delegada
Números 30 trata da questão do voto ou promessa feita por uma mulher. Enquanto estivesse na casa de seu pai durante a sua mocidade o voto ou promessa feita por uma mulher seria válido só se o pai não tivesse nada contra ele. Se ela fosse casada, seu voto teria de ser aprovado ou desaprovado por seu marido. A autoridade direta agiria sobre o que a autoridade delegada consentisse ou anularia aquilo que esta cancelasse. Deus gosta de delegar sua autoridade e também respeita seus delegados. Considerando que a mulher se encontrava sob a autoridade do marido, Deus preferia que ela obedecesse à autoridade a que cumprisse o seu voto. Mas se o marido como autoridade delegada errasse, Deus certamente lidaria com ele, pois ele levaria a iniquidade dela. A mulher não era considerada responsável. Assim, esta passagem das Escrituras nos mostra como não podemos ignorar a autoridade delegada para nos sujeitarmos à autoridade de Deus. Tendo delegado sua autoridade aos homens, o próprio Deus não suplanta a autoridade delegada; antes ele se restringe pela autoridade que delegou. Ele confirma o que a autoridade delegada confirmou e anula o que também foi anulado. Deus sempre mantém a autoridade que delegou. Ficamos, portanto, sem outra escolha a não ser sujeitarmo-nos às autoridades governantes. Todo o Novo Testamento se apóia na autoridade delegada. A única exceção se encontra em Atos 5:29 quando Pedro e os apóstolos responderam ao concílio judeu que lhes proibia ensinar em nome do Senhor Jesus. Pedro respondeu dizendo: "Antes importa obedecer a Deus do que aos homens." Isto porque a autoridade delegada, neste caso, transgrediu distintamente a ordem de Deus e pecou contra a Pessoa do Senhor. Uma resposta como essa de Pedro só poderia ser dada nesta situação particular. Em todas as outras circunstâncias temos de aprender a nos sujeitarmos às autoridades delegadas. Jamais deveríamos produzir obediência através da rebeldia.


CAPÍTULO 8
A autoridade do corpo (a Igreja)

Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo. Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito. Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos. Se disser o pé: Porque não sou mão, não sou do corpo; nem por isso deixa de ser do corpo. Se o ouvido disser: Porque não sou olho, não sou do corpo; nem por isso deixa de o ser. Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde o olfato? Mas Deus dispôs os membros, colocando cada um deles no corpo, como lhe aprouve. Se todos, porém, fossem um só membro, onde estaria o corpo? O certo é que há muitos membros, mas um só corpo. Não podem os olhos dizer à mão: Não precisamos de ti; nem ainda a cabeça, aos pés: Não preciso de vós (1 Co. 12:12-21).


Se teu irmão pecar (contra ti), vai argui-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça. E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra, terá sido ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra, terá sido desligado no céu (Mt. 18:15-18).

  A autoridade se expressa de maneira mais completa no corpo

A mais ampla expressão da autoridade de Deus se encontra no corpo de Cristo, sua Igreja. Embora Deus tenha estabelecido o procedimento da autoridade neste mundo, nenhum daqueles relacionamentos (governantes e povo, pais e filhos, maridos a esposas, senhores e servos), pode dar à autoridade sua expressão mais ampla. Considerando que as muitas autoridades governantes na terra são todas institucionais, sempre há a possibilidade da aparência de subordinação sem que haja realmente sujeição do coração. Não há modo de averiguar se as pessoas estão seguindo uma ordem do governante com sinceridade ou simplesmente estão prestando obediência de boca. Também é difícil dizer se os filhos estão atendendo aos pais de todo o coração ou não. Por isso a sujeição à autoridade não pode ser exemplificada pelo modo como os filhos estão sujeitos aos pais, os servos aos sem: senhores, ou o povo aos governantes. Contudo a autoridade de Deus não pode ser estabelecida sem sujeição, nem poderia se a sujeição não fosse do coração. Então, novamente, todos esses exemplos de sujeição ficam dentro do raio de ação dos relacionamentos humanos; consequentemente são temporais e estão sujeitos à separação. Portanto fica claro que a sujeição absoluta e perfeita não se pode encontrar neles.

Só o relacionamento entre Cristo e a igreja pode expressar totalmente a autoridade e a obediência. Pois Deus não chamou a igreja para ser uma instituição; ordenou que fosse o corpo de Cristo. Frequentemente pensamos que a igreja é uma reunião de crentes com a mesma fé ou um ajuntamento de corações amorosos, mas Deus a vê de maneira diferente. Ela não representa só a mesma fé e o amor unido, mas muito mais, como se fosse um só corpo. A igreja é o corpo de Cristo, enquanto Cristo é o Cabeça da igreja. Os relacionamentos de pais e filhos, senhores e servos, e até mesmo maridos e esposas, todos podem ser interrompidos, mas o corpo físico não pode ser separado de sua cabeça; são um para sempre. Do mesmo modo, Cristo e a igreja também não podem nunca ser separados. A autoridade e a obediência encontradas em Cristo e na igreja são de uma natureza tão perfeita que ultrapassam todas as outras expressões de autoridade e obediência.
Apesar do amor que os pais têm para com seus filhos, estão sujeitos ao uso ilegal de sua autoridade. Semelhantemente, os governos podem emitir ordens erradas ou os senhores podem abusar de sua autoridade. Neste mundo, a autoridade, assim como a obediência, são todas imperfeitas. Isto explica por que Deus desejou estabelecer uma autoridade perfeita e uma obediência perfeita em Cristo e na igreja, sendo ele o Cabeça e ela o corpo. Os pais podem às vezes magoar seus filhos, os maridos às esposas, os senhores aos servos, e os governos ao povo. Mas nenhuma cabeça fará mal ao seu próprio corpo; a autoridade da cabeça não está sujeita a erro, mas é perfeita. Do mesmo modo, a obediência do corpo à cabeça é perfeita. Logo que a cabeça concebe uma idéia, os dedos se movem naturalmente, harmoniosamente, silenciosamente. A intenção de Deus para nós é que prestemos obediência completa; ele não se satisfará até que sejamos colocados no mesmo grau de obediência do corpo para com a sua cabeça. Isto vai muito além do que pode ser representado pelo relacionamento entre marido e esposas, uma vez que maridos e esposas são entidades separadas. Mas em Cristo os dois são um: Ele é a obediência e também a autoridade. São um nele. Isto difere do mundo, porque nesse campo de ação a autoridade e a obediência são duas coisas separadas. Isto não acontece com o corpo e a cabeça; os movimentos do corpo exigem pouco esforço da cabeça; o corpo se movimenta com graça ao menor impulso da cabeça. Este é o tipo de obediência que satisfaz a Deus, não a sujeição que os filhos têm aos pais ou esposas aos maridos, mas como o corpo tem para com a cabeça. Como isto difere da sujeição pela subjugação!

Depois que uma pessoa aprende mais sobre a obediência, verá a diferença entre a ordem de Deus e a vontade de Deus. A primeira é uma palavra enunciada por Deus enquanto a última é uma idéia concebida pela mente de Deus. A ordem tem de ser enunciada mas a vontade pode silenciar. O Senhor Jesus agia de acordo com ambas, a vontade e a palavra de Deus. Do mesmo modo Deus vai operar em seu povo até que o relacionamento entre Cristo e a igreja siga o mesmo padrão do relacionamento entre Deus e o seu Cristo. Deus deve continuar trabalhando até que obedeçamos a Cristo assim como Cristo obedece a Deus. A primeira fase do trabalho divino é fazer-se ele mesmo o Cabeça de Cristo. A segunda fase é tornar Cristo o Cabeça da igreja. Deus vai trabalhar até que obedeçamos à sua vontade instantaneamente sem mesmo haver necessidade de sermos disciplinados pelo Espírito Santo. A terceira fase é tornar o reino deste mundo no reino de nosso Senhor e do seu Cristo. A primeira fase já foi realizada, a terceira está por vir. Atualmente nos encontramos na fase do meio. Seu cumprimento é absolutamente essencial para a vinda da terceira fase. Estamos aqui para obedecer a fim de que Deus possa realizar sua vontade, ou para desobedecer e assim atrapalhar a obra de Deus? Deus tem procurado estabelecer sua autoridade no universo, e a chave disso é a igreja. A igreja está no meio, servindo de pivô. Nisto, Deus nos reveste com muito maior glória. Sobre os nossos ombros está a responsabilidade de manifestar autoridade.

      Resistir à autoridade dos membros é resistir à cabeça
 Embora a autoridade do corpo às vezes seja manifestada diretamente, muitas vezes ela se manifesta de maneira indireta. O corpo não está apenas sujeito à cabeça; além disso, seus diversos membros ajudam-se mutuamente e estão sujeitos uns aos outros. As mãos direita e esquerda não têm comunicação direta; é a cabeça que as movimenta. A mão esquerda não tem capacidade de orientar a mão direita, e vice-versa. A mão também não tem capacidade de ordenar aos olhos que olhem, mas simplesmente notifica à cabeça e deixa que a cabeça ordene aos olhos. Por isso, todos os diversos membros estão igualmente ligados à cabeça. Faça o que fizer um membro, tudo se atribui à cabeça. Quando meus olhos olham, sou eu que estou olhando; e o mesmo acontece com o andar e o trabalhar. Podemos, portanto, concluir que frequentemente julgar o membro é julgar a cabeça. A mão não pode ver; tem de aceitar o julgamento do olho. Se a mão pedir à cabeça para olhar, ou se a mão pedir para ver por si mesma, seria pedir de maneira errada. Mas é justamente aí que jaz a falta comum dos filhos de Deus. Precisamos reconhecer nos outros membros a autoridade da Cabeça. A função de cada membro é limitada; o olho vê, a mão trabalha, e o pé caminha; devemos, portanto, aprender a aceitar as funções dos outros membros. Não devemos recusar a função de qualquer membro. Se o pé rejeitasse a mão, seria o mesmo que rejeitar a Cabeça. Mas se aceitamos a autoridade de um membro, é o mesmo que aceitar a autoridade da Cabeça. Através da comunhão todos os outros membros podem constituir a minha autoridade. Embora a função da mão no corpo físico seja tremenda, ela tem de aceitar a função do pé no momento em que precisar andar. A mão não pode ver cores, por isso tem de aceitar a autoridade do olho. A função de cada membro constitui a sua autoridade.

    As riquezas de Cristo são autoridade
É impossível fazer de cada membro um corpo completo; cada um de nós tem de aprender a permanecer na posição de membro e aceitar as operações dos outros membros. O que os outros vêem e ouvem é como se eu visse e ouvisse. Aceitar as operações dos outros membros é aceitar as riquezas da Cabeça. Nenhum membro pode dar-se ao luxo de ser independente, uma vez que cada um é membro do corpo; tudo o que fizerem os outros membros é considerado como operação de todos os membros e portanto operação do corpo. O problema de hoje é que a mão insiste em ver, mesmo depois que o olho já viu. Cada um deseja ter tudo em si mesmo, recusando aceitar a provisão dos outros membros. Isto cria pobreza para o próprio membro e também para a igreja.
 A autoridade é apenas uma outra expressão das riquezas de Cristo. Só aceitando as funções dos outros — aceitando sua autoridade — recebe-se a riqueza de todo o corpo. Submeter-se à autoridade dos outros membros é possuir suas riquezas. A insubordinação cria pobreza. "Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso" (Mt. 6:22); se o teu ouvido é bom, todo o corpo ouvirá. Geralmente interpretamos mal a autoridade como algo que nos oprime, nos magoa, nos perturba. Deus não tem um conceito assim. Ele usa autoridade para suprir nossas falhas. Sua motivação para instituição da autoridade é conceder--nos suas riquezas e suprir as necessidades dos fracos. Ele não quer que você fique anos a fio esperando e atravesse muitos dias negros e cheios de sofrimento antes que seja capaz de ver por si mesmo.
A essa altura você poderá ter levado muitos para as trevas. Na verdade, você se transformaria num cego guiando cegos. Que prejuízos Deus sofreria por seu intermédio! Não, primeiro ele opera na vida de outro, e opera de maneira total, para poder colocar essa pessoa como autoridade sobre você para que você aprenda a obediência e possua o que nunca possuiu antes. A riqueza dessa pessoa se torna sua riqueza. Se você fizer vista grossa a este procedimento divino, ainda que viva cinquenta anos ficará muito atrás do que aquela pessoa alcançou. A maneira pela qual Deus nos garante a sua graça é dupla; às vezes, embora seja raro, concede-nos a sua graça diretamente; na maioria das vezes ele no-la concede indiretamente — isto é, Deus coloca sobre nós irmãos e irmãs na igreja que são mais desenvolvidos espiritualmente para que aceitemos o julgamento deles como nosso. Com isto nos tornamos aptos a possuir as riquezas deles sem que passemos por dolorosas experiências. Deus depositou muita graça na igreja, mas ele dispensa a cada membro alguma graça em particular, tal como cada estrela tem a sua própria glória. Assim, a autoridade apresenta as riquezas da igreja. A riqueza de cada membro é a riqueza de todos. Rebelar-se é preferir o caminho da pobreza. Resistir à autoridade é rejeitar os meios da graça e da riqueza.

      Distribuição de funções também é uma delegação de autoridade
Quem se atreveria a desobedecer à autoridade do Senhor? Mas vamos nos lembrar de que a autoridade dos membros que Deus coordenou no corpo também precisa ser atendida. Deus reuniu muitos membros, e é rebeldia total alguém re-cusar-se a ajudar os outros membros. Às vezes o Senhor usa um membro de maneira direta, mas em outras ocasiões ele usa outro membro para suprir a necessidade daquele membro. Quando a cabeça orienta o olho para olhar, todo o corpo tem de aceitar a visão daquele olho como sua visão. Tal distribuição de funções é uma delegação de autoridade; isto também representa a autoridade da cabeça. Se os outros membros tiverem a presunção de ver por si mesmos, estarão sendo rebeldes. Jamais seja tolo a ponto de imaginar-se todo-poderoso. Lembre-se sempre que você não passa de um membro; você tem de aceitar as operações dos outros membros. Quando você se submete a uma autoridade visível está em perfeita harmonia com a Cabeça, uma vez que o fato de alguém ter o que você precisa constitui sua autoridade. Todo aquele que tem um talento tem um ministério, e todo aquele que tem um ministério tem autoridade. Só o olho pode ver; portanto, quando houver necessidade de visão, você tem de se submeter à autoridade do olho e receber o que ele tem para dar. 0 ministério concedido por Deus é autoridade; ninguém pode rejeitá-lo. A maior parte das pessoas quer receber autoridade direta de Deus, porém Deus mais frequentemente estabelece autoridades indiretas ou delegadas para obedecermos. Através delas recebemos suprimento espiritual.


      A vida torna fácil a obediência
 Para o mundo, assim como foi para os israelitas, é difícil obedecer, porque não há um elo de vida. Mas para nós que temos um relacionamento vital, desobedecer é que é difícil. Há uma unidade interna — uma vida e um Espírito, o Espírito Santo orientando e controlando tudo. Sentimo-nos felizes e em paz quando nos sujeitamos uns aos outros. Se tentamos colocar todo o fardo sobre os nossos próprios ombros, ficamos cansados. Mas se o fardo é distribuído entre os diversos membros, sentimo-nos em paz. Que tranquilidade é aceitar as restrições do Senhor. Ficando sujeitos à autoridade dos outros membros, experimentamos uma grande emancipação. Mas colocarmo-nos no lugar de outros faz com que nos sintamos muito artificiais. A obediência é natural; desobedecer é difícil.
O Senhor chamou-nos para aprender a obediência no corpo, na igreja, como também no lar e no mundo. Temos de aprender bem no corpo, para não encontrarmos dificuldades em outros setores. A igreja é o lugar onde temos de começar a aprender obediência. É o lugar do cumprimento como também o lugar da provação. Se fracassarmos ali, fracassaremos em qualquer lugar. Se aprendemos bem na igreja, os problemas do reino, do mundo, e do universo poderão ser resolvidos. No passado, tanto a autoridade como a obediência eram objetivas, isto é, uma sujeição externa a um poder externo. Hoje a autoridade tornou-se uma coisa viva, algo interno. Autoridade e obediência encontram-se no corpo de Cristo. Instantaneamente ambos se tornam subjetivos e as duas se mesclam numa só.
 Eis aí a mais alta expressão da autoridade de Deus. Autoridade e obediência atingem sua consumação no corpo. Vamos nos edificar aqui; não podemos de outro modo. O lugar onde entramos em contato com a autoridade é o corpo. A Cabeça (a fonte da autoridade) e os membros (cada um com sua função, ministrando mutuamente como autoridade delegada além de obedecer à autoridade) tudo se encontra na igreja. Se fracassarmos em reconhecer a autoridade aqui, não há outra saída.









CAPÍTULO 9
As manifestações da rebeldia do homem

 Em que setores particulares a rebeldia do homem se manifesta mais obviamente? Em palavras, razão e pensamentos. Se não tratarmos esses setores de maneira prática, a esperança de livramento da rebeldia é muito obscura.

1.      PALAVRAS
Especialmente aqueles que, seguindo a carne, andam em imundas paixões e menosprezam qualquer governo. Atrevidos, arrogantes, não temem difamar autoridades superiores, ao passo que anjos, embora maiores em força e poder, não proferem contra eles juízo infamante na presença do Senhor. Esses, todavia, como brutos irracionais, naturalmente feitos para presa e destruição, falando mal daquilo em que são ignorantes, na sua destruição também hão de ser destruídos (2 Pedro 2:10-12). Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por estas cousas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência (Ef. 5:6). Ora, estes, da mesma sorte, quais sonhadores alucinados, não só contaminam a carne, como rejeitam governo, e difamam autoridades superiores. Contudo, o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo, e disputava a respeito do corpo de Moisés, não se atreveu a proferir juízo infamatório contra ele; pelo contrário; disse: O Senhor te repreenda. Estes, porém, quanto a tudo o que não entendem, difamam; e, quanto a tudo o que compreendem por instinto natural, como brutos sem razão, até nessas cousas se corrompem (Judas 8-10). Raça de víboras, como podeis falar cousas boas, sendo maus? porque a boca fala do que está cheio o coração (Mt. 12:34).

     As palavras são o escoadouro do coração
Um homem rebelde de coração acabará proferindo palavras rebeldes, pois do que está cheio o coração a boca fala. Para reconhecer a autoridade, é preciso que primeiro se entre em con-tato com a autoridade; caso contrário, jamais se obedecerá. O simples ouvir uma mensagem sobre obediência é totalmente ineficaz. É preciso que haja um encontro com Deus; então o fundamento da autoridade de Deus será estabelecido em sua vida. Depois disso, sempre que proferir uma palavra rebelde — não, antes mesmo que a profira — tomará consciência de sua transgressão e assim ficará internamente impedido. Se alguém pode livremente pronunciar palavras de rebeldia sem qualquer sentimento interno de restrição, certamente jamais teve contato com a autoridade. É muito mais fácil pronunciar palavras rebeldes do que efetuar atos de rebeldia. A língua é difícil de ser domada. Muito rapidamente a rebeldia de um homem se expressa através de sua língua. Ele pode concordar com uma pessoa diante dela mas injuriá-la pelas costas; pode manter silêncio diante de um homem mas tem muito a dizer em altas vozes depois. Não é difícil usar a boca em atitude de rebeldia. Os componentes da sociedade de hoje são todos rebeldes; só prestam culto de boca e sujeição externa. A igreja tem de ser diferente; na igreja deveria haver obediência do coração. Se há ou não obediência do coração é fácil de perceber pelas palavras que saem da boca de uma pessoa. Deus quer obediência de coração.

      Eva levianamente acrescentou algo à palavra de Deus
 Quando Eva foi tentada, ela acrescentou "nem tocareis nele" à palavra de Deus (Gn. 3:3). Vamos tomar consciência da seriedade disto. Se alguém conhece a autoridade de Deus jamais ousará acrescentar uma sílaba. A palavra de Deus é bastante clara: "De toda árvore do jardim comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gn. 2:16-17). Deus jamais disse "nem tocareis"; isto foi acrescentado por Eva. Todos aqueles que levianamente mudam a palavra de Deus, acrescentando ou omitindo, dão evidência de que não conhecem a autoridade; portanto são rebeldes e ignorantes. Imaginem alguém que foi enviado pelo governo a algum lugar como representante ou por-ta-voz; certamente a pessoa se esforçará muito tentando memorizar o que foi encarregada de dizer; não se atreveria a acrescentar qualquer palavra sua. Embora Eva visse Deus diariamente, não reconheceu a autoridade; portanto, levianamente, acrescentou suas próprias palavras. Talvez imaginasse que não havia muita diferença numas poucas palavras a mais ou a menos. Não, mesmo uma pessoa deste mundo, servindo um senhor deste mundo, não se atreveria a mudar livremente as palavras do seu senhor. Como, então, nos atreveríamos nós que servimos ao Deus vivo?

      Cão publicou o fracasso de seu pai
Vamos ver o que Cão fez quando viu a nudez de seu pai. Saiu para contá-lo a seus irmãos, Sem e Jafé. Aquele que é insubordinado de coração sempre espera que a autoridade fracasse. Assim Cão teve a sua oportunidade de revelar a falta de seu pai. Fazendo assim comprovou plenamente que não estava de todo sujeito à autoridade dele. Geralmente submetia-se a seu pai por fora, mas não de todo coração. Agora, porém, quando descobriu a fraqueza de seu pai, aproveitou a oportunidade para publicá-la aos irmãos. Hoje em dia, muitos irmãos, devido a uma falta de amor, sentem prazer em criticar pessoas e deleitam-se grandemente em revelar as faltas dos outros.Cão não tinha nem amor nem submissão. É uma manifestação de rebeldia.

Miriã e Arão injuriaram Moisés
 Números 12 registra como Miriã e Arão falaram contra Moisés e introduziram problemas familiares no trabalho. Moisés ocupava uma posição única na vocação divina; Miriã e Arão eram simples subordinados. Era a ordem de Deus. Não obstante, os dois se rebelaram contra aquela ordem e expressaram seus sentimentos falando contra Moisés. Não conheciam a autoridade, uma vez que o reconhecimento da autoridade sela bocas e resolve muitos problemas. Dificuldades naturais são resolvidas logo que se coloquem diante da autoridade. Miriã simplesmente disse: "Porventura tem falado o Senhor somente por Moisés? não tem falado também por nós?" (versículo 2). Ela não parece ter dito muita coisa, mas Deus percebeu que era injurioso. Provavelmente ela tinha muitas outras palavras que não foram proferidas, exatamente como um "iceberg" tem visível sobre a superfície apenas um décimo de sua massa, enquanto os outros nove décimos permanecem escondidos na água. Por mais inconsequentes que as palavras sejam, se houver um espírito rebelde na pessoa, será imediatamente descoberto por Deus. A rebeldia geralmente se manifesta em palavras. Não importa se sejam frívolas ou sérias, são rebeldia.

       Core a seu grupo atacaram Moisés
 Em Números 16, Core e seu grupo de duzentos e cinquenta líderes da congregação reuniram-se para atacar Mosiés. Atacaram-no com palavras. Disseram tudo o que estava em seus corações. Reclamaram de Moisés. Embora Miriã falasse contra ele, suas palavras foram reprimidas; por isso ela pôde ser restaurada. Mas Core e seu grupo, como uma torrente incontrolável, desligou-se de toda restrição. Vemos aí dois diferentes graus de rebeldia: alguns caem em desgraça mas são finalmente restaurados, enquanto outros devem ser engolidos pelo Seol, pois não têm nenhuma repressão. Esses de Números 16, além de falarem contra Moisés, também o censuraram aberta e severamente. A situação foi tão séria que Moisés nada pôde fazer a não ser se prostrar ao chão. Como foram graves suas acusações! Disseram a Moisés: "Basta! ... por que, pois, vos exaltais sobre a congregação do Senhor?" (versículo 3). Era como se dissessem: "Reconhecemos que Deus está no meio da congregação, pois a congregação é santa, mas não reconhecemos sua autoridade pois você é um usurpador."
Aprendemos neste exemplo que todo aquele que atende à autoridade direta de Deus mas rejeita a autoridade delegada continua, não obstante, sob o princípio da rebeldia. Se uma pessoa fosse submissa à autoridade, certamente controlaria sua boca não ousaria falar tão livremente Quando Paulo foi julgado pelo concílio falou como profeta ao sumo sacerdote dizendo: "Deus há de ferir-te parede branqueada" (Atos 23:3). Mas ele também era judeu, por isso tão-logo foi informado que Ananias era o sumo sacerdote voltou atrás, dizendo: "Não sabia, irmãos, que ele é sumo sacerdote; porque está escrito: Não falarás mal de uma autoridade do teu povo" (versículo 5). Que cuidado teve com suas palavras e com que escrúpulo controlou sua boca.

      A rebeldia está ligada à indulgência da carne
       O apóstolo Paulo mencionou aqueles que desprezam a autoridade imediatamente depois de falar daqueles que são indulgentes na concupiscência das paixões que corrompem. O sintoma daqueles que desprezam a autoridade é resposta pronta, isto é, a enunciação das palavras rebeldes. Os semelhantes se atraem. Uma pessoa naturalmente se ligará àqueles que são iguais a ela e se comunicará com aqueles que têm a mesma natureza. O rebelde e o carnal andam juntos. Deus os considera iguais. O rebelde e o carnal são tão maus e obstinados que não têm medo de injuriar os gloriosos. Aqueles que conhecem Deus tremem ao fazê-lo. É concupiscência da boca falar palavras injuriosas. Se tal pessoa conhecesse a Deus, ficaria arrependida e se odiaria porque saberia o quanto Deus odeia uma atitude assim. Os anjos antes se encontravam sob a jurisdição desses seres gloriosos, por isso não se atreveram a pronunciar um julgamento injurioso sobre estes diante do Senhor. Tiveram a cautela de não armazenar uma atitude rebelde em se tratando daqueles espíritos que não permaneceram em sua antiga posição.
Pelo mesmo motivo, não deveríamos injuriar aos outros, falando contra eles diante de Deus, nem mesmo em nossas orações. Davi provou ser pessoa que manteve sua posição reconhecendo que Saul era o ungido do Senhor. O poder de Satanás é estabelecido por aqueles que não ficam no seu lugar, enquanto os anjos permanecem no seu lugar. Pedro usa os anjos para exemplificar este princípio do lugar de cada um para que sejamos mais cuidadosos nesse aspecto. Há duas coisas que levam os cristãos a perder o seu poder: 1) pecado, 2) injúria à autoridade. Sempre que uma pessoa fala contra outra, significa perda de poder) Perda de poder é maior quando a desobediência é expressa em palavras do que quando parmenece escondida no coração. 0 efeito das palavras sobre o poder excede muito aquilo que percebemos comumente. É verdade que diante de Deus o pensamento de um homem é julgado como se fosse um ato. Aquele que concebe o mal já cometeu o mal. Por outro lado o Senhor diz: "Raça de víboras, como podeis falar cousas boas, sendo maus? porque a boca fala do que está cheio o coração... Digo-vos que toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no dia de juízo; porque pelas tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras serás condenado" (Mt. 12:34, 36-37). Isto implica dizer que há uma diferença entre palavras e pensamentos. O pensamento pode permanecer encoberto, mas uma vez proferida a palavra, tudo fica desnudo. Os cristãos de hoje perdem o seu poder tanto através da boca quanto dos atos; não, perdem muito mais através da boca. Todos os rebeldes têm problemas com suas bocas. Todos aqueles que não podem controlar suas palavras não podem controlar a si mesmos.

Deus repreende fortemente os rebeldes
Leia novamente 2 Pedro 2:12: "Esses, todavia, como brutos irracionais, naturalmente feitos para presa e destruição." Será que pode haver palavras de repreensão mais fortes na Bíblia do que estas que se encontram aqui? Por que repreendê-los como a animais? Porque são tão insensíveis. Uma vez que a autoridade constitui a coisa mais importante de toda a Bíblia, rebelar-se contra ela constitui o mais grave dos pecados. Nossa boca não deveria falar inadvertidamente. Tão-logo travamos conhecimento com Deus nossa boca deveria sofrer restrições; não deveríamos nos atrever a replicar às autoridades. O encontro com a autoridade cria em nós uma consciência de autoridade exatamente como o encontro com o Senhor nos torna conscientes do pecado.

      As dificuldades na igreja geralmente derivam de palavras injuriosas
Falar inadvertidamente é o grande responsável pela quebra da união da igreja e pela perda de poder. Provavelmente a maioria das dificuldades na igreja de hoje se devem principalmente às palavras injuriosas; só uma parte diminuta das dificuldades são verdadeiros problemas. Na realidade, a maioria dos problemas deste mundo foram criados através de mentiras. Se na igreja pudermos deixar de falar mal uns dos outros eliminaremos a maior parte de nossas dificuldades. Como precisamos confessar nossos pecados diante de Deus e pedir o seu perdão! Todas as nossas palavras injuriosas devem ser cuidadosas e totalmente limitadas diante de Deus. "Acaso pode a fonte jorrar do mesmo lugar o que é doce e o que é amargoso?" (Tiago 3:11) Não deveriam sair dos mesmos lábios palavras de amor e palavras injuriosas. Que Deus envie um guarda para os nossos lábios, e não só para os lábios mas também para o nosso coração, para que sejamos libertados dos pensamentos de rebeldia e das palavras injuriosas. Que as palavras injuriosas se afastem para sempre de nós!

2. RAZÃO
E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de Deus quanto à eleição prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama), já lhe fora dito a ela: 0 mais velho será servo do mais moço. Como está escrito: Amei a Jacó, porém me aborreci de Esaú. Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum. Pois ele diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão. Assim, pois, não depende de quem quer, ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia. Porque a Escritura diz a Faraó: Para isto mesmo te levantei, para mostrar em ti o meu poder, e para que o meu nome seja anunciado por toda a terra. Logo, tem ele misericórdia de quem quer, e também endurece a quem lhe apraz. Tu, porém, me dirás: De que se queixa ele ainda? Pois quem jamais resistiu à sua vontade? Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro para desonra? Que diremos, pois, se Deus querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição, a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de antemão, os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios? (Rm. 9.11-24).

A injúria vem da razão
A rebeldia do homem contra a autoridade se manifesta em palavras, razão e pensamento. Se não reconhece a autoridade dirá palavras injuriosas; tais palavras geralmente brotam do seu raciocínio. Cão tinha suas razões para injuriar seu pai, pois Noé estava nu. Miriã falou contra Moisés com base no fato de seu irmão ter se casado com a mulher cusita. Aquele que se sujeita à autoridade, entretanto, vive sob a autoridade não com a razão. Coré e seu grupo de duzentos e cinquenta líderes rebelaram-se contra Moisés e Arão dizendo: "Toda a congregação é santa, cada um deles é santo, e o Senhor está no meio deles; por que, pois, vos exaltais sobre a congregação do Senhor?" (Nm. 16:13). Eles tinham também suas razões; palavras injuriosas como essas geralmente são produzidas pelo raciocínio. Datã e Abirão parece que tinham razões ainda mais fortes; responderam a Moisés dizendo: "Nem tão pouco nos trouxeste a uma terra que mana leite e mel, nem nos deste campos e vinhas em herança; pensas que lançarás pó aos olhos destes homens?" (versículo 14). O que queriam dizer era que seus olhos podiam ver mais claramente a aparência da terra se estivessem lá. Quanto mais raciocinavam, mais fortes razões tinham para desconfiar que Moisés não era quem parecia ser. A razão não pode permitir a reflexão, uma vez que só se agrava mais através desta. As pessoas deste mundo vivem segundo a razão. Onde está, então, a diferença entre nós e o povo do mundo se nós também vivemos nesse reino? Seguir o Senhor exige libertação da razão É a pura verdade que precisamos arrancar os olhos de nossa razão para podermos seguir o Senhor. O que governa nossas vidas? É a razão, ou a autoridade? Quando uma pessoa é iluminada pelo Senhor fica cega com a luz, e sua razão é colocada de lado. Paulo ficou cego sob a grande luz na estrada de Damasco; deixou de se guiar por sua própria razão.
Moisés jamais arrancou seus olhos, não obstante agia como se estivesse cego. Ele tinha seus argumentos a suas razões, mas em obediência a Deus vivia acima da razão. Aqueles que estão sob a autoridade de Deus não vivem segundo a vista. Os servos de Deus devem libertar-se da vida da razão. A razão é a primeira causa da rebeldia; portanto não pode haver nenhum controle sobre nossas palavras se primeiro não resolvermos totalmente o problema da razão. Se uma pessoa não for libertada pelo Senhor da escravidão da razão, mais cedo ou mais tarde pronunciará palavras injuriosas. Parece fácil falar sobre o livramento da vida da razão. Mas, se somos seres racionais, como podemos evitar discutir com Deus? Parece muito difícil. Raciocinamos desde a infância até a idade adulta, desde o nosso estado de incrédulos até o presente momento. O princípio básico de nossa vida é o raciocínio. Como então acabar com isto? Para acabar é preciso sacrificar literalmente a própria vida de nossa carne! Por isso há duas categorias de cristãos: aqueles que vivem no nível da razão e aqueles que vivem no nível da autoridade.
Vamos fazer a pergunta: Onde estamos vivendo hoje? Quando recebemos uma ordem de Deus, será que paramos para examinar a questão e ver se existem motivos suficientes para fazer aquilo? Oh! Isto não passa de uma manifestação da árvore do conhecimento do bem e do mal. O fruto dessa árvore governa não só nossos negócios pessoais, mas até mesmo as coisas resolvidas por Deus têm de passar através de nossa razão e julgamento. Pensamos por Deus e decidimos o que Deus deveria pensar. Sem dúvida, este é o princípio de Satanás, pois ele não deseja ser igual a Deus? Todos aqueles que realmente conhecem a Deus obedecem a ele sem argumentação; aí não há possibilidade de misturar a razão com a obediência. Se alguém deseja aprender a obediência tem de deixar de lado a razão. Ou viverá pela autoridade de Deus ou pela razão humana — é absolutamente impossível viver através de ambas. A vida terrena do Senhor Jesus foi totalmente acima da razão. Que razão poderia haver para a desgraça, os açoites e a crucificação que ele sofreu? Mas ele submeteu-se à autoridade de Deus; ele nem sequer argumentou ou perguntou; ele só obedeceu! Viver sob o domínio da razão é tão complicado! Pense nas aves do ar e nos lírios do campo. Com que simplicidade eles vivem! Quanto mais nos submetemos à autoridade, mais simples nossas vidas se tornam. Em Romanos 9, Paulo provou aos judeus que Deus também chama os gentios. Ele dá a entender que dos descendentes de Abraão só Isaque foi escolhido e da semente de Isaque só Jacó foi escolhido. Tudo está de acordo com a eleição de Deus. Portanto, por que Deus não deveria escolher os gentios? Ele pode exercer misericórdia com quem ele quiser e ter compaixão de quem quiser. Ele ama o Jacó traiçoeiro e odeia o Esaú honesto (pelo menos é o que os homens supõem). Ele até endurece o coração de Faraó. Será que é injusto por causa disso? Mas Deus está assentado no trono da glória acima dos homens e estes estão sujeitos à sua autoridade. Quem é você, partícula de pó, para argumentar com Deus?
Ele é Deus e tem autoridade para fazer o que deseja. Não podemos segui-lo de um lado e, do outro, exigir a revelação dos motivos. Se quisermos servi-lo, não devemos argumentar. Todos aqueles que se encontram com Deus têm de jogar fora o seu raciocínio. Temos de permanecer tão-somente no solo da obediência. Não vamos interferir através de nossos argumentos, tentando ser conselheiros de Deus. Vamos ouvir o que Deus declara: "Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia." Quão preciosa é a palavra "vontade"! Vamos adorar a Deus. Ele jamais argumenta; ele simplesmente faz o que deseja fazer. Ele é o Deus da glória. Paulo também atesta: "Assim, pois, não depende de quem quer, ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia. Porque a Escritura diz a Faraó: Para isto mesmo te levantei, para mostrar em ti o meu poder, e para que o meu nome seja anunciado por toda a terra. Logo, tem ele misericórdia de quem quer, e também endurece a quem lhe apraz" (Rm. 9:16-18). Endurecer seu coração não significa fazê-lo pecar; simplesmente significa desistir dele (veja Rm. 1:24, 26, 28). Paulo, prevendo que aqueles aos quais escrevia poderiam objetar, antecipa-se dizendo: "Tu, porém, me dirás: De que se queixa ele ainda? Pois quem jamais resistiu à sua vontade?" (versículo 19). Muitos concordariam que o raciocínio acima é tremendamente forte. Paulo também reconhece a força de tal argumento. Por isso ele prossegue: "Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim?" (versículo 20). Ele não responde ao argumento deles; pelo contrário, faz-lhes uma pergunta: "Quem és tu?" Ele não diz: "O que tu dizes?" Só pergunta: "Quem és tu para discutires com Deus?" Quando Deus exerce autoridade não precisa consultar ninguém nem procurar aprovação. Simplesmente exige que se obedeça à sua autoridade e se reconheça que, se vem de Deus, é coisa boa. Os homens sempre gostaram de discutir; mas não poderíamos perguntar: Há algum bom motivo para sermos salvos? Não existe razão alguma. Eu nunca desejei nem lutei, mas estou salvo. É a coisa mais irracional que jamais aconteceu. Mas Deus terá misericórdia de quem quiser. O oleiro tem o direito de fazer do mesmo bolo de barro um vaso lindo e outro para fins corriqueiros. É uma questão de autoridade, não uma questão de raciocínio. A dificuldade básica conosco, os homens de hoje, é que ainda vivemos sob o princípio do bem e do mal, sob o poder da razão. Se a Bíblia fosse um livro de argumentos, então certamente poderíamos discutir tudo. Mas em Romanos 9 Deus abre uma janela do céu e nos ilumina, não argumentando conosco, mas fazendo-nos uma pergunta: "Quem és tu?

A glória de Deus liberta da razão
Não é fácil para os homens libertarem-se das palavras injuriosas; ainda é mais difícil ver-se livre do raciocínio. Quando eu era jovem, frequentemente me ofendia pelas coisas exorbitantes que Deus fazia. Mais tarde li Romanos 9 e pela primeira vez em minha vida percebi um pouco da autoridade de Deus. Comecei a perceber quem eu era — apenas um ser criado por ele. Como me atrevia a lhe responder com minhas mais razoáveis palavras? Aquele que está acima de tudo vive numa glória inatingível. O vislumbre de uma fração de sua glória nos poria de joelhos e nos levaria a jogar fora nossos argumentos. Só aqueles que vivem muito distantes podem ser soberbos; aqueles que estão sentados nas trevas podem viver pelo raciocínio. Mas ninguém em todo o mundo é capaz de se ver verdadeiramente através da luz de sua própria combustão. Mas logo que o Senhor lhe concede um pouquinho de luz e permite que veja um pouquinho da glória de Deus, então ele cai como se estivesse morto — exatamente como o apóstolo João de antigamente. elimina o conhecimento do bem e do mal que veio através de Adão. Depois disso torna-se relativamente fácil obedecermos.

     "Eu sou o Senhor vosso Deus" — Eis a razão
Em Levítico 18-22, cada vez que Deus ordena certas coisas ao povo de Israel, introduz a frase: "Eu sou o Senhor vosso Deus." Esta nem sequer é antecedida pela conjunção "pois". Significa: "Falei assim porque sou o Senhor vosso Deus. Eu não preciso apresentar minhas razões. Eu, o Senhor, sou a razão." Se você entender isto jamais será capaz de viver novamente pela razão. Você terá desejo de dizer a Deus: "Ainda que no passado eu tenha vivido pela mente e pela razão, agora me inclino e te adoro; qualquer coisa que tenhas feito é suficiente para mim, porque foste tu que o fizeste." Depois que Paulo caiu na estrada de Damasco, seu raciocínio todo foi posto de lado. A pergunta que fez foi: "O que queres que eu faça, Senhor?" Instantaneamente colocou-se em sujeição ao Senhor. Ninguém que conhece a Deus argumentará, pois a razão é julgada e posta de lado pela luz. Argumentar com Deus implica que Deus necessita obter nosso consentimento para tudo o que faz. Isto é loucura consumada. Quando Deus age não tem nenhuma obrigação de nos contar os motivos, porque os seus caminhos são mais altos que os nossos caminhos. Se tentamos rebaixar Deus e fazê-lo discutir conosco, nós o perderemos porque o transformamos num igual. Na argumentação não teremos adoração. Tão-logo a obediência se ausenta, desaparece a adoração. Julgando Deus com a nossa razão, nós mesmos nos estabelecemos por deuses. Onde, então, fica a diferença entre o oleiro e o barro? Será que o oleiro precisa pedir consentimento ao barro para fazer seu trabalho? Que o glorioso aparecimento do Senhor ponha um fim a toda nossa argumentação!

CAPÍTULO 10
As manifestações da rebeldia do homem
(continuação)

2.      PENSAMENTOS
 Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e, sim, poderosas em Deus, para destruir fortalezas; anulando sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo; e estando prontos para punir toda desobediência, uma vez completa a vossa submissão (2 Co. 10:b-6).

O elo entre a razão e o pensamento
O homem manifesta sua rebeldia não apenas em palavras e raciocínio mas também em pensamentos. Palavras rebeldes brotam de um raciocínio rebelde, e o raciocínio por sua vez trama o pensamento. Portanto o pensamento é o fator central na rebeldia. 2 Coríntios 10:4-6 é uma das mais importantes passagens da Bíblia, porque, nestes versículos, o setor particular no homem onde se exige obediência a Cristo tem destaque especial. O versículo 5 diz: "levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo". Isto dá a entender que a rebeldia do homem jaz basicamente no seu pensamento. Paulo menciona que temos de destruir argumentações e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus. O homem gosta de edificar raciocínios como fortalezas à volta do seu pensamento, mas tais raciocínios têm de ser destruídos e o pensamento tem de ser cativo.
As argumentações devem ser deixadas de lado, mas o pensamento tem de ser reconduzido. Na guerra espiritual, as fortalezas têm de ser tomadas de assalto para que o pensamento seja levado cativo. Se as argumentações não são jogadas fora, não há possibilidade de reconduzir o pensamento do homem à obediência de Cristo. A frase "toda altivez", no versículo 5 é "todo edifício alto" no original. Do ponto de vista de Deus, as argumentações humanas são como um arranha-céu, obstruindo o seu conhecimento. Logo que o homem começa a raciocinar, seus pensamentos ficam sitiados e perde a liberdade de obedecer a Deus, uma vez que a obediência é uma questão de pensamento. A razão expressa externamente transforma-se em palavras, mas quando as argumentações se escondem dentro, cercam o pensamento e o paralisam para que não obedeça.
O hábito do homem de argumentar é tão sério que não pode ser resolvido sem uma batalha. Mas Paulo não usou a razão para lutar contra a razão. A inclinação mental para argumentar tem de ser derrotada com armas espirituais, isto é, o poder de Deus. É Deus que luta contra nós, pois nos tornamos seu inimigo. Nosso hábito mental de argumentar é algo que herdamos da árvore do conhecimento do bem e do mal, mas como são poucos os que percebem quanta dificuldade as nossas mentes proporcionam a Deus! Satanás emprega toda sorte de argumentações para nos escravizar a fim de que nos tornemos inimigos de Deus, em lugar de sermos subjugados por ele. Gênesis 3 exemplifica 2 Coríntios 10. Satanás argumentou com Eva, e Eva, vendo que a árvore era boa para alimento, reagiu com argumentação. Ela não deu ouvidos a Deus, pois tinha suas razões. Quando a razão aparece, o pensamento do homem cai numa armadilha. A razão e o pensamento estão intimamente ligados; o primeiro tende a derrotar o segundo. E uma vez cativa a mente, o homem encontra-se impossibilitado de obedecer a Cristo. Segue-se, portanto, que se realmente desejamos obedecer a Deus, temos de saber como a autoridade de Deus destrói as fortalezas da razão.

Recapturando a mente cativa

No Novo Testamento grego a palavra "noema" ("noemata" no plural) foi usada seis vezes: Filipenses 4:7; 2 Coríntios 2:11, 3:14, 4:4, 10:5 e 11:3. Foi traduzido em português por "mente", "desígnios", "sentidos", "entendimento", "pensamento" e "mente", respectivamente — significando "os desígnios da mente". A "mente" é a faculdade; o "desígnio" é sua ação — o produto da mente humana. Através da faculdade da mente o homem pensa e decide livremente, e isto representa o próprio homem. Assim, se alguém deseja preservar sua liberdade, tem de dizer que todos os seus pensamentos são bons e correios. Não se atreve a expô-los à interferência e, portanto, deve cercá-los com muitas argumentações. Eis por que os homens falham em crer no Senhor: ficam frequentemente aprisionados na fortaleza de alguma argumentação.
Um incrédulo pode dizer: "Vou esperar até ficar bem velho"; ou "Muitos cristãos não se comportam bem. Por isso não posso crer"; ou "Não agora. Vou esperar até que meus pais morram. Semelhantemente, há razões que os crentes apresentam para não amar o Senhor: os estudantes dirão que estão ocupados demais com seus estudos; os homens de negócios ocupados demais com seus negócios; o doente acha que sua saúde é fraca demais, e assim por diante. Se Deus não destruir essas fortalezas os homens jamais ficarão livres.Satanás aprisiona os homens através das fortalezas dos argumentos? A maioria dos homens está por trás de tantas linhas de defesa que eles são incapazes de atravessá-las para a liberdade. Só a autoridade de Deus pode levar cativo cada pensamento para obedecer a Cristo. Para reconhecer a autoridade, as argumentações humanas têm de ser primeiramente lançadas ao chão. Só depois que o homem começa a ver que Deus é Deus conforme declarado em Romanos 9 é que suas argumentações são destruídas. E quando as fortalezas de Satanás são destruídas, nenhuma argumentação permanece e os pensamentos humanos podem ser então levados cativos para obedecer a Cristo. Só depois que seus pensamentos são recapturados é que o homem pode verdadeiramente obedecer a Cristo.
Podemos perceber se alguém já tomou conhecimento da autoridade observando se as suas palavras, argumentos e pensamentos já foram devidamente reestruturados. Quando uma pessoa depara com a autoridade de Deus sua língua não se atreve a agitar-se livremente, suas argumentações e, mais profundamente, seus pensamentos já não podem mais ser livremente expressos. Naturalmente, o homem tem numerosos pensamentos, todos fortalecidos com muitas argumentações.
Mas tem de vir um dia quando a autoridade de Deus derruba todas as fortalezas da argumentação que Satanás levantou a recaptura todos os pensamentos do homem para torná-lo um escravo espontâneo de Deus. Então já não pensa mais independentemente de Cristo; é totalmente obediente a ele. Isto é libertação total. Aquele que ainda não tomou conhecimento da autoridade geralmente aspira a ser conselheiro de Deus. Tal pessoa não tem os seus pensamentos recapturados por Deus. Aonde quer que vá, seu primeiro pensamento é como melhorar a situação. Seus pensamentos jamais foram disciplinados, pois suas argumentações são tantas e tão incessantes. Temos de permitir que o Senhor faça em nós uma operação de corte, penetrando nas profundezas íntimas de nossos pensamentos até que sejam todos tomados cativos por Deus. Depois reconheceremos a autoridade de Deus e não nos atreveremos a livremente argumentar ou aconselhar. Agimos como se existissem duas pessoas no universo que são oniscientes: Deus e eu. Eu sou um conselheiro que sabe tudo! Tal atitude indica claramente que meus pensamentos precisam ser recapturados, que não sei nada sobre a autoridade. Se eu fosse alguém cujas fortalezas da argumentação estivessem realmente tomadas pela autoridade de Deus, não ofereceria mais conselhos, nem teria interesse em fazê-lo. Meus pensamentos ficariam subordinados a Deus, e eu já não seria mais uma pessoa livre. (A liberdade natural é o solo para o ataque de Satanás; tem de ser renunciada.) Eu deveria estar pronto a ouvir.
 Os pensamentos do homem são controlados por um de dois poderes: pela argumentação ou pela autoridade de Cristo. Na verdade, ninguém neste universo pode exercer livremente sua vontade, porque ou é cativo das argumentações ou tomado por Cristo. Consequentemente, ou serve a Satanás ou serve a Deus.
Se um irmão reconhece ou não a autoridade, pode ser facilmente percebido observando-se o seguinte:
1) se pronuncia palavras rebeldes,
2) se argumenta diante de Deus, e
 3) se oferece muitas opiniões.
A derrota da argumentação é simplesmente o aspecto negativo; sua sequência positiva é ter todos os pensamentos cativos para obedecer a Cristo de modo que não oferece mais sua própria opinião independente. Antes eu tinha muitos argumentos para sustentar meus muitos pensamentos; mas agora não tenho mais nenhum argumento pois fui capturado. Um cativo não tem liberdade; quem prestaria atenção à opinião de um escravo? Um escravo tem de aceitar os pensamentos de outra pessoa, não oferecer sua própria opinião. Consequentemente, nós, os que fomos capturados por Cristo, estamos prontos a aceitar os pensamentos de Deus e não a oferecer qualquer conselho que seja nosso.

Advertências aos opiniosos.
1. PAULO
Em seu estado natural, Paulo era uma pessoa inteligente, capaz, sábia e racional. Sempre podia descobrir um meio de fazer as coisas, era confiante e servia a Deus com todo o seu entusiasmo. Mas, quando liderava um grupo de pessoas a caminho de Damasco para aprisionar os cristãos ali, foi derrubado ao solo por uma grande luz. Naquele momento, todas as suas intenções, modos e capacidade foram dissolvidos. Não retornou a Tarso nem voltou a Jerusalém. Não só abandonou sua tarefa em Damasco mas também jogou fora todos os seus motivos. Muitas pessoas, quando encontram dificuldades, mudam de direção, tentando primeiro este caminho e então aquele; mas, não importa o que façam, continuam agindo de acordo com suas próprias idéias e modos. São tolas e não caem segundo o golpe desferido por Deus. Embora Deus as prostrasse naquele assunto em particular, não aceitam a derrota de suas argumentações e pensamentos. Assim, muitos podem realmente ter bloqueada sua estrada para Damasco, enquanto se mantêm em seu caminho para Tarso ou Jerusalém. Não foi o que aconteceu com Paulo. Uma vez abatido, perdeu tudo. Não podia mais dizer ou pensar coisa alguma. Não sabia mais nada. "Que devo fazer, Senhor?" perguntou. Encontramos aqui um cujos pensamentos foram cativados pelo Senhor e que obedeceu nas profundezas do seu coração. Antes, fossem quais fossem as circunstâncias, Saulo de Tarso sempre liderava; mas, agora, tendo tomado conhecimento da autoridade de Deus, Paulo perdeu suas opiniões. A principal evidência de que uma pessoa entrou em contato com Deus está no desaparecimento de suas opiniões e esperteza. Que possamos honestamente pedir a Deus que nos conceda a perplexidade produzida pela luz. Paulo parecia dizer: "Sou um homem recapturado por Deus e portanto prisioneiro do Senhor. Chegou a hora de ouvir e obedecer, não de pensar e decidir."

2.        REI SAUL
O rei Saul foi rejeitado por Deus não porque roubasse mas porque poupou o que havia de melhor entre os bois e ovelhas para sacrificá-los ao Senhor. Foi algo que brotou de sua própria opinião — seus próprios pensamentos sobre como agradar a Deus. Sua rejeição foi por causa dos seus pensamentos que não foram capturados por Deus. Ninguém poderá dizer que o rei Saul não foi zeloso em servir a Deus. Não mentiu, uma vez que realmente poupou o melhor entre o gado e as ovelhas. Mas tomou sua própria decisão de acordo com seu próprio pensamento. (Veja 1 Sm. 15.) A inferência é clara: todos os que servem a Deus devem categoricamente refrear suas decisões com base em seus próprios pensamentos; antes, devem executar a vontade de Deus. Devem dizer expectativamente: "Senhor, o que queres que eu faça?" Dizer mais que isso seria totalmente errado. Obedecer é melhor do que sacrificar. Os homens absolutamente não têm o direito de oferecer conselhos a Deus. Quando o rei Saul viu aquelas ovelhas e o gado, desejou poupá-los da morte. Seu coração podia se inclinar para Deus, mas faltava-lhe o espírito da obediência. Um coração que se inclina para Deus não pode substituir a atitude de "eu não me atrevo a dizer coisa alguma"; uma oferta de gorduras não pode suplantar o "não dar opinião". Tendo o rei Saul recusado a destruir todos os amalequitas com suas ovelhas e gado conforme Deus ordenara, deveria ser morto por um amalequita e seu governo terminou assim. Todo aquele que poupa um amalequita em seu próprio pensamento será finalmente aniquilado por um amalequita.

3. NADABE E ABIÚ
Nadabe e Abiú rebelaram-se quanto à oferta porque deixaram de se sujeitar à autoridade de seu pai. Tentaram executar seus próprios pensamentos. Pecaram contra Deus oferecendo fogo estranho; assim ofenderam à administração divina. Embora não falassem nenhuma palavra nem apresentassem motivos, ainda assim queimaram incenso de acordo com suas próprias ideias e sentimentos. Acharam que um culto assim prestado era uma coisa boa; se errassem seria apenas tentando fazer uma coisa boa — isto é, servindo a Deus. Achavam que tal pecado seria insignificante. Mas não sabiam que seriam do seja obediente se a igreja não obedece? Uma igreja desobediente não pode esperar que os incrédulos obedeçam ao evangelho. Mas com uma igreja obediente também surgirá a obediência ao evangelho. Todos nós devemos aprender a aceitar a disciplina para que nossas bocas sejam instruídas no sentido de não falar levianamente, nossa mente a não argumentar, nossos corações a não oferecer conselho. O caminho da glória está exatamente à nossa frente. Deus há de manifestar sua autoridade sobre a terra.


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 Autor: Watchman Nee 
Traduzido por Yolanda M. Krievin
Digitalizado por Luiz Carlos

ISBN 85-7367-136-X Categoria: Crescimento Cristão Este livro foi publicado em inglês com o título Spiritual Authority, por Christian Fellowship Publishers, Inc. © 1972 por Christian Fellowship Publishers, Inc. © 1979 por Editora Vida /" impressão, 1976 IIa impressão, 1993 2 a impressão, 1981 12a impressão, 1996 3 a impressão, 1986 13a impressão, 1997 4 a impressão, 1988 14a impressão, 1998 5 a impressão, 1990 15a impressão, 1999 6 a impressão, 1991 16a impressão, 2000 7" impressão, 1991 17a impressão, 2001 8" impressão, 1991 18a impressão, 2001 9 a impressão, 1992 19a impressão, 2003 10a impressão, 1992 20a impressão, 2004 Todos os direitos reservados na língua portuguesa por Editora Vida, rua Júlio de Castilhos, 280 03059-000 São Paulo, SP— Telefax: (11) 6618-7000 Capa: Valdir Guerra Filiado a: abec SÓCIO Impresso no Brasil, na Imprensa da Fé


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